Entrevista coletiva do governador Mário Covas no Palácio da Justiça

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qua, 02/02/2000 - 20h12 | Do Portal do Governo

Repórter – No seu artigo publicado sábado, o senhor disse que quem acaba pagando é São Paulo.

Covas – São Paulo não. O consumidor paulista. Imagine a Ford na Bahia. Ela vai vender, do que ela produz lá, 3%. O resto vai vender em outro lugar, provavelmente 50% aqui em São Paulo. Na hora em que o imposto for cobrado no destino e não na origem, a Bahia vai ficar com 3% do imposto. Ela não tem como devolver o dinheiro. A mercadoria produzida em um Estado qualquer é importada para outro lugar e quando ela transfere, o produto vem com 12%, mas ela leva embutida um crédito de 12% que o Estado já pagou para o local de origem. Quando chega aqui, seu consumidor paga isso e o tributo é devolvido lá. Nesse caso, quem está fazendo um favor fiscal é o consumidor que paga o imposto que é recolhido, só que é devolvido. E os caras só acham como mecanismo de crescimento econômico, esse mecanismo. Financia, cria fonte de financiamento para investimento para o Nordeste.

Repórter – Mas isso depende quase que obrigatoriamente do Governo Federal?

Covas – Sim, mas depende do Congresso também.

Repórter – O próprio BNDES tem financiado também a guerra fiscal.

Covas – E muito. O Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia recebem 3% de fundo perdido da Receita Federal. E como São Paulo contribui com 50% dessa receita, o Estado está dando 1,5% disso.

Repórter – O senhor diz que está faltando uma política geral de desenvolvimento?

Covas – Falta uma política industrial, de desenvolvimento econômico. Não venha me dizer que isso é uma política de rico contra pobre que isso é papo. Quem tem mais interesse em que todos fiquem ricos é São Paulo. Porque ele é o maior produtor, portanto, ele é que é comprador.

Judiciário

Repórter – Quais serão as ferramentas que o Poder Judiciário poderá dispor do Poder Executivo para ajudar na celeridade jurisdicional de São Paulo?

Covas – O senhor não acha que todos esses problemas políticos em torno do Ministério do Desenvolvimento, que acabou esvaziando um pouco a pasta, também não contribuem para isso tudo?

Covas – Acho sim. Pela minha vontade o Ministério estaria funcionando logo depois da eleição e até já teria um nome de excelente qualidade para ocupar.

Repórter – Quem?

Covas – O Mendonça de Barros. Não é que o ministro Alcides Tápias não seja um bom nome, mas em face das circunstâncias, ele já foi balizado, com todo os acontecimentos anteriores. Mas até acho que ele está trabalhando bem.

Repórter – O ministro Tápias esteve ontem em São Paulo, o senhor conversou com ele?

Covas – Estive com ele sim, na solenidade da Bolsa de Mercadorias e Futuros. Não falamos nada, só nós encontramos na solenidade.