Especialistas debatem migração durante evento em São Paulo

Encontros sobre deslocamentos e refúgio tiveram participação de representantes do Governo do Estado e das Nações Unidas

qua, 20/06/2018 - 19h17 | Do Portal do Governo

A sede da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado recebeu, nesta terça-feira (19), as atividades do I Encontro Internacional e o II Encontro Estadual sobre Migração e Refúgio. Os eventos foram realizados em celebração ao “Dia Mundial dos Refugiados”, comemorado nesta quarta-feira (20).

Durante a iniciativa, ocorreu a divulgação do relatório anual Tendências Globais, produzido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). O documento indica que 68,5 milhões de pessoas estavam deslocadas por guerras e conflitos até o fim de 2017.

Ao todo, segundo o levantamento, mais de 16 milhões de cidadãos se deslocaram em 2017, o que corresponde a 44,5 mil pessoas a cada dia. Os encontros, promovidos em conjunto pela pasta, Comitê Estadual para Refugiados (CER/SP) e Acnur, com o apoio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Faculdade das Metropolitanas Unidas (FMU), tiveram o objetivo de levar à sociedade as questões ligadas a refúgio e migrações.

“São Paulo se caracteriza pela boa convivência, acolhimento e desejo sincero de inclusão de todos aqueles que, por vontade própria ou não, escolhem o Brasil para conosco conviver”, explica o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Elias Rosa. De acordo com o secretário, os brasileiros podem se orgulhar do amplo processo de acolhimento dos imigrantes que formaram a grande nação.

Eixos

Márcio Elias Rosa reforçou que saúde, educação, habitação, geração de emprego e renda, pessoa com deficiência e inclusão são eixos centrais da política desenvolvida no Estado de São Paulo. “A partir de diagnósticos, como os oferecidos pela Unicamp e pelo Acnur, é que seremos capazes de definir um prognóstico mais favorável”, ressalta.

Já o cônsul do setor de Vistos e Imigração do Canadá, James McNamee, compartilhou as experiências de sucesso do país no acolhimento a refugiados, ao realizar programas para a inserção de migrantes na sociedade. “O país investe muito no reassentamento e na inclusão do refugiado. As pessoas que vêm de outros países sentem dificuldades de adaptação”. avalia o cônsul.

Em um dos painéis, a professora da Unicamp Rosana Baeninger apresentou dados para a elaboração do Atlas Temático da Migração em São Paulo, lançado recentemente pela instituição de ensino. A especialista destacou um balanço do número de refugiados que entraram e saíram do país e o perfil das famílias, além do acesso desse grupo a equipamentos de saúde e educação.

“A capital paulista concentra o grande número de solicitantes de refúgio, porém verificamos que muitas pessoas estão migrando para o interior do Estado, atraídos pelas oportunidades de emprego no segmento rural. Essas informações nos fazem pensar em políticas sociais diferenciadas”, enfatiza a docente.

Cooperação

Durante o evento, foi assinado um termo de cooperação entre a Unicamp e o Acnur para a inserção de refugiados em cursos da universidade, além de assistência médica, psicológica e jurídica. Em outro painel, o representante-adjunto do Acnur, Federico Martinez, apresentou dados do Relatório Tendências Globais do ano de 2017.

O relatório é divulgado a cada ano, antes do “Dia Mundial dos Refugiados”. A publicação acompanha o deslocamento forçado com base em dados coletados pela Organização das Nações Unidas (ONU), governos e outros parceiros e que são considerados refugiados os cidadãos que sofrem perseguições, violações de direitos Humanos, bem como as apátridas.

“Ninguém se torna refugiado por opção. Mas nós podemos escolher como ajudar”, diz Federico Martinez. O levantamento também aponta que, no fim de 2017, o planeta tinha uma quantidade de pessoas forçosamente deslocadas semelhante à população da Tailândia. Em comparação à população mundial, uma em cada 110 pessoas permanece fora da comunidade de origem em razão de guerras, conflitos e outras formas de violência.