Entrevista do governador Mário Covas durante blitz realizada na Zona Leste da Capital

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sex, 07/04/2000 - 17h30 | Do Portal do Governo

I Parte

Pergunta: Inaudível

Covas: A polícia tem feito isso com uma certa constância e vai continuar fazendo. É evidente que essas coisas não são feitas com anúncios antecipados. Mas, estão sendo feitos já de uma longa data. Agora aqui, por exemplo, já recebi a notícia de que recentemente em São Vicente, pegaram 60 carros roubados. E, não sei se você sabe, mas o crime que mais se comete em São Paulo hoje é o roubo de carros. Este é o crime que mais aumenta e portanto atuar nesta área é importante.
A gente precisa rever certas leis, até mesmo leis federais, vamos ver se a polícia sugere isto. O balanço eles dão aí para vocês, se prendeu gente, se multou gente aí à vontade, essa mercadoria vai ser toda carregada daí. É fácil de ver que isso é…

Pergunta: Governador para se acabar com um desmanche é preciso fechar o desmanche. É possível para o Governo do Estado, via Secretaria da Fazenda, fechar estes desmanches?

Covas: Não, não é necessariamente obrigado a fechar o desmanche. Mas se é a mesma coisa, você pode falar para qualquer outra atividade. Lógico que você acaba a atividade de bebida se não tivesse bar nenhum, vai fechar os bares? Não, não vai fechar os bares.

Pergunta: Não tem como fechar?

Covas: Não tem como estabelecer. Aqui estão juntas a Secretaria da Fazenda, a Polícia, está junto o Instituto Médico Legal. Estão todos eles em comum trabalhando, fazendo essa blitz aqui. Não dá para fazer isso todo dia, até porque se fizer amanhã não vai render nada aqui. Porque o que tinha que ser feito aqui foi feito hoje. Mas, isso vai ser feito em toda a cidade, em todo o Estado, não apenas neste setor. No combate à droga, no combate às armas, ao porte de armas. Eu não posso, eu digo a vocês e vocês não acreditam muito, mas eu digo que o trabalho da Polícia tem sido cada dia mais eficiente. E, a melhor prova disto é que a gente prende hoje nove mil pessoas por mês. O povo não paga imposto suficiente para a gente fazer penitenciárias. Nós fizemos tantas vagas quanto fizeram em cem anos em São Paulo, e as delegacias estão cheias. Está certo que está se prendendo mais, quando eu assumi prendia-se 2.000 pessoas, agora estamos prendendo nove mil por mês. Agora está-se tendo muito critério, uma articulação muito grande em toda administração, aqui e em outros lugares, certamente está-se fazendo com muito critério. E eu tenho a impressão de que a gente vai poder, até mesmo remodelando certos aspectos da lei, por exemplo a multa que se cobra aqui é uma multa muito baixa, de acordo com a legislação que nós temos. Isso é o que a gente pode mudar tranqüilamente. Sem que a gente acabe com a atividade econômica legítima, a gente pode perfeitamente criar condições para eliminar estas coisas. Eu sei dizer que nunca haverá demasia. Mas, você pode combater com muita eficiência este tipo de contravenção. Você veja que o pessoal é bem organizado, eles acabam de encontrar. Não sei como eles encontraram, mas a Polícia encontrou. Porque lá atrás de uma parede, em cima da qual tinha tambores, havia uma quantidade de motores de carros roubados recentemente. Nós encontramos em alguns lugares carros que foram cortados hoje de manhã, que estavam acabando de ser cortados.

Pergunta: Governador, essa operação é uma resposta à CPI do Narcotráfico?

Covas: Não, a CPI do Narcotráfico faz o papel dela, e acho que deve fazer mesmo. E é bom que faça e se tiver alguma contribuição para dar para gente, estamos prontos a aceitar. Não é resposta para ninguém, a resposta é quanto à obrigação que a gente tem com a população de São Paulo. Não tem resposta nenhuma, não estamos atrás de satisfazer algo que se realiza por si próprio. Tanto a Assembléia, quanto a Câmara Federal, que hoje exercem atividades de CPI ligadas a isso, fazem muito bem e eu não vejo porque não façam. E quando puderem dar contribuição a gente não recebe isso como ofensa não, pelo contrário.

Pergunta: Governador, e sobre os nomes dos policiais que a cada dia surgem como suspeitos de envolvimento de corrupção. Qual a atitude que o governo vai tomar? Só após as investigações que estes policiais serão afastados?

Covas: A menos que você tenha uma razoável dose de convicção de que isso aconteceu. Por exemplo, desapareceu um cadáver de uma moça lá na Baixada, desapareceu esta madrugada. Desapareceu no camburão da polícia. Eu mandei demitir quem está lá. Cada um é responsável, onde é que se viu, não dá para sumir um cadáver, como é que é isso. Bem, mas eu não posso a cada telefonema que se recebe, você pode colocar sobre verificação [Inaudível.] o cidadão perde o emprego. Vocês já tiveram a curiosidade de saber quantas pessoas foram mandados embora da Polícia nos outros governos? Porque no meu, só neste período, foram embora 1.900 da Polícia Militar e 600 da Polícia Civil, todos eles objetos de investigação interna. Quando há alguma coisa, a gente tem interesse em saber. Isso pode ser visto tranqüilamente com a convicção de que as providências que devem ser tomadas são. Mas, não dá para a gente a cada telefonema que recebe tomar uma providência e mandar embora alguém que está trabalhando, senão você cria uma instabilidade extraordinária. A não ser que você tenha uma dose razoável de convicção de que existe uma razão para isso.

Pergunta: Alguns policiais que estão sendo investigados não podem sair das ruas e ir para atividades burocráticas?

Pergunta: Como é na Polícia Militar, em que o policial suspeito é colocado no setor administrativo. Na Polícia Civil isso não acontece, por quê?

Covas: Não é sempre que acontece não. Não é colocado assim. Só é colocado quando se tem convicções razoáveis de culpa. Não pode. Eu telefono para o seu jornal e digo que você foi pedir dinheiro para alguém para dar uma notícia a favor do cara, o jornal te põe na rua? Não põe. O máximo que ele faz é te investigar. Se chegar à conclusão de que isso é verdade, aí você é penalizado, senão cada inimigo seu vai fazer isso. Não dá para a gente viver numa sociedade assim, e não dá para viver numa sociedade da impunidade. Mas, eu estou te mostrando que no meu governo já foram 2.500 policiais entre civis e militares para a rua e todos eles com inquérito. Todos eles porque as Corregedorias e os órgãos competentes verificaram e chegaram à conclusão de que deviam ir. Não misturem, não venham com banda podre aqui para cima da gente, que aqui não tem esta história de banda podre. Essa não é uma coisa boa. Se um pudesse copiar Copacabana vá lá, mas copiar isto, nós não precisamos copiar do Rio.

Dentro de instantes II parte da coletiva