Estudante da Etesp viaja ao Pólo Norte e conhece efeitos do aquecimento global

“O rompimento de uma montanha de gelo bem à nossa frente mostrou o efeito estufa”, contou Bárbara Jéssica Paes

qua, 08/08/2007 - 16h09 | Do Portal do Governo

A viagem promovida pela KBS, TV pública da Coréia do Sul, em parceria com a TV Cultura, que levou estudantes de sete países (Itália, França, Austrália, Japão, Bangladesh, Quênia e Brasil) para verificar in loco os feitos do aquecimento global nas geleiras da Noruega, já tem resultado: o 1,5ºC Down Protocol. Esse documento serve como orientação à população e tem como metas a redução do consumo de recursos energéticos e de água, do uso de combustíveis fósseis, reciclagem de materiais e a adoção de uma vida pró-ambiente. O protocolo foi apresentado aos pedestres que circulavam pelo Covent Garden (Londres) e mostrou que a diminuição de 1,5ºC na temperatura da Terra ajudará a salvar o planeta.

A estudante brasileira Bárbara Jéssica Paes, de 14 anos, integra esse grupo e ajudou na elaboração do protocolo. “Durante nossa viagem a uma pequena ilha na Noruega, para finalizar uma parte do documentário, ouvimos um estrondo muito forte; quando olhamos para o lado, percebemos o desmoronamento de um iceberg na ilha; os blocos de gelo imediatamente aumentaram o volume da água conforme derretiam. É uma imagem que não se consegue esquecer”, disse a jovem.

Outro fator que chamou a atenção dos estudantes foi a falta de ursos polares. “Vi somente raposas e renas”, disse Bárbara. Os pesquisadores explicaram que o volume das águas é um dos fatores que atrapalham o ecossistema ártico e o derretimento do gelo e da neve acabou com o hábitat de muitos animais. As altas temperaturas da água, decorrentes do aquecimento da Terra, estão arruinando a vida marinha da região.

“Esses fatores fizeram com que pensássemos na realização de um documento que ajudasse o cidadão comum a modificar o seu estilo de vida, adotando medidas práticas e fáceis, como o uso racional do carro, a substituição de lâmpadas ou, por exemplo, a troca do ar condicionado por trepadeiras. Descobrimos que esse tipo de planta refrigera a edificação e ajuda na emissão de oxigênio”, explicou Bárbara.

Primeiro obstáculo

A viagem correu conforme planejado, mas não foi sem sustos: algumas horas antes do embarque, os produtores da KBS ligaram para a TV Cultura sugerindo o cancelamento da viagem. Eles estavam preocupados com o noticiário sobre a crise aérea no Brasil e temiam que Bárbara não chegasse a tempo de fazer sua conexão e se integrar ao grupo. Ela deveria encontrá-los em Londres e a diferença de tempo entre a sua chegada e o embarque para Oslo era de apenas uma hora. A TV Cultura montou um plano alternativo, pelo qual a estudante embarcaria mais cedo em um vôo para Paris e, de lá, para Oslo.

Ligações seguidas para a Capitania dos Portos, para as empresas aéreas e para o repórter da TV Cultura em Guarulhos indicavam que o aeroporto estava tranqüilo e o vôo para Londres sairia na hora marcada, às 23h30. A família de Bárbara, por segurança, tratou de chegar ao aeroporto às cinco da tarde. Uma hora antes do embarque, funcionários da empresa aérea encaminharam a estudante diretamente ao avião. Ela foi acompanhada até chegar a Londres.

No horário da chegada, novamente os produtores coreanos ligaram preocupados para o Brasil: o avião havia pousado, mas nem sinal de Bárbara. A TV Cultura ligou para a jovem, no seu celular internacional – e ela, muito esperta, já estava finalizando o check-in para a conexão, junto ao funcionário da empresa aérea que a acompanhava. A produtora da KBS, informada, chegou logo em seguida, e todos seguiram viagem.

Vida alternativa

Durante a viagem, os estudantes conheceram Ny-Alesand, uma comunidade auto-suficiente. Em seu blog (www.tvcultura.com.br/diariodebarbara), Bárbara revela que “um único PC era dividido por todos no grupo”. Diz ainda que a integração entre os membros do grupo ocorreu de maneira harmoniosa. No acampamento, os adolescentes da Coréia do Sul prepararam pratos típicos para os outros integrantes da expedição. “Em troca, preparamos espaguete, já que tínhamos a desculpa de haver um estudante italiano no grupo”, disse a garota.

Durante o trabalho de campo, os estudantes colheram mostras de plâncton e amostras de gelo para análise. O resultado demonstrou que, de fato, os níveis de carbono estão muito altos.

Por ser verão no Pólo Norte, ocorre um fenônemo chamado noite branca ou noite polar. Durante esta época do ano, o sol não se põe. “Temos a sensação de que o dia nunca termina. Como estávamos atarefados, quando eu caía na cama, dormia rapidamente, mas alguns colegas não conseguiram pegar no sono”, lembrou Bárbara.

A volta ao Brasil

A estudante retornou ao País no dia 6 de agosto, levemente resfriada. Disse que os outros jovens participantes da viagem estavam muito preocupados com o que testemunharam no Pólo Norte. O aquecimento global tem apresentado efeitos extremamente negativos em seus países, como enchentes em Bangladesh, queimadas na Austrália e um verão tórrido na Itália e na França. “Resolvemos fazer o protocolo e apresentar à sociedade para que todos os cidadãos tenham consciência do que está acontecendo com o planeta. Não precisamos de grandes ações, algumas bem pequenas, como a mudança em nosso estilo de vida, podem salvar a Terra, basta boa vontade”, finalizou Bárbara.

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Entenda o projeto

Maria Lúcia Zanelli

Da Agência Imprensa Oficial