Entrevista do governador Mário Covas após reunião com representantes da Fifa e do Comitê Brasil 2006

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seg, 17/01/2000 - 13h05 | Do Portal do Governo

Segue a íntegra da entrevista coletiva do governador Mário Covas, concedida nesta segunda-feira, dia 17, após a reunião com representantes da Fifa e do Comitê Brasil 2006

Repórter – (…) as chances do Brasil?

Covas – São muito fortes, com prestígio internacional e visitantes de todo o mundo. Mesmo aqueles que não são classificados acabam fazendo da Copa do Mundo a sua tarefa de lazer. Então eu acho que esse evento, como afinal acontece com outros eventos dessa natureza, a Fórmula 1 e Olimpíadas, são de grande significado esportivo e trazem ainda vantagens financeiras para a hotelaria, gastronomia, transportes e empregos, sem dúvida nenhuma, empregos. Eu acho muito significativo porque abre horizontes para o País. De forma que é sempre fator de atração e redunda em uma série de vantagens.

Repórter – O senhor tem idéia de quanto seria investido em São Paulo caso o Brasil seja a sede?

Covas – Não sei se haverá necessidade de construir mais estádios. A capital tem dois bons, sem falar nos do interior, que poderiam ser aproveitados. Sem falar nos outros Estados: no Rio Grande do Sul temos o Beira-Rio, em Minas Gerais temos o Mineirão. Temos estádios de alta qualidade em todo o Brasil, no Nordeste, no Norte, enfim. Sem contar o Maracanã, que é o maior do mundo.

Repórter – Governador, parece que a questão não é só de estádios. A cidade teria condições de segurança, trânsito, para sediar um evento como esse?

Covas – Tem todas as condições…

Repórter – Governador, gostaria que o senhor me dissesse o que foi discutido na reunião.

Covas – Não foi discutido nada de especial. Eles vieram aqui fazer uma visita, como devem fazer a todos os lugares que são candidatos. E dentro do Brasil vão visitar outros Estados. E eles vieram examinar as condições ligadas à saúde, transporte e segurança, voltadas para a realização da Copa do Mundo.

Repórter – Perdão insistir no tema, mas o senhor disse que não seriam necessários grandes investimentos para sediar um evento como esse. Eu vou citar um exemplo: na questão dos transportes, não há metrô até o Morumbi, não há um transporte fácil…

Covas – Não há metrô até o Morumbi mas há duas linhas em construção que chegam às imediações do Morumbi. A linha que vai para Capão Redondo e a que vai para Vila Sônia. Esta ainda não começou, mas ficaria pronta até 2006. Eu não posso responder por adiante de 2002, mas ela tem condições de estar pronta até 2006.

Repórter – E quanto à questão do investimento em segurança e saúde, o Estado faria algum?

Covas – Em relação à saúde, eu não sei se outros lugares do mundo apresentam um complexo de saúde como a cidade de São Paulo apresenta. Seja em termos de Universidades, em termos de Hospitais Públicos, em termos de número de leitos, de velocidade média de atendimento… A velocidade média nesses eventos é de cinco minutos entre o cidadão ter o acidente e ser levado ao atendimento médico.

Repórter – Aqui?

Covas – Sim, isso é aqui. É uma experiência que tem ocorrido até com os eventos de futebol aqui, que em termos de público não deixam nada a dever a uma Copa do Mundo. Por outro lado você verifica que do ponto de vista de segurança, no que se refere aos estádios, até se alcançou um grau de … nós temos torcidas que se degladiam não apenas no berro, mas de forma mais agressiva no final do jogo. Mas dentro do campo tem muito tempo que nós não temos tiros. Nós operamos, nos jogos, com 370 policiais dentro do campo e 70 fora do campo. Não há problemas para enfrentar isso.

Repórter – O que ficou acertado com eles?

Covas – Nada. Eles devem estar visitando todas os países candidatos. Vieram aqui para obter informação, e não para firmar compromisso.

Repórter – Mas o senhor deu garantias a eles de que São Paulo teria condições?

Covas – Não, não dei garantias, dei informações.

Repórter – Governador, e quanto a essa argumentação de que o País teria outras prioridades, com enorme carência na área social…

Covas – Em 1950 tinha mais prioridades. Estava mais distante das prioridades do que hoje.

Repórter – O próprio Pelé parece que não está muito favorável.

Covas – Parece que ele defende que seja realizado na Alemanha. E o presidente, que nasceu aqui, foi presidente da Fifa não sei quantos anos, acho que já era presidente da Fifa antes de eu nascer. Mas ele é a favor da Inglaterra.

Repórter – Mas o senhor concorda com o Pelé?

Covas – Não, a minha posição é outra. Mas isso não significa que ele passe a ser pior jogador por causa disso. Deixa de ser o melhor do mundo por causa disso. O Pelé tem todo o direito de discordar de mim, e às vezes com muito mais razão.

Repórter – O Brasil ganha mais que perde, sediando um evento dessa natureza?

Covas – Se for capaz de realizá-lo, no final dá um balanço positivo.