Beethoven Justino Campos cursa o 4º ano de Administração e está no projeto desde o início, em 2003. Como coordenador da escolinha de futebol da Escola Estadual Província de Nagasaki, localizada na zona norte de São Paulo, diz: “Descobri que o meu verdadeiro talento é lidar com crianças e adolescentes, por isso optei pela área da Educação”, observa. Vale lembrar que essa escolinha de futebol já tirou muitos jovens do crime organizado.
“Tínhamos um aluno que, aos 12 anos, era ‘aviãozinho’ do tráfico. Ele passava a noite toda entregando droga. No dia seguinte, quando vinha para a escola, estava em estado deplorável. Com a ajuda do Projeto Escola da Família, o garoto saiu dessa vida. Hoje, está concluindo o ensino fundamental e ajuda o pai a criar os sete irmãos. Tornou-se um cidadão de verdade”, comemora Filomena Cristiane Franco, diretora da EE Província de Nagasaki.
O Escola da Família transformou a realidade da comunidade do entorno da Província de Nagasaki, localizada numa área extremamente carente de lazer. “Os alunos e a comunidade participantes zelam pelo patrimônio da unidade. Não temos pichação nem invasão. É um espaço de todos e todos cuidam dele”, revela Alice Lopez de Oliveira, educadora profissional do projeto.
Alfabetização para adultos, informática, capoeira, teatro de fantoches, balé, biscuit e a famosa escolinha de futebol do professor Beethoven são algumas das atividades promovidas pela E.E. Província de Nagasaki.
O programa integra, também, as famílias dos estudantes. “Do total de alunos que freqüentam a instituição de ensino, 30% vivem somente com o pai ou a mãe. Quando a escola abre no final de semana, as crianças e adolescentes vêm com os seus pais participar das atividades. A cada dois meses, contamos com a ajuda do Instituto Teruya, que traz alunos para cortar cabelo e dar um trato no visual das mães e dos filhos. É uma iniciativa importante que ajuda na integração entre as famílias e une a comunidade”, atesta Alice.
Apoio da sociedade – Um dos fatores importantes no Escola da Família é o envolvimento da comunidade. “Quando nosso estabelecimento escolar ficou fora do projeto, por um determinado tempo, o pessoal da redondeza perguntava por que estava fechado nos finais de semana? Fico comovida em saber como a comunidade daqui zela pelo patrimônio escolar. A depredação, graças a Deus, não faz parte da nossa história”, assegura Filomena.
Pais e filhos trabalham juntos na iniciativa. E até o esposo de Alice, coordenadora do projeto da Província de Nagasaki, atua como voluntário. “Ele sempre faz um conserto aqui, outro ali, e assim, passamos juntos dentro da escola”, confessa orgulhosa.
Rosicléa Oliveira de Souza, mãe de Jônata, oito anos, acompanha o filho em todas as atividades. No dia 5 de julho, a escola apresentou à comunidade o Projeto Viva Japão, em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa. Vestidos a caráter, alunos e professores realizaram apresentações de sumô, caratê, judô e as tradicionais Dança da Fartura e Dança do Leque.
Outro destaque no evento foi a apresentação da oficina de capoeira do Mestre Pequeno. “Estou no Escola da Família desde que começou. O nosso maior desafio é envolver os pais no projeto e disciplinar a meninada. Com muito diálogo, crianças, adolescentes e comunidade vão dando apoio aos cursos e, muitas vezes, oferecem sugestões que procuramos desenvolver aos poucos”, relata Mestre Pequeno.
Pessoal da melhor idade também brilha
A história da famosa Roda de Viola do Pedro Alexandrino começou com um convite. A dupla Damásio e Damazinho foi convidada para fazer um show na festa junina da EE Pedro Alexandrino. O sucesso foi tão grande que os dois receberam convite para montar oficina de Roda de Viola e de catira na escola. “Agora, todos os finais de semana o pessoal da melhor idade tem endereço certo para encontros e até para arrumar namorados”, revela Maria Nunes. Essa simpática senhora já ‘arrastou’ várias amigas para a Roda de Viola do Pedro Alexandrino. Dona Vilma Martins é uma delas. “Descobri esse local maravilhoso há pouco tempo e não vou perder mais um domingo”.
Até na época do recesso de final de ano, a comunidade da EE Província de Nagasaki procura o Escola da Família. “Os alunos e participantes vão direto à minha casa obter informações ou passar a noite de Natal comigo”, conta Alice. A educadora mora em frente à escola. Filomena revelou que o Escola da Família da Nagasaki está organizando uma festa para o dia de Natal. “Já que somos uma grande família, vamos passar todos juntos nesta data. Vamos preparar um evento bem bacana e tenho certeza que será inesquecível”.
Da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
