Estudo do HC revela que 17% dos pacientes com HIV têm alguma complicação óssea

Principais problemas dos pacientes com HIV são osteopenia, osteoporose e osteonecrose

seg, 27/09/2010 - 14h00 | Do Portal do Governo

Levantamento realizado pelo Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), ligado à Secretaria da Saúde, aponta que 17% dos pacientes em tratamento contra o HIV desenvolvem algum tipo de complicação óssea.  Entre os fatores apontados para o surgimento das complicações estão a presença do vírus nos ossos e o uso contínuo de medicamentos pelos pacientes com Aids.

Segundo a médica infectologista Ana Lúcia Munhoz Lima, uma das coordenadoras do ambulatório do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do HC que atende portadores do vírus da Aids com problemas ortopédicos, diversos fatores podem ser responsáveis pelas alterações osteoarticulares. “Entre eles, estão a presença de vírus nos ossos, o uso do coquetel de tratamento, o sedentarismo e, até mesmo, questões genéticas”, alerta.

“É preciso ter atenção, pois pequenas queixas ortopédicas, se não tratadas precocemente, podem gerar graves complicações aos pacientes soropositivos”, diz a infectologista, que coordena o ambulatório em parceria com o ortopedista Gilberto Camanho.

Entre os principais problemas ósseos apresentados por soropositivos, que usam antirretroviral há mais de dez anos, estão a osteopenia (diminuição da densidade mineral), osteoporose e osteonecrose – principalmente do quadril. “O número de casos de osteonecrose é maior do que na população em geral e, devido ao diagnóstico tardio, a única opção de tratamento é a colocação de próteses articulares”, aponta a médica.

Próteses

O grupo vem tratando os pacientes com próteses de quadril, providas pelo Programa Estadual de DST/AIDS. As cirurgias são realizadas no Centro Cirúrgico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. “As dores iniciais não devem ser relevadas e sim investigadas”, ressalta, acrescentando que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores e mais simples as chances de tratar.

Os pacientes do ambulatório chegam encaminhados pela Casa da Aids do HC ou pelo Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo. Ao todo, já foram realizados 2.200 atendimentos e, atualmente, existem 400 pacientes fixos.

O Brasil tem cerca de 700 mil pessoas contagiadas pelo vírus HIV, sendo que menos da metade sabe que é portadora. “Antes, a doença matava muito rápido. Hoje, com a expectativa de vida prolongada, estamos conhecendo outros problemas que ela acarreta, como os ortopédicos”, explica Ana Lúcia.

Para conscientizar os soropositivos da necessidade de cuidar dos ossos e das articulações, médicos do IOT têm levado informação a outros estados do Brasil. “Além da conscientização dos pacientes, já treinamos médicos no Rio de Janeiro, Brasília e em alguns outros hospitais de São Paulo, por meio do Programa Nacional DST / Aids”, destaca a médica, enfatizando que os treinamentos continuarão por outras regiões brasileiras.

Da USP e do Hospital das Clínicas