Estado e Prefeitura lançam programa para despoluir córregos da Capital

A Operação Natureza terá investimento de R$ 200 milhões na primeira etapa

ter, 20/03/2007 - 18h56 | Do Portal do Governo

Numa parceria inédita, o governador José Serra e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, lançaram, nesta terça-feira, dia 20, no Jardim Botânico, em São Paulo, um programa para despoluição dos córregos da Capital.

A primeira etapa do Programa Operação Natureza envolverá ações em uma área de 195 quilômetros quadrados da cidade e vai beneficiar 2,35 milhões de pessoas. Serão investidos R$ 200 milhões (R$ 163.790 milhões do Tesouro do Estado) em ações simultâneas para recuperação de 40 córregos nas cinco regiões do município. Os trabalhos devem ser concluídos em 50 meses.

Na semana em que se comemora o Dia da Água (22 de março), Serra destacou que este é um passo fundamental para melhoria da qualidade da água que abastece a cidade. “Com esse investimento, Estado Prefeitura visam melhorar as condições ambientais de abastecimento de água em toda a capital”, declarou o governador.

Trata-se de uma preocupação estratégica,como ressaltou Serra. “Num país que tem a maior disponibilidade de água doce do mundo, somos um Estado com pouca água. São Paulo tem somente 2,4% do território nacional, cerca de 20% da população brasileira e mais de um terço do PIB, no entanto tem apenas 1,6% da água do Brasil”, afirmou o governador.

Plano de ação

Segundo Serra, a densidade populacional e os efeitos da poluição foram os critérios usados para definir a escolha dos primeiros 40 córregos que serão despoluídos na primeira etapa.

Mas a parceria entre Estado e Prefeitura é bem mais ambiciosa: pretende mudar a situação de degradação no entorno de 300 córregos no município num período de dez anos. Para isso, atuarão em conjunto a Secretaria de Estado de Saneamento e Energia, a Sabesp e as Secretarias Municipais de Coordenação das Subprefeituras, de Infra-Estrutura Urbana e Obras e do Verde e Meio Ambiente.

A ampliação e melhoria da rede de esgoto e obras de urbanização de favelas estão entre as principais ações propostas pela Operação Natureza. Para o aprimoramento das redes coletoras no entorno dos córregos, uma força-tarefa da Sabesp irá executar obras de prolongamento de redes, coletores e interceptores, além de aumentar o número de ligações domiciliares de esgotos. Caberá ainda à empresa realizar o monitoramento e a manutenção das ligações já existentes.

As 18 Subprefeituras que participam do Programa deverão criar condições para que a Sabesp execute os serviços de despoluição dos córregos, fazendo a limpeza mecânica e manual do córrego, a contenção e manutenção nas margens dos córregos e a verificação de eventuais interferências com a rede de microdrenagem (bocas-de-lobo e galerias).

Neste trabalho conjunto, as Subprefeituras irão também fiscalizar as ligações de esgotos. Caberá a elas notificar e multar os imóveis que, de acordo com o resultado de inspeção feita pela Sabesp, não estiverem corretamente ligados à rede coletora, intimando o responsável a regularizar sua ligação.

A Operação Natureza prevê ainda um Projeto de Educação Ambiental junto às comunidades da região dos córregos e a transformação da área de oito destes córregos em parques lineares, proporcionando, assim, uma opção de lazer para a população que mora próximo destes córregos.

Redução de riscos

O grave problema da poluição dos córregos torna-se evidente durante as enchentes, quando as águas da chuva se misturam com esgotos não tratados, o que expõe os moradores das áreas atingidas ao risco de contraírem doenças.

Para o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, a despoluição irá melhorar as condições de vida dessa população. “Além de reduzir o risco de transmissão de doenças, melhora a qualidade de vida dos moradores, que não irão conviver com a sujeira e o mau cheiro, e, além disso, terão áreas de convivência comunitária e de lazer”.

O governador José Serra ressaltou a importância das campanhas educacionais para o sucesso do projeto. Ele fez questão de lembrar que, durante o projeto de recuperação da Calha do Tietê, foram retirados 800 mil pneus do leito do rio.

O local escolhido para o lançamento do programa é simbólico.

O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga abriga as 33 nascentes do córrego Ipiranga, que receberá o maior volume de recursos do programa. Serão R$ 41,15 milhões investidos em 24 km² de área. Por conta da extensão e da complexidade das intervenções, a despoluição do Ipiranga deve ser concluída em cerca de quatro anos.

André Muniz