Evento em SP debate como avaliação de impacto ajuda a aprimorar programas de pesquisa

Workshop com especialistas foi realizado na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, na capital

ter, 25/02/2020 - 19h40 | Do Portal do Governo
DownloadDivulgação/Agência Fapesp/André Julião

A sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na capital, foi palco em 13 de fevereiro do UK-FAPESP Workshop: Science and Innovation Impact Evaluation, evento que debateu as avaliações de impacto, instrumentos essenciais para o aprimoramento dos programas de pesquisa e do financiamento da ciência.

A iniciativa reuniu especialistas na área para o debate sobre estratégias para realizar esses levantamentos. “Temos a expectativa de que este workshop colabore para o avanço das avaliações de impacto, além de reforçar as conexões entre a Fapesp e seus parceiros internacionais”, afirmou à Agência Fapesp Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da fundação, durante a abertura do evento.

O encontro foi coordenado por Sergio Luiz Monteiro Salles Filho, professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador de Avaliação de Programas da Fapesp. Participaram da ação pesquisadores do Brasil, Reino Unido e Estados Unidos.

“O histórico de avaliação de impacto em Ciência, Tecnologia e Inovação começa nas décadas de 1970 e 1980, quando aumenta a necessidade, do ponto de vista de políticas públicas, de obter informações que permitam gerir os programas de pesquisa. Inicialmente, era algo próximo a uma prestação de contas, que contemplava apenas a dimensão científica. Com o tempo, outras dimensões passam a ser consideradas, entre elas, os impactos sociais”, ressaltou à Agência Fapesp Adriana Bin, professora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp e coordenadora associada do Laboratório de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Lab-Geopi).

Programas

A pesquisadora Adriana Bin apresentou um dos projetos conduzidos no Lab-Geopi, no qual foram avaliados os programas de iniciação científica, mestrado e doutorado da Fapesp. Para isso, os cientistas coletaram e cruzaram dados em diferentes bases.

“A cooperação do nosso grupo com a Fapesp vem de muito tempo. Este é o terceiro ciclo de avaliação que fizemos com a fundação. A avaliação das bolsas foi uma das mais desafiadoras, justamente por usar apenas dados secundários. O grande desafio foi obter as bases e integrá-las para gerar esses resultados, que mostram o impacto positivo da Fapesp na carreira do bolsista”, completou a cientista.

Jonatan Pinkse, professor do Manchester Institute of Innovation Research, da University of Manchester, do Reino Unido, ressaltou como as diversas métricas usadas para avaliar pesquisas, pesquisadores e instituições precisam ser adotadas com cautela. Segundo o docente, toda métrica importa, mas é preciso olhar cada caso com atenção.

“Depende realmente de que tipo de avaliação será feita. Quando se está avaliando uma proposta de pesquisa, por exemplo, algumas métricas podem não fazer diferença. Se a revisão por pares mostra que a proposta é de alta qualidade, não importa se o pesquisador não tem um perfil impecável no Google Acadêmico, pois talvez ele estude algo muito novo. Já quando se quer avaliar uma instituição a partir do que seus pesquisadores têm feito em termos de pesquisa de alto impacto, o Google Acadêmico pode ser importante. Mas, provavelmente, uma combinação de diferentes métricas funcione melhor do que apenas uma isoladamente”, disse à Agência Fapesp.

Portfólios

Nicholas Vonortas, professor da George Washington University, dos Estados Unidos, destacou a importância de avaliar os portfólios de pesquisa das instituições.

“Uma agência de amparo à pesquisa, uma universidade ou uma empresa, por exemplo, têm um portfólio de projetos de pesquisa. Essas organizações não olham apenas iniciativas individuais, mas como elas trabalham em conjunto. Por esse ângulo, o critério para selecionar um projeto pode ser diferente”, enfatizou à Agência Fapesp o pesquisador, que coordena o projeto “Inovação em sistemas: estratégia organizacional e governança de políticas de pesquisa e inovação” no Instituto de Geociências da Unicamp, apoiado pela Fapesp na modalidade São Paulo Excellence Chair (SPEC).

“No fim das contas, o contribuinte ou quem quer que forneça os recursos para financiamento da ciência está interessado no portfólio, não em projetos isolados. Portanto, estar apto a avaliar o próprio portfólio é muito importante”, acrescentou.

O evento também teve a presença de Fernando Colugnati, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora; Kate Barker, pesquisadora do Manchester Institute of Innovation Research, da University of Manchester; e Cindy Parker, gerente regional de Ciência e Inovação na América Latina da Embaixada Britânica no Brasil.