Exposição da Unesp destaca vida e obra do Mestre Vitalino

Artista de Pernambuco retratou, no século passado, o cotidiano e o folclore do nordeste brasileiro

seg, 12/04/2010 - 12h30 | Do Portal do Governo

O Instituto de Artes (IA) da Unesp, câmpus da Barra Funda, abre nesta segunda-feira, 12,  a exposição “Mestre Vitalino: a terra e o imaginário”. Vitalino Pereira dos Santos é personagem referencial do artesanato figurativo-popular do Brasil. A partir da sua vivência no interior de Pernambuco, suas criações se notabilizaram em exposições realizadas no Rio de Janeiro, em 1947, e em São Paulo, no Masp, em 1949.

Sua obra continua viva na cidade de Caruaru (PE) em consequência da intensa atividade de reprodução e de recriações de suas figuras, em argila. Essa produção artesanal envolve cerca de trezentas pessoas no bairro do Alto do Moura. As obras são comercializadas em todo o Brasil, Estados Unidos e em países da Europa.

Coordenada por Lalada Dalglish e com curadoria de Alberto T. Ikeda, a exposição, que se estenderá até o dia 4 de maio, divulga publicações sobre a vida e a obra do artista, debates e palestras de pesquisadores e algumas das criações de Vitalino e de seus seguidores, revelando o imaginário, as técnicas e o seu tempo e lugar na história da arte popular brasileira.

Biografia

Vitalino Pereira dos Santos nasceu em Caruaru em 10 de julho de 1909 e morreu em 20 de janeiro de 1963. Seu pai era roceiro. Apesar de sua fama, Vitalino viveu modestamente. Aos seis anos, começou a modelar pequenos animais com as sobras do barro usado por sua mãe que, além de cuidar da casa e ajudar no roçado, era, assim como outras mulheres, “louceira de barro”, ou seja, produzia também utensílios domésticos (panelas, potes, jarros, pratos etc).

Em 1930, aos 21 anos, Vitalino passou a modelar grandes grupos de figuras humanas. A partir de 1935, produziu as “peças de novidade”, começando com a procissão, depois a casa de farinha, o batizado, o casamento no mato. Seus temas trazem o realismo, assim como o sagrado, o mítico, as festas populares.

Mudou-se para o Alto do Moura, em Caruaru, no final de 1940. Uma das suas primeiras peças a conquistar o sucesso comercial foi o caçador de maracajá, comprada por uma senhora de Recife, que pediu para fazer mais cinco iguais para a semana seguinte. 

Em 1947, passou a utilizar um carimbo de identificação com as iniciais VPS. Até essa época fazia os olhos das figuras “de buraco”. Em 1949, usou um carimbo com o nome Vitalino (por sugestão de “um dotô de Recife”). Antes já “desenhava” as iniciais com lápis ou tinta preta.

A partir de 1956, deixou de pintar suas figuras por sugestão de pesquisadores e intelectuais. A variedade de temas chegou a cerca de 130 peças (alguns pesquisadores dizem que são 118). Gostava de contar as histórias daquilo que modelava. Algumas vezes apenas retratou fielmente a realidade; em outras ocasiões, manifestou a sua intenção humorística (A véia tirando pulga de bicho de pé do véio), e em outras, ainda, uma veia moralizadora (a mulher bêbada e o diabo, o ladrão de bode, etc). Sua peças mais recentes, como a série de profissões (médico, veterinário, dentista, fotógrafo) revelaram o impacto da nova tecnologia na vida do interior.

Também foi músico reconhecido, tocador de pífano (espécie de flauta), pois gostava de “foliar” nas festas, tocando na banda de pífanos. Vitalino teve seis filhos, com a esposa Maria da Conceição: Amaro (1934), Manuel (1935), Maria (1938), Severino (1940), Antonio (1943-1977) e Maria José (1948). Apenas Severino continua na cerâmica.

Suas peças podem ser encontradas no Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco (Recife – PE); Museu Castro Maya; Museu Théo Brandão (Maceió – AL); Museu Nacional de Belas Artes, do MinC (RJ); e coleções particulares. 

Serviço
Exposição “Mestre Vitalino: a terra e o imaginário”
Local: Galeria de Artes do IA: Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271 – Barra Funda
Telefone: 3393-8531
Horário de visitação: de segunda a sexta, das 9 às 18 horas e, aos sábados, das 9 às 14 horas

Da Unesp