Especial do D.O.: TV Cultura dá oportunidade a jovens instrumentistas em clima de auditório

As inscrições terminam no dia 31 de agosto

qua, 12/07/2006 - 19h01 | Do Portal do Governo

Emoção, alegria, jurados e um auditório entusiasmado. Sob a batuta do maestro Júlio Medaglia, comando de Estela Ribeiro e animação de Jonas de Almeida, o programa Prelúdio vai ao ar pela TV Cultura uma vez por mês, aos sábados, às 12 horas.

A idéia da atração é revelar novos talentos, em esquema similar aos populares programas de calouros. Os ensaios começam por volta das 8 horas da manhã e tudo fica pronto para a gravação às 15 horas. Acertos, desacertos, arranjos sendo feitos, para que a platéia, que espera ansiosa do lado de fora do Theatro São Pedro, veja um bom espetáculo. Elza de Almeida assistiu à gravação, no dia 3 de junho.

“É a primeira vez que vejo um show desse tipo. Nunca tive a oportunidade de participar da apresentação de um espetáculo de música clássica. Na hora que recebi o convite, aceitei logo”, disse, entusiasmada.O animador de platéia, Jonas Almeida, participa da gravação do programa desde o início. Ensina os primeiros passos para crianças, jovens e pessoas da terceira idade presentes no auditório. “Vamos lá pessoal, tudo o que eu fizer façam igual para passar mais emoção para quem está vendo o programa em casa”. Brincadeiras à parte, a platéia se envolve e torce pelo instrumentista preferido. No dia 3 de junho, Joaquin Rodrigo, Mozart e Beethoven fizeram parte do repertório escolhido pelos candidatos.

Idéia ousada – A TV Cultura trilhou caminho ousado para apresentação da música erudita na mídia de massa. A idéia de revelar novos talentos, em esquema similar aos populares programas de calouros, partiu do maestro Júlio Medaglia, diretor-artístico da série.

Para ele, o Prelúdio tem diversos componentes que atraem o público e contribuem para a popularização da música clássica, como a pouca idade dos candidatos e o próprio formato, com auditório e júri.Prelúdio estreou em 2005 com cinco etapas.

Nesta temporada, está ainda mais competitivo e empolgante, com oito eliminatórias, duas semifinais e uma grande final, em dezembro. Todas as fases são gravadas no Theatro São Pedro, com entrada franca.José Roberto Walker, diretor da TV Cultura, diz que “o projeto da emissora é levar música erudita a todos os segmentos sociais. O programa dá oportunidade ao jovem instrumentista, além de formar platéias que irão ao longo dos anos tornar-se mais exigente em termos musicais”.

Música para todos – Da quarta eliminatória participaram, como jurados, Abel Rocha (maestro), Gilberto Tinetti (pianista e diretor do programa Pianíssimo, da Rádio Cultura), Irineu Franco Perpétuo (jornalista e editor do Guia do Ouvinte) e Marcelo Jaffé (violista).Para Jaffé, “apesar de o Brasil ser um país musical, a música clássica ainda fica relegada a segundo plano. Daí a importância de ações como a do maestro Medaglia e da TV Cultura”.

“A música abre aos jovens a possibilidade de entrar num mercado promissor. Temos vários exemplos de adolescentes que viviam na periferia, nas piores condições, e que encontraram na música erudita alternativa para melhorar, ou mesmo mudar, os rumos de suas vidas. Hoje, muitos são arrimo de família”, informou o pianista Gilberto Tinetti.

Segundo o pianista, as condições atuais para os músicos eruditos profissionais melhoraram. Iniciativas como a da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), que trouxe alguns brasileiros que estavam morando no exterior, e a proliferação de orquestras sinfônicas e de concertos fora do circuito São Paulo-Rio, como o Festival de Ópera de Belém e de Manaus, têm se firmado como alternativas para este mercado de trabalho.  

“Venezuela e Colômbia descobriram que a música erudita é um elemento de ascensão e integração social da criança e das famílias. Os governos desses países têm investido maciçamente em orquestras jovens”, afirma o maestro Abel Rocha. E complementa: “Ações como o Prelúdio são importantes tanto para os músicos como para a formação de platéia”. Aspalla Maria Ester Brandão afirma que “o Prelúdio é antes de tudo uma oportunidade para que o jovem conheça a si próprio. É experiência forte e que marca a carreira, pois ele ensaia e se apresenta com orquestra profissional”.

Superstar – Para o jovem brasiliense Álvaro Henrique, participar da quarta eliminatória é um passo importante na carreira: “Quando recebi o convite, passei a me sentir um superstar. Minha família, meus amigos e meus alunos ficaram em Brasília torcendo”.Álvaro era o mais velho dos concorrentes, 25 anos, idade-limite. A segunda candidata, Ana Maria Gaigalas, com sua flauta transversal, levou os jurados e a platéia a uma viagem encantadora pelo universo mozartiano, com o Concerto para flauta no 1 em sol maior. Jurados, apresentadora e platéia ficaram surpresos com a técnica e a desenvoltura que a jovem paulista, de 19 anos,mostrou diante da orquestra.

Virtuosismo, paixão e técnica. Essas características tomaram de surpresa a orquestra, o maestro e os jurados ao ouvirem o terceiro candidato, Alfredo Abbati, de 19 anos, tocar o Concerto para piano no 3 em dó menor, op.37, de Ludwig van Beethoven. Deixando sua timidez habitual de lado, o jovem conseguiu expressar todos os sentimentos que compõem a obra do mestre.

Como na terceira eliminatória, essa fase também apresentou empate técnico. Os jurados ficaram entusiasmados com Alfredo e Ana. O maestro Medaglia tentou o voto de Minerva com a platéia, mas o empate continuou. Pela técnica e desenvoltura com a orquestra, o maestro escolheu Ana como a finalista para a próxima fase do programa.

Como participar do concurso

O concurso tem a finalidade de revelar e incentivar novos talentos musicais brasileiros ou estrangeiros residentes no País, premiando a melhor performance instrumental, vocal ou de regência. Podem participar jovens músicos (instrumentistas, cantores e regentes) de até 25 anos de idade completados até o dia 31de dezembro.

As inscrições terminam no dia 31 de agosto. Ao vencedor final, serão concedidos dois prêmios intransferíveis: uma bolsa de estudo de alemão na Alemanha, cedida pelo Instituto Goethe, que inclui as despesas de transporte aéreo e acomodação e um recital como solista à frente de uma orquestra em local a ser definido.

Maria Lúcia Zanelli – Da Agência Imprensa Oficial