Especial D.O.: Universo ao alcance dos estudantes é proposta de Telescópios na Escola

Projeto é mantido por seis instituições de pesquisa na área de astronomia, e tem como alvo alunos do ensino fundamental e médio

qua, 13/09/2006 - 14h55 | Do Portal do Governo

 Computadores conectados à internet e curiosidade em descobrir as maravilhas da Astronomia são as únicas exigências para participar do projeto Telescópios na Escola. A iniciativa permite que estudantes dos ensinos fundamental e médio de diversas cidades do Brasil possam operar telescópios e receber imagens em tempo real, via Internet.

Inaugurado no segundo semestre de 2005, o projeto educacional é mantido por seis conceituadas instituições de pesquisa na área de astronomia – o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da USP, localizado em Valinhos, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Observatório Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e as universidades federais de Santa Catarina e do Rio Grande do Norte, às quais as escolas estão conectadas.

Está previsto potencial de atendimento de 30 escolas por ano, para turmas de 30 a 40 alunos, o que corresponde a cerca de mil estudantes por ano. Várias escolas da capital e do interior (Valinhos e Santos) e de outros Estados (Alagoas, por exemplo) têm observado regularmente todas as quintas-feiras e sextas-feiras, com céu bom. As escolas públicas ou particulares que quiserem participar devem preencher um cadastro na internet.

Jovens exploradores

O projeto tem muitos objetivos, informa um de seus coordenadores, Laerte Sodré Jr., professor do IAG. “Além de aproximar os alunos da astronomia, estimula o aprendizado de matemática e ciências.” Para a professora Jane Gregório-Hetem, outra das coordenadoras, as observações podem unir várias áreas, entre elas, matemática, geografia, história, computação, tecnologia, artes e mitologia, além, é claro, da física e da química.

Participar das atividades é simples, dispensa conhecimento prévio em astronomia ou programas especiais para computadores.

A atividade é aberta a qualquer escola pública ou particular do Brasil, com os telescópios sendo operados remotamente através de uma página da Internet. Com base nas observações, os planos de aula buscam desenvolver habilidades e competências dos estudantes em projetos interdisciplinares.

O uso de telescópios em educação é uma forma agradável e eficiente para os alunos experimentarem ciência e tecnologia enquanto exploram sua vizinhança no universo, diz Laerte. “Os jovens gostam de alcançar novos horizontes e, no projeto, eles próprios são exploradores, escolhem quais objetos estudar – planetas, estrelas, asteróides, cometas, galáxias. Decidem como trabalhar com os dados e ainda aprendem como fazê-lo”.

A idéia, de acordo com Laerte, é estudar ciência fazendo ciência: “Nosso objetivo não é formar astrônomos, mas despertar vocações científicas”. Nessa linha, são propostos pequenos projetos científicos que os alunos levam adiante. Um dos primeiros, Um passeio pelo céu, agradou bastante, avalia o professor. Os alunos conheceram vários tipos de objetos astronômicos e corpos celestes. No caso das estrelas, puderam descobrir como elas nascem, vivem e morrem.

Fase internacional

As observações são feitas à noite, desde que as condições do tempo favoreçam. Em Santos, no Colégio São José, a novidade agradou em cheio. Até agora cerca de 50 alunos compartilharam as observações. As imagens foram captadas pelo telescópio do IAG, de Valinhos, e depois enviadas até a escola santista. “Despertou grande interesse”, revela o professor de Química, Waldemar Alves Ribeiro Filho, que trabalha no projeto, em conjunto com seu colega de Física, Davi Gregoris.

Numa noite, conseguiram mapear a lua e estudar suas crateras, noutra receberam imagens de estrelas. O diferencial do projeto é que são os próprios alunos que escolhem as fotografias, conta o professor. “Dois meses atrás, o tempo colaborou e conseguimos um bom número de fotografias do planeta Júpiter, do asteróide Centauro, do aglomerado estelar Caixinha de Jóias e da estrela Rigel. De maneira diferente e animada, temos conseguido transmitir vários conceitos matemáticos, sobretudo relacionados à escala. Reunimos, em média, de 20 a 25 alunos. Como as observações são realizadas à noite, a turma do supletivo também se engajou”.

O aluno Gustavo Santamaria, 17 anos, 3o ano do ensino médio do Colégio São José, sempre teve interesse em astronomia, mas nunca imaginou que um dia pudesse estudar a ciência desse jeito. “Fiquei fascinado, gostei das observações das nebulosas (concentração de nuvens) e percebo que o projeto tem me ajudado a entender melhor a física e a química. O tema é palpitante, tanto que nos estimulou a preparar um site para ser apresentado na Feira de Ciências da escola. No site estão desde os avanços da astronomia até a ida do homem à lua.”

Telescópios na Escola, por enquanto, é restrito aos telescópios no Brasil, mas de acordo com Jane e Laerte, há planos para que as escolas possam captar imagens durante o dia, geradas a partir de um telescópio situado do outro lado do mundo, quando no mesmo momento é noite – Japão ou Austrália, por exemplo. Assim, será iniciada a fase internacional do projeto.

Maria das Graças Leocadio – Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)