Especial D.O.: Conservatório de Tatuí, excelência em ensino musical há mais de meio século

Em todos os cantos da escola, as notas musicais misturam-se às conversas, às brincadeiras e ao estudo

qua, 19/07/2006 - 11h35 | Do Portal do Governo

Se alguém disser que a música está no ar no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, de Tatuí, acredite: não é exagero. Considerada a maior escola de música com ensino gratuito da América Latina, apresenta números que impressionam: tem a maior quantidade de instrumentos da América do Sul (700) e também o mais extenso contingente de alunos (3,5 mil). Fundado em 1954, tornou-se o cartão-postal da cidade, localizada a 130 quilômetros da capital paulista.

Responsável pela formação de instrumentistas de prestígio internacional, oferece 26 cursos, cuja duração varia de seis a oito anos, e também alojamento grátis para os alunos de fora. As aulas são ministradas na sede principal e em mais três núcleos adaptados. O complexo musical abriga setor de artes cênicas, grupos de canto-coral e cerca de 50 conjuntos instrumentais. São orquestras, bandas, big bands, grupos de música de câmara, de MPB e de jazz.

Além de realizar anualmente extensa programação musical, promove exposições, concertos, workshops, espetáculos de teatro e balé, cursos intensivos, palestras e recitais. Seus grupos musicais apresentam-se em diferentes pontos do Estado de São Paulo ao longo do ano. Aos cursos dos mais variados instrumentos somam-se os de canto lírico, teatro, luteria, iniciação musical, musicalização, treinamento auditivo, introdução à regência, regência instrumental e de coral, MPB/jazz e música comercial. Atividades extras, como workshops, master classes e intercâmbios enriquecem as aulas. Por conta de seu prestígio internacional, recebe músicos de vários países.

Segundo o maestro Antonio Carlos Neves Campos, diretor da instituição há 22 anos, a escola cumpre a função de fazer com que as pessoas não só se interessem pelas atividades artísticas, mas também possam ter uma profissão. Por isso não importa se as aspirações do aluno estão direcionadas para uma grande orquestra, para o coral de uma igreja ou para uma churrascaria. “O importante é a qualidade da apresentação. Queremos que aprenda a fazer boa música, independente do gênero, sempre respeitando suas expectativas e perspectivas.” E complementa: “Em arte, todo tipo de preconceito é abominável”.

Curso de Férias 

Neste mês, todas as atenções estão voltadas para o Curso de Férias. Começou no dia 7 e se encerra nesta sexta-feira. O conservatório recepciona artistas dos quatro cantos do mundo, com um único objetivo: o aperfeiçoamento musical. Os 209 bolsistas selecionados para essa terceira edição do curso têm a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos em aulas, workshops e grandes concertos, ao lado de renomados internacionais, como os maestros norte-americanos Richard Miles, Fred Mils, Dwight Satterwhite e Mathew George, os instrumentistas argentinos Stella Maris Marello (flauta) e Carlos Céspedes (clarineta), o português Jorge Costa Pinto (regência de big band), além dos brasileiros Antonio Carlos Neves Campos, Edson Beltrami, Hector Costita, Sergio Vasconcelos e João Paulo Moreira, entre outros.

O aprendizado é, exclusivamente, direcionado para o estudo e a prática das bandas de música e big bands, e terá as seguintes atividades: banda sinfônica, big band, grupo de metais, regência de banda e de coral, arranjo, transcrição e orquestração para banda sinfônica e big band, arranjo e composição para coral.

De acordo com o coordenador-pedagógico da escola e organizador do Terceiro Curso de Férias, maestro Dario Sotelo, o Conservatório de Tatuí vinha funcionando há alguns anos como um braço do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Agora, o Curso de Férias tomou outros rumos e tem suas direções muito claras. A principal delas é oferecer aperfeiçoamento para big bands, bandas sinfônicas e corais. Além disso, a finalidade é atender à demanda de alunos do interior de São Paulo, de outros Estados e até mesmo de outros países: “A idéia básica da montagem do Curso de Férias é dar aos alunos prática intensa e intensiva”.

Os regentes convidados vieram com a incumbência de desenvolver trabalho com jovens de estágios avançados. “Com seis ensaios será montada apresentação especial”, conta Sotelo. Outro grupo, de nível intermediário, realiza trabalho similar. Serão formadas duas bandas diferentes, cada uma com 70 estudantes. O coordenador lembra que, além dos ensaios gerais e do trabalho elaborado em câmara, todos os interessados terão aulas individuais em períodos diferentes dos de ensaios.

Atração internacional 

Uma das atrações é a harpista russa Liuba Klevtsova, que veio tocar com a Orquestra Sinfônica Paulista e ministrar um workshop. A partir de agosto, as aulas de harpa serão retomadas e Liuba será a professora. Ela conta que sua principal atenção será direcionada às crianças: “Quanto mais cedo se inicia um estudo musical, melhores os resultados. O ideal é que a criança comece a estudar harpa com sete anos”. A instrumentista explica a prioridade que dá ao ensino infantil quando defende a necessidade de se criar uma geração de harpistas no País. “Vemos estrangeiras ocupando posições de primeira e segunda harpistas em orquestras brasileiras. Isso porque, com exceção das boas escolas de Brasília e do Rio de Janeiro, e de músicos de nível internacional em São Paulo, não temos tradição de formação aqui”, afirma. Liuba começou a estudar harpa aos sete anos e graduou-se no Conservatório Tchaikovsky de Moscou. Está no Brasil desde 2000, quando integrou a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo como convidada. Acabou sendo aprovada como harpista principal.

Joice Henrique

Da Agência Imprensa Oficial