Estado de SP ganha a 100ª Reserva Particular do Patrimônio Natural

RPPN Vuturussu é parte de um condomínio em Santana de Parnaíba e abriga diversas espécies da fauna e flora em 161 hectares

seg, 03/02/2020 - 12h36 | Do Portal do Governo
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O Estado de São Paulo ganhou sua centésima Reserva Particular do Patrimônio Natural. Trata-se da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Vuturussu, localizada em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. O certificado de reconhecimento foi entregue pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA) e pela Fundação Florestal (FF) na última sexta-feira (31) sexta-feira, Dia Nacional das RPPNs.

“A solução para os problemas ambientais que estamos vivendo passa por nossa transformação como indivíduo. A RPPN é um exemplo dessa mudança que está ao alcance pessoal”, avaliou o presidente da FF, Gerd Sparoveck.

Instituído em 2006, o Programa Estadual de Apoio às Reservas Particulares do Patrimônio Natural busca apoiar as iniciativas de proprietários particulares na criação de unidades de conservação localizadas em áreas privadas.

Uma vez reconhecidas pelo Poder Público, as RPPNs passam a integrar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), protegendo remanescentes florestais, habitat para fauna associada, contribuindo para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, em água, regulação climática, combate à erosão, além de proteger paisagens.

Biodiversidade

Com 161,33 hectares, o equivalente a mais de 173 campos de futebol, a RPPN Vuturussu é parte de um condomínio e reúne aspectos de importância ambiental e paisagística. A Associação Vuturussu, que administra a área, será a responsável pela proteção da biodiversidade existente em seus domínios.

“Temos muita satisfação em franquear essa centésima RPNN do Estado. Cada vez mais, a sociedade civil tem que estar engajada na conservação da biodiversidade e a RPPN é um grande exemplo de como isso pode dar certo”, salientou o diretor-executivo da FF, Rodrigo Levkovicz. A nova RPPN é constituída por um importante fragmento de vegetação secundária da Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecídua e abriga inúmeras espécies da flora e da fauna de grande valor ambiental.

O relatório ambiental preliminar elaborado pela Associação identificou 107 espécies arbóreas, como o cedro-rosa (Cedrela fissilis), palmito Jussara (Euterpe edulis), pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha), figueira (Ficus sp) e quaresmeira (Tibouchina granulosa), entre outras, estando algumas delas ameaçadas de extinção.

Além disso, foram registradas 53 espécies da fauna silvestre, entre as quais a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), serelepe (Guerlingetus ingrami) e anu-branco (Guira guira).

Participaram também do evento de entrega do certificado aos proprietários o presidente da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Clayton Lino; o analista de Conservação da WWF-Brasil, Daniel Venturi; a presidente da Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (FREPESP), Cybele da Silva; e o diretor da Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Montovani.

Conservação

A reserva possui oito nascentes e 18 cursos d’água, pertencentes à bacia hidrográfica do Alto Tietê. A Associação Vuturussu realiza ações voltadas à sustentabilidade e a conservação da biodiversidade, por meio de programas para a revitalização e enriquecimento da flora. Um viveiro de espécies nativas já foi implantado para criar um banco de sementes coletadas na região.

O objetivo é produzir mudas com base genética de espécies da Mata Atlântica. A proteção aos mananciais, disposição adequada dos resíduos gerados, além da utilização da mão-de-obra local, viabilizando a geração de empregos, complementam as atividades em curso.

Vale ressaltar que trilhas interpretativas foram criadas para disseminar os conceitos e a importância da conservação da natureza entre os moradores e vizinhos. Além disso, o local inclui elementos que estimulam a educação ambiental.

Programa

A RPPN Vuturussu é a 100ª Unidade de Conservação, de caráter privado, que protegerá a biodiversidade do Estado, sendo a 52ª reconhecida pelo Programa RPPN Paulistas da Fundação Florestal. O programa tem o objetivo de estimular a criação dessa modalidade de unidade de conservação.

Com essa finalidade, a Fundação Florestal implementa uma série de ações de apoio e incentivo aos proprietários, proporcionando benefícios como isenção do Imposto Territorial Rural, plano de apoio à proteção, facilidade de acesso a crédito em bancos oficiais, prioridade em programas de governo de fomento ambiental, entre outros.

No Estado de São Paulo, além das 52 RPPNs reconhecidas pela Fundação Florestal, que perfazem 17.372,67 ha, constam ainda 47 áreas protegendo 4.392,57 ha, criadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e uma, reconhecida pela Prefeitura da Cidade de São Paulo, com 2,5 ha. O universo total de área protegida pelas RPPNs em solo paulista é de 21.767,74 hectares.

O proprietário de uma reserva tem a opção de desenvolver atividades de pesquisa, ecoturismo e educação ambiental, que podem contribuir para a geração de renda no imóvel. O programa RPPN Paulistas conta com parcerias importantes, como o apoio da Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo, WWF-Brasil e instituições do Sistema Ambiental Paulista.