Escola da PM de Pirituba abre Centro de Tiro Cel. Nílson Giraldi

Instalações do local serão utilizadas por PMs, membros do Ministério Público, da Justiça e até de forças federais

qui, 23/10/2008 - 9h19 | Do Portal do Governo

“Muitos acham que um local de treinamento de tiros deveria ser inaugurado com o estampido das balas. Mas o nosso método ensina que disparar uma arma é a última alternativa do policial. Por isso vamos abrir a cerimônia de outra maneira”, justificou o coronel da reserva da Polícia Militar Nílson Giraldi, na inauguração do Centro de Treinamento para Preservação da Vida, que leva seu nome, na Escola de Formação de Soldados da PM de Pirituba, na capital. Em vez de balas, Giraldi dirigiu uma encenação teatral para explicar aos presentes como o policial deve proceder em ações de roubo seguido de seqüestro.

A cerimônia de inauguração teve a presença de autoridades policiais como os coronéis Eliseu Leite de Moraes, diretor de ensino da PM, e Paulo César Franco, comandante da Escola de Pirituba. Mais de mil alunos formaram pelotões em frente ao palanque e marcharam em homenagem ao coronel Nílson Giraldi.

O Método Giraldi, utilizado pelas polícias paulista e de outros Estados, é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Cruz Vermelha Internacional. É ensinado a policiais civis, rodoviários e integrantes da Polícia Federal. Na América Latina, além do Brasil, é adotado no México e no Peru.

Em todos esses lugares é reconhecido como procedimento que leva em conta a preservação da vida da vítima, do policial, de pessoas próximas à ocorrência e do agressor. A técnica faz parte da grade curricular de formação de soldados e oficiais da PM de São Paulo, desde 2002.

Uso racional – Giraldi observa que o princípio fundamental do treinamento policial é o uso racional da arma de fogo. Com base em simulação de risco, o profissional da segurança é instruído sempre a tentar a negociação com o criminoso, para conseguir que ele se entregue sem precisar disparar a arma.  “Na instrução, não praticamos tiro ao alvo e sim técnicas de prevenção. Um centro de treinamento não é estande de tiro”, afirma o criador do método.

Com mais de 45 anos dedicados à polícia e mestre em tiros, o coronel Giraldi aperfeiçoa seu método e viaja pelo Estado e pelo Brasil disseminando seu conhecimento. Trabalha com equipe de dezenas de pessoas, todas policiais da PM, especializadas em técnicas de tiro, vigilância, abordagem, negociação e outras formas de proteger a vida e prender o agressor. Este pessoal também atua nas encenações teatrais montadas e dirigidas por Giraldi. 

“Sempre achei que a simplicidade é a rainha da eficiência”, acredita o coronel. Por isso, ele assegura que seu método é barato, de fácil aprendizado, e funciona muito bem.

O comandante da escola, coronel Paulo Cesar Franco, acha que o novo centro de tiro e treinamento tornará a escola ainda mais capacitada no ensinamento a soldados da PM em vias de trabalhar nas ruas. “Nossos alunos aprendem pelo Método Giraldi que o tiro é utilizado apenas quando todos os outros recursos falharem”, assegura Franco.

Até marines – O tenente-coronel Humberto Macambyra, subcomandante da Escola de Soldados, conta que o novo centro é o terceiro local dedicado a tiros e treinamento em Pirituba. A nova área de dois mil metros quadrados possibilita atender 200 pessoas de cada vez, aumentando de 400 para 600 as vagas para atiradores. Macambyra informa que no ensinamento serão utilizados revólver calibre 38, pistola automática ponto 40 e carabina calibre 12.

Foram necessários três anos para construir o prédio, com investimentos de R$ 600 mil. O tenente-coronel conta que o item mais complicado da construção foi a infra-estrutura. Para ser centro de tiro, é necessário erguer o edifício encostado a uma parede de terra, para conter as balas e manter a segurança das pessoas. Os alvos são instalados internamente em toras de madeira, para evitar que a maioria dos tiros atinja a parede de segurança. 

Além dos 1,6 mil alunos da escola de Pirituba e de outros policiais do Estado e do Brasil, os três centros de treinamento são utilizados por membros do Ministério Público e da Justiça. Já passaram pelo local até marines norte-americanos a serviço do consulado de seu país, em São Paulo.

Depois de aprovados em concurso, soldados fazem curso 

A Escola de Formação de Soldados da Polícia Militar de Pirituba, localizada numa reserva de Mata Atlântica de 630 mil metros quadrados, próxima ao Pico do Jaraguá, é a maior do gênero no País, com capacidade para ensinar dois mil alunos. O curso, feito após a aprovação do soldado em concurso público, costuma durar um ano. Eles aprendem Direito, Sociologia, Direitos Humanos, Psicologia e o Método Giraldi de Preservação da Vida. Assim que deixam a escola, estão aptos a seguir carreira na PM, como policial de ronda ostensiva, rodoviário, ambiental ou bombeiro. 

Otávio Nunes, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)