Escola paulista forma cerca de 80% dos profissionais do país

Alunos do curso de luteria do Conservatório de Tatuí fizeram instrumentos para presentear príncipes japoneses

qua, 11/06/2008 - 19h23 | Do Portal do Governo

O curso de luteria oferecido pelo Conservatório de Tatuí é o único gratuito do Brasil. Os alunos aprendem a construir violinos, violas, violoncelos e os arcos destes instrumentos. De acordo com o coordenador do curso, Luigi Bertelli, cerca de 80% dos liutaios do país são formados lá.

Com duração de quatro anos, além de um ano de preparatório, o curso conta atualmente com duas classes, com oito alunos cada. O conteúdo teórico, que engloba noções de física, acústica e desenho, é ministrado juntamente com a parte prática.

Para ingressar no curso é preciso passar por um teste de seleção. Este ano, quase 60 pessoas se inscreveram para disputar as quatro vagas oferecidas. “Para se tornar liutaio é necessário ter habilidade manual, boa vontade, perseverança e gosto pela música”, apontou o coordenador.

História

Quando foi implantado no Conservatório de Tatuí, em 1980, o curso teve à frente o liutaio Enzo Bertelli, pai de Luigi – que também participa do programa desde o início. Italiano de renome internacional, Enzo tem trabalho catalogado no Dicionário Universal dos Luiteres e na Enciclopédia da Tchecoslováquia, uma espécie de ‘Bíblia’ da profissão, muito rara e que exige precisão e dedicação. Já Luigi freqüentou o curso de luteria na Itália, no Instituto Professionale Internazionale per L’Artigianato Lutario e Del Legno, de Cremona, sem similares no mundo.

Em 1983, o Conservatório de Tatuí solicitou ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) um estudo das madeiras brasileiras em substituição às européias tradicionais usadas na construção de instrumentos musicais da família do violino.

O estudo, baseado na comparação das propriedades anatômicas, físico-mecânicas e acústicas das madeiras, resultou numa lista de 10 madeiras com grande potencialidade para substituir as importadas. Entre elas estão o Pinho do Paraná, a Grumixava e o Pau-ferro, que são utilizadas para a confecção dos primeiros violinos dos alunos.

A substituição da madeira foi uma experiência bem-sucedida e representou uma espécie de independência do Brasil na questão da matéria-prima. Atualmente, além das nacionais, os alunos também usam madeiras importadas, como o acero balcânico, o abeto alemão e o ébano africano. De acordo com Luigi Bertelli, o violino produzido com madeira nacional não deve nada ao fabricado com a matéria-prima importada.

Cíntia Cury