Estudo com apoio da Unicamp é publicado em revista científica internacional

Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas participou de pesquisa sobre tratamento do câncer de próstata

qui, 02/08/2018 - 16h39 | Do Portal do Governo

A revista científica The New England Journal of Medicine publicou um estudo que contou com a participação do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa aborda o tratamento via oral de câncer avançado de próstata com uso da droga denominada “enzalutamida”.

O trabalho teve apoio do professor Ubirajara Ferreira, da disciplina de Urologia. Entre os 80 centros mundiais que participam da iniciativa, a unidade da Unicamp foi a segunda em número de pacientes, atrás apenas da Dinamarca.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que 60 mil homens são diagnosticados com esse tipo de câncer a cada ano no Brasil, o segundo mais incidente entre os brasileiros do sexo masculino.

Artigos

Vale destacar que a The New England Journal of Medicine é uma das publicações da área mais antigas e importantes do mundo. Até o momento, o comitê científico da revista científica aceitou a publicação de nove artigos de pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da instituição de ensino de Campinas.

O Serviço de Pesquisa Clínica em Urologia Oncológica do HC da Unicamp integrou o estudo randomizado, publicado na edição número 378, de 28 de junho, que avaliou 1.401 pacientes com prostatectomia radical, em cinco continentes.

Segundo o urologista Ubirajara Ferreira, as pesquisas com câncer urológico na Unicamp começaram há pouco mais de oito anos e já se tornaram referência para laboratórios e instituições mundiais detentoras de moléculas para análises clínicas. Para que os projetos ocorressem, era preciso centros de excelência para pesquisas de alto nível bem estruturados e, de preferência, vinculados há uma universidade de ponta. “Aqui, reunimos todos os pré-requisitos”, destaca.

A comprovação científica demonstrou que, em pacientes após a retirada da próstata que apresentaram PSA (marcador tumoral) crescente, o uso da terapia antineoplásica proporcionou uma sobrevida livre de aparecimento de metástases de 36,6 meses contra 14,7 meses no grupo placebo (substância farmocologicamente neutra, administrada a um paciente pelo possível efeito psicológico benéfico).

Indicadores

De acordo com Ubirajara Ferreira, mesmo com a retirada total da próstata, alguma célula cancerígena pode não ser eliminada e a única forma de monitoramento clínico seria através do nível do antígeno específico da próstata (PSA).

Caso o PSA se mantenha zerado ou baixo, a prostatectomia foi realizada com sucesso. “Porém, se o PSA continuar crescendo, é um sinal de câncer de próstata recidivado ou metastático que poderá surgir no futuro em algum outro órgão”, explica o médico.

Urologista e integrante do centro de pesquisa clínica e urologia oncológica do HC, Wagner Eduardo Matheus avalia que pelo menos 30% das cirurgias de retiradas total da próstata podem recidivar. “A nova droga não erradicará o câncer, mas evitará significativamente a progressão e melhorará a sobrevida livre de metástases no paciente”, comenta.

Na avaliação de Ubirajara Ferreira, existem, no Brasil, seis centros de pesquisa clínica e urologia oncológica como o do HC da Unicamp, capazes de cumprir todos os cronogramas de ensaios clínicos de grandes indústrias farmacêuticas globais e estudos multicêntricos. Na América Latina, apenas Argentina, Chile e México possuem estrutura semelhante.