Estudo do HC revela que obesidade infantil pode adiantar em até 20 anos problemas cardiovasculares

Alimentação saudável e prática de exercícios devem ser inseridas na primeira infância

seg, 28/09/2009 - 14h00 | Do Portal do Governo

A obesidade na infância e na adolescência pode antecipar de 10 a 20 anos a manifestação de doenças cardiovasculares. De acordo com o cardiologista e diretor da Unidade Clínica de Dislipidemias do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), Raul Dias dos Santos, a criança acima do peso ideal pode desenvolver a síndrome metabólica. 

Nessa condição, a obesidade acarreta, com o tempo, outras disfunções no organismo, como o aumento progressivo da pressão arterial e dos níveis de triglicérides e de glicose no sangue. “A síndrome é uma bomba-relógio que pode causar precocemente o aparecimento de diabetes e de doenças do coração e dos vasos”, alerta o médico.  

Segundo o cardiologista, devido ao sedentarismo e à alimentação incorreta, a aceleração do processo de aterosclerose já pode se manifestar em jovens na faixa etária dos 18 anos. A aterosclerose se caracteriza pelo envelhecimento natural de vasos e de artérias do organismo. Quando atinge níveis elevados, pode levar à obstrução dessas vias de passagem do sangue e, em consequência, a infartos em órgãos importantes, como o coração e o cérebro. A aterosclerose pode ser detectada nessa faixa etária pelo ultrassom das artérias do pescoço (carótidas). Se o exame identificar alterações precoces nessas artérias do pescoço, é um indicador importante do desenvolvimento da doença cardiovascular. 

Por isso, é recomendável que, além de manter o peso em níveis ideais, crianças a partir de 10 anos dosem o colesterol. Com isso, evitam-se complicações futuras. “Em crianças que possuem histórico de doenças cardíacas na família, a medição do colesterol deve ser feita logo aos dois anos de idade”, observa. 

Para diminuir os riscos de doenças cardiovasculares, uma alimentação saudável e a prática de exercícios devem ser inseridas já na primeira infância. “É nessa fase que você deve implantar hábitos saudáveis”. O médico lembra, ainda, que a partir de dois anos de idade, alguns alimentos como leite e queijo devem ser reduzidos e trocados por gorduras vegetais. 

A nutricionista do Serviço de Nutrição e Dietética do Incor, Juliana Maldonado, ressalta que a alimentação das crianças deve ser rica em frutas, verduras e legumes. No entanto, como a maioria delas reluta em comer esses alimentos, a nutricionista dá algumas dicas: “A mãe deve diversificar as formas de preparo, ou também pode variar a forma de apresentação do prato, tornando-os mais atrativos.” Outra dica da nutricionista é incentivar a criança a participar do preparo dos pratos ou também levá-la à feira ou ao supermercado, para despertar o interesse nesses alimentos. 

Bolachas recheadas, salgadinhos industrializados e refrigerantes em geral são inimigos da boa alimentação, devido ao alto índice de gordura e de açúcar que esses produtos contêm. “São alimentos muito consumidos pelas crianças e que podem levar à síndrome metabólica e, no futuro, a problemas cardiovasculares”, destaca a nutricionista. 

Da Secretaria da Saúde