Entrevista coletiva do governador Mário Covas no Palácio da Justiça

(Com foto) - Parte I

qua, 02/02/2000 - 18h31 | Do Portal do Governo

Perueiros

Repórter …..inaudível

Covas – O Pitta foi eleito pelo povo, eu fui eleito pelo povo. Ele faz aquilo que ele acha que deve ao povo e eu também. Cada lugar que eu vou agora, vocês botam o Pitta em um canto e eu no outro, e ficam fazendo intrigas, e no dia seguinte, escrevem nos jornais que ‘Covas e Pitta bateram boca’…

Repórter – Como é que fica a população no meio desse impasse entre o senhor e o prefeito?

Covas – Não tem nenhum impasse. A polícia faz o seu papel, e vai continuar fazendo.

Repórter – O senhor vai dar apoio ao município com relação aos perueiros?

Covas – Mas o que é dar apoio? É ir atrás dos fiscais da prefeitura? Você acha que a polícia existe para prender perueiro. A população existe para dar garantia à população. Quando o perueiro fizer alguma coisa que seja contra a lei, ela entra e atua. Mas ela não vai andar atrás de fiscal para prender perua. Só faltava essa! Numa cidade em que se reclama da segurança, pedir que a polícia trate de perueiro. Amanhã vão pedir que cuidem dos fiscais de feira, e depois vão pedir que tratem do Pitta para protegê-lo. A polícia faz o que é da sua obrigação.

Repórter – E o senhor acha que ônibus incendiado precisa esperar pegar fogo para depois chamar alguém?

Covas – Não precisa. Quantos ônibus você acha que tem em São Paulo. Dez mil? Põe um policial atrás de cada um deles. É isso que você acha, me responda o que eu estou lhe perguntando. Quando tocarem fogo em algum ônibus você me avisa, e aí a polícia vai lá e prende.

Repórter – Mas é o secretário dos Transportes quem está falando isso.

Covas – O secretário dos Transportes não está dizendo nada. O que ele disse é que ele quer a polícia fazendo as vezes dos seus fiscais. E vocês, como não gostam da polícia, ficam cobrando a polícia disso. Eu estou falando particularmente da Bandeirantes.

Repórter – Mas o papel da polícia é esse.

Covas – O papel da polícia é proteger, e é isso que ela tem de fazer….o que não pode é a polícia andar atrás de fiscais para ver se o cara tem licença ou não para dirigir. Isso não é lógico. Vocês que reclamam da segurança não podem nunca pedir esse tipo de ação. Vocês podem pedir a atuação da polícia quando um perueiro cometer alguma ilegalidade.

Repórter – O prefeito Celso Pitta quer armar a guarda civil. É atribuição do Estado o policiamento ostensivo, o senhor vai aceitar que a guarda civil faça o papel do Estado?

Covas – Não me interessa. A polícia vai continuar fazendo o papel que ela sempre fez. Se o Pitta vai armar ou não a guarda civil, não me interessa. Só não vai me tirar o serviço de saneamento. Isso ele não vai fazer. Uma boa idéia seria que ele pagasse o que deve do Rodoanel, ou o que deve para a Sabesp que são R$ 100 milhões. Mas isso não tem importância, o que interessa é saber se a gente vai atrás dos fiscais ou não; se nós damos a garantia para o fiscal multar ou não.

Repórter – Então, como está o relacionamento do senhor com o prefeito Celso Pitta?

Covas – Olha, meu relacionamento com o Pitta é tão bom que a primeira conversa que ele teve para negociar a dívida com o Governo Federal foi porque eu intermediei junto ao presidente Fernando Henrique para recebê-lo.

Repórter – Hoje não mudou nada?

Covas – Não. Mas vocês só fazem fofoca. Só querem saber quem briga com quem….

Guerra Fiscal

Repórter – Governador, o senhor vai a Brasília….(inaudível)

Covas – Eu não sei. Por enquanto eu só li isso no jornal…

Repórter – Se vier o convite?

Covas – Com a maior honra.

Repórter – O que o senhor vai falar?

Covas – Sei lá. Eu não sei o que vão perguntar. Mas eu acho que basta ler a lei. Me surpreendeu ler hoje nos jornais que o presidente da comissão está dizendo que não existe nenhuma norma legal para isso. Tem sim, eu já dei a lei para vocês.

Repórter – Na sexta-feira tem a reunião no Paraná.
Covas – Vou sim ao Paraná. Primeiro porque é Estado limítrofe, segundo, o governador é meu amigo, e terceiro, se eu não for, vão dizer que eu estou com medo de ir.

Repórter – Qual a posição que o senhor vai defender em relação aos demais governadores.

Covas – Eu tenho a impressão de que eles não vão falar em guerra fiscal. Pelo menos na agenda que me mandaram, não consta esse assunto.

Repórter – Mas o Estado do Paraná é um dos que mais tem assediado empresas em São Paulo. Não é uma situação constrangedora?

Covas – De maneira nenhuma. Minha família mora lá, minha mãe está enterrada lá, de forma que seria uma boa ocasião para eu estar lá. Em segundo lugar, é um encontro com todos os governadores. Por que eu vou faltar?.

Repórter – Mas, o senhor vai levar a questão da guerra fiscal?

Covas – Eu não. A não ser que o assunto venha. Mas eu não vou tomar a iniciativa de falar, ela não vai ser resolvida ali?


20000202z250_coletivapalaciodajustica.zip