Estado terá fábrica de produção de vacinas contra rotavírus

A estimativa é aplicar R$ 60 milhões nas duas novas unidades

qui, 26/04/2007 - 21h51 | Do Portal do Governo

O governador José Serra anunciou na tarde desta quinta-feira-feira, 26, a construção de uma fábrica no Instituto Butantan destinada a produzir uma vacina 100% brasileira contra o rotavírus. Serra disse também que o governo estadual começa no segundo semestre deste ano, obras para criar uma unidade com capacidade de produzir hemoderivados.

“Estamos num empenho muito grande no sentido de poder enfrentar as questões da saúde de nossa população em diferentes níveis”, afirmou o governador. A estimativa é aplicar R$ 60 milhões nas duas novas unidades. A iniciativa de construir a fábrica contra o rotavírus colocará fim a importação de vacinas, hoje vindas da Inglaterra.

Serra explicou que o Ministério da Saúde deve participar do projeto. “Estou feliz com a possibilidade dessa parceria. Portanto, vamos avançar ainda mais nessa direção”, comentou.

Ainda durante discurso, o governador frisou que o Estado espera do governo federal o cumprimento da emenda constitucional 29, que prevê índices mínimos para a destinação do gasto público em Saúde no Brasil – 15% no caso dos municípios e 12% no caso do Estado. “Eu queria dizer ao ministro José Gomes que o objetivo de fortalecer as finanças da saúde no Brasil terá apoio de São Paulo”.

Segundo o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas, o processo de licitação das obras começa em maio. “Esperamos inaugurar essas duas novas fábricas em três anos até mesmo porque são produtos estratégicos para manter a saúde da nossa população”, explicou Barradas. A previsão é que cerca de 100 empregos diretos sejam criados com os investimentos.

A fábrica de vacinas contra o rotavírus terá capacidade de fornecer dez milhões de doses/ano, suprindo a demanda nacional. O montante excedente deve ser exportado a outros países. A vacina produzida em São Paulo trará uma economia de US$ 22 milhões aos cofres públicos anualmente.

Outro projeto prevê a construção da fábrica de hemoderivados com mil metros quadrados de área construída e capacidade de produzir imunobiológicos a partir do fracionamento do plasma do sangue humano, como imunoglobinas e albuminas, além de fatores de coagulação. Hoje, esses procedimentos são realizados em países do Continente Europeu.

Inicialmente a capacidade da fábrica paulista será de processar 150 mil litros de plasma por ano. Com 50% de todo o plasma coletado no País, São Paulo deve oferecer o fracionamento aos países do Mercosul.

Números

Entre os anos de 2003 e 2006 a produção do Butantan foi de 600 milhões de doses de vacinas, ultrapassando em volume as 500 milhões de doses que foram importadas para envase no País. No mesmo período o Instituto implantou, na sua sede em São Paulo, seis novas plantas de produção, criando tecnologia e empregos. A mudança de perfil é resultado de investimento do governo paulista. Em três anos São Paulo ampliou em 54% os repasses à instituição, sempre de olho no mercado de vacinas e soros, passando de R$ 24,3 milhões em 2003 para R$ 37,4 milhões no ano passado.

Outro avanço será a produção pelo Butantan, a partir de 2009, da nova vacina DTP (difteria-tétano-coqueluche), mais segura e com menor número de reações indesejáveis que a vacina tradicional utilizada atualmente no Brasil.

A vacina contra a dengue, com início de produção previsto para o começo de 2010, será mais um passo do Butantan, que firmou acordo com Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. O órgão norte-americano conseguiu retirar da seqüência de RNA dos quatro tipos de vírus de dengue 30 nucleotídeos para atenuá-los. Testes em macacos e voluntários já foram realizados. A meta do Butantan é, em vez de comprar o produto pronto, importar o material genético para produzir uma versão nacional.

Também deverão ser totalmente produzidas pelo Butantan as vacinas BCG-Hepatite B, rotavírus pentavalente, DTP-HepatiteB-HemophilusB, Amarelão, Raiva-Leishmaniose canina e Hepatite B especial para profissionais de risco maiores de 50 anos e pacientes em diálise.

Cleber Mata

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