O engenheiro de produção Edson Ferreira, do Instituto Valor Ambiental, realizou palestra nesta terça-feira, 10, na sala do Conselho Universitário da Reitoria em São Paulo (SP), sobre o impacto do aquecimento global ao meio ambiente, à economia das empresas e à população. O evento integra o ciclo “Unesp: mudanças, desafios e perspectivas”, promovido pela vice-reitoria.
Ferreira baseou sua fala nos últimos relatórios do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU e no filme Uma verdade inconveniente do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore. “Os dados confirmam a interferência humana direta no aquecimento da Terra, em 0,76°C, nos últimos 100 anos”, afirmou Ferreira. “Isso decorre da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera”.
O especialista destaca que as conseqüências já vêm se refletindo no planeta, verificadas na elevação da acidez das águas dos oceanos, no aumento dos desastres ambientais e no derretimento das geleiras dos pólos. “90% dos dois mil cientistas que participaram do relatório concordam com as análises dos dados”, disse o engenheiro. Em 2001, o consenso em torno do relatório era de 60%.
Ferreira informou que o cenário mais pessimista traçado pelos cientistas é que se nada for feito, o planeta vai aquecer de 1,6°C a 4,0°C até o final deste século. “Isso representa um aumento em torno de 20% em relação à temperatura média atual de 14°C”.
A elevação do nível das águas dos oceanos de 59 cm, frente aos 17 cm no último século, vai provocar, entre outras conseqüências, o desaparecimento de algumas cidades costeiras, grandes fluxos migratórios, a queda de 30% na disponibilidade de água potável, a diminuição da produção agrícola e gastos maiores com a saúde pública.
Para Ferreira, em curto prazo, não haverá soluções, mas a utilização de matrizes energéticas menos poluentes por parte das empresas. A própria mudança de hábitos das populações poderá reduzir os impactos ambientais e retardar o problema.
O palestrante é mestre em Qualidade e Especialista em Gestão Ambiental. Foi executivo em empresas multinacionais durante 15 anos, com responsabilidade para a América Latina. Há 10 anos atua como consultor de várias organizações, tendo realizado trabalhos em 11 países. É estudioso do tema das mudanças climáticas e dos mecanismos do Protocolo de Quioto.
Da Unesp
