Estado de SP conta com programa voltado ao apoio a vítimas de violência

Iniciativa oferece espaço sigiloso para cuidar do sofrimento, além de facilitar acesso a informações e orientação jurídica

ter, 09/10/2018 - 20h33 | Do Portal do Governo

Desde 1998, o Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, promove ações e políticas públicas para o atendimento das vítimas de violência. O programa tem objetivo de consolidar os Direitos Humanos e o exercício da cidadania, por meio da garantia de suporte psicológico, social e jurídico a quem sofre os danos causados por atos violentos.

Vale destacar que uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, assistentes sociais e defensores públicos, realiza os atendimentos gratuitos em dois postos no Estado: um na capital paulista e outro em Araçatuba. O programa oferece um espaço sigiloso e acolhedor para apoiar, escutar e cuidar do sofrimento causado pela violência, facilitar o acesso a informações e orientação jurídica, bem como aos serviços públicos de assistência.

“Além do atendimento às vítimas, destaco as capacitações de 961 pessoas nas oficinas organizadas mensalmente pelo centro, que resultaram na transmissão de conhecimento para pessoas da sociedade civil e dos poderes públicos municipal, estadual e federal”, salienta a coordenadora do Cravi, Cristiane Pereira.

Atividades

Desde o início das atividades, o programa já realizou 36,9 mil atendimentos (quase 25% dos casos são ligados à violência doméstica). “Não temos fila de espera. Permanecemos com telefones e portas abertas a quem for vítima”, ressalta Priscila Martins D’Áurea, psicóloga do centro de referência. São cerca de 150 atendimentos por mês.

Ainda em 2018, o centro de referência pretende realizar um seminário sobre os 20 anos do programa, que desenvolve uma parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) na condução de linhas de pesquisa com estagiários do curso de Psicologia.

O Cravi pretende, ainda, continuar os investimentos nas oficinas de educação e de monitoramento dos casos de violência. Um dos destaques são os grupos de bate-papo com orientações para direitos, frequentados principalmente por mulheres, que compõem cerca de 80% dos atendimentos da iniciativa (com atenção especial às conversas voltadas para familiares de vítimas de homicídio).

Em geral, a duração dos grupos, em que os participantes compartilham experiências, é de quatro a cinco meses. “A grande contribuição do programa é poder oferecer a oportunidade de transformar a violência ocorrida em cidadania e Direitos Humanos”, avalia Bruno Fedri, psicólogo do Cravi.

“Justiça não é vingança. Buscamos problematizar o conceito de justiça e redefini-lo com as vítimas. A equipe multidisciplinar auxilia na análise sobre a melhor dimensão do impacto da violência no cidadão”, completa o psicólogo.

Experiências

A partir de fevereiro de 2017, a auxiliar administrativa Esdras Silva passou a participar dos bate-papos em grupo e conheceu a estrutura do espaço. “Eu estava abalada nas questões física e mental, Nas conversas com outras vítimas, ouvimos novas histórias e trocamos experiências. O apoio do Cravi foi essencial para minha retomada”, revela.

A expectativa é de que até seis unidades possam estar em funcionamento após o lançamento de três editais de chamamento público (nas regiões de Guarulhos e Campinas, além de duas na Baixada Santista).