Estado entrega primeira Câmara de Fotoperíodo do país

Espaço permitirá condição ideal para o florescimento da cana-de-açúcar

ter, 14/09/2010 - 9h30 | Do Portal do Governo

(Atualizado às 16h22)

O Governo do Estado lançou nesta terça-feira, 14, em Ribeirão Preto, a primeira Câmara de Fotoperíodo do país, no Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC-APTA). Além disso, três novas variedades de cana-de-açúcar foram apresentadas durante o evento, que teve a presença do governador Alberto Goldman e do secretário adjunto de Agricultura e Abastecimento, Antonio Julio Junqueira de Queiroz.

A Câmara de Fotoperíodo automatizada serve para hibridação da planta. Com investimentos da FAPESP, a Câmara de Fotoperíodo vai viabilizar o sincronismo do florescimento da cana-de-açucar, ao permitir manter as plantas em temperaturas que não extrapolem o intervalo de 18º a 31º C, condição ideal.

A partir das flores, extrai-se o pólen utilizado no cruzamento de materiais destinados à obtenção de variedades superiores às já existentes no mercado. Até então, o IAC vem fazendo esse trabalho na Bahia, onde há dias e noites quentes. Em Ribeirão Preto, onde funciona o Centro de Cana do IAC, os dias são quentes, mas as noites frias esterilizam o grão de pólen.

Assim, a Câmara de Fotoperíodo permite recriar o clima baiano no Estado de São Paulo. Portanto, graças a esse novo equipamento, serão agilizadas as pesquisas científicas destinadas a aprimorar a produção da cana-de-açúcar, por sua capacidade de reproduzir no Estado líder em canavicultura as condições ideais de temperatura e luz.

A Câmara de Fotoperíodo vai tornar mais eficazes as pesquisas com melhoramento genético da planta que dá origem ao etanol. Um dos seus principais benefícios é a viabilização de uma experimentação impossível de ser obtida de forma natural: com essa tecnologia, será viável fazer cruzamentos de variedades que florescem em épocas diferentes do ano. Trata-se do sincronismo de floração, segundo o pesquisador Maximiliano Salles Scarpari. “Por meio do controle da luz e temperatura, vamos induzir estímulo à planta, assim variedades diferentes terão flores no mesmo momento, permitindo o cruzamento, que em condições naturais não é viável”, afirma ele. Até agora, o Brasil – maior produtor mundial de cana – tinha os cruzamentos limitados pela condição natural.

As três novas variedades de cana-de-açucar

As novas variedades de cana-de-açúcar apresentam alta eficiência em produtividade e teor de sacarose. Avaliadas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso, Bahia, Maranhão e Tocantins, as plantas – IACSP95-5094, IACSP96-2042 e IACSP96-3060 – apresentam vantagens na produção de biomassa em relação à maioria dos materiais em uso, de acordo com o pesquisador e diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell.

“Entre produtividade de biomassa e teor de sacarose as novas variedades estão produzindo 10% a mais que as usadas na primeira metade desta década”, diz. Esse ganho pode chegar aos 30% se os produtores explorarem o potencial desses materiais, associando-os aos ambientes de produção adequados.

As variedades modernas são desenvolvidas com foco em regiões e períodos de safra específicos, o que significa que cada variedade tem seu desempenho ampliado se cultivada nas condições de solo e clima e para o período para as quais foi melhorada.  Segundo Landell, o aumento da produção reflete na viabilidade econômica do negócio e na sustentabilidade ambiental, pois quando se amplia a margem de lucro, em geral, há repercussão no capital verde.

Essas três variedades têm perfil para atender também aos critérios agroambientais e à demanda atual da agroindústria. Elas adequam-se ao plantio mecânico e à colheita mecânica crua, dispensando a queima, e têm adaptação muito boa à região do cerrado, trazendo a perspectiva de otimizar a produtividade nas regiões secas, antes ocupadas por pastagens.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento