Entrevista coletiva do governador Mário Covas, nesta quarta-feira, dia 20, após cerimônia de inaugur

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qua, 20/12/2000 - 20h44 | Do Portal do Governo

A seguir trechos da entrevista do governador Mário Covas concedida após cerimônia de inauguração do novo Centro de Controle Operacional do Sistema Anchieta-Imigrantes, nesta quarta-feira, dia 20.

Repórter – Governador, é o primeiro evento público que o senhor está participando depois de ter deixado o hospital. Primeiro evento externo. Como é que o senhor está se sentindo?

Covas – Por enquanto, inteiro. (risos)

Repórter – A Assembléia aprovou um projeto criando a universidade da Baixada. O senhor vai vetar ou sancionar?

Covas – Não decidi ainda. Mas vetando ou sancionando, como o projeto é meramente ‘autorizativo’, ele não obriga a fazer. Ele autoriza a fazer. De qualquer maneira, eu já falei para vocês e continuo falando. No meu Governo eu não faço. Olha, governar é como manter uma casa. Você não pode jogar todo o dinheiro apenas numa despesa. Precisa dividir para todas as coisas. Você gasta 10% para isso, 10% para aquilo, 20% para aquele outro. O Estado de São Paulo gasta com as universidades 10,57% do imposto que arrecada.

Repórter – Permanece aquele argumento que o senhor havia dito?

Covas – Permanece, sim.

Repórter – Governador, 173 menores fugiram da Febem de Parelheiros. Que providências o senhor determinou nesse sentido?

Covas – O que se determina sempre. Verificar quem favoreceu isso porque as armas que vão lá para dentro vieram de fora.

Repórter – O senhor acredita que pode ter havido participação de algum funcionário?

Covas – Lógico que pode ter havido. Não houve necessariamente, mas pode ter havido, sim.

Repórter – O senhor está satisfeito com o comando da Febem? Recentemente nós tivemos o episódio do Batoré. O senhor determinou que todo menor teria que ser transportado com escolta policial. No dia seguinte aconteceu de novo o mesmo episódio. O senhor está satisfeito com os rumos da Febem?

Covas – Não, não estou.

Repórter – O que o senhor pretende fazer sobre isso?

Covas – Eu estou cuidando de mudar isso.

Repórter – Mudar o quê, a diretoria?

Covas – Não, a diretoria não. A diretoria não precisa todos, mas algumas mudanças vão haver lá.

Repórter – Dá para o senhor anunciar alguma coisa já?

Covas – Não.

Repórter – O senhor colocou fogo na sucessão presidencial quando o senhor defendeu a candidatura de Tasso Jereissati. O senhor esteve reunido anteontem no Palácio dos Bandeirantes com o ministro Serra. O senhor conversou com ele sobre sucessão? Como é que foi essa conversa do senhor com o ministro?

Covas – Quando você pergunta como é que foi a conversa, você pressupõe que houve conversa. Não houve nenhuma conversa.

Repórter – O senhor esteve reunido com ele antes da cerimônia, não?

Covas – Estive, mas estive junto com ele, com o pessoal da Secretaria. Nós estivemos falando sobre SUS, sobre dinheiro que vai vir para São Paulo. Sobre as dificuldades que isso representa, o que está representando sistematicamente, porque embora o dinheiro do SUS seja mandado pelo Governo Federal, quem distribui é o Governo Estadual. E o Governo Federal diz: aumentou o dinheiro esse ano. Só que o dinheiro que aumentou esse ano não dá para pagar todo mundo e, portanto, como quem distribui é a Secretaria, o que acontece no final é que nós ficamos sendo cobrados por uma coisa que não temos mais o que definir. Então, eu pedi ao ministro que, nós não nos importamos em fazer todo o trabalho, toda a relação etc., mas o Governo Federal diz para quem dar e quanto dar para cada um.

Repórter – E sobre sucessão, o senhor não chegou a conversar com ele?

Covas – Não.

Repórter – O senhor praticamente lançou o Tasso como candidato do PSDB. A gente sabe que para sucedê-lo, a sua preferência é pelo Geraldo Alckmin. Onde vai ficar o ministro José Serra? Onde ele fica na sua opinião?

Covas – Onde ele vai ficar na minha opinião? Só tem dois cargos na política brasileira?

Repórter – O senhor acha que ele devia concorrer a qual cargo, então?

Covas – Eu não acho. Ele concorre ao que ele quiser.

Repórter – Ao Senado de novo?

Covas – Não sei. Ao Senado ou qualquer outro. Eu, o que defendi foi a idéia de que no meu entender, o PSDB devia deixar bem claro que teria candidato a presidente. Que teria candidato próprio e na posição preferencial. Se ele
fizer alianças, a posição de candidato à presidência, o PSDB terá.

Repórter – Mas o senhor defendeu o nome de Tasso como preferencial do partido?

Covas – É verdade. Mas a tese principal não era quem é que iria defender. A tese principal era que nós devíamos desde logo decidir sobre um nome e trabalhar em cima desse nome. Daqui a pouco todo mundo lança candidato, portanto as negociações ficam muito mais difíceis para nós.

Repórter – Por que Tasso e não Serra?

Covas – Por que o Serra e não o Tasso?

Repórter – Prefere o Tasso?

Covas – Não é preferência. Eu tenho com o Serra, todo mundo sabe, a melhor relação possível. Não tenho nada contra o Serra. Se ele conquistar o partido, sem dúvida que é ele.

Repórter – Mas não conquistou o senhor?

Covas – Sobre o quê?

Repórter – Sobre a candidatura a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Covas – Não, eu tenho visto a candidatura dele nos jornais, feita por vocês. Para mim é campo de referência suficiente. Mas ele nunca… Aliás, eu achei que uma das coisas … (inaudível) ele dizia que não tinha medo de ser candidato, não tinha medo de não ser candidato numa entrevista que deu. Aquilo me estimulou demais. (referindo-se a uma entrevista de Tasso)

Repórter – O senhor falou sobre prazos, que seria bom para o partido que fosse lançado o quanto antes porque todos já estavam colocando candidaturas. Quando que o senhor acha que isso deve ser feito oficialmente já que até agora só se fez especulações?

Covas – O mais cedo possível. Eu acho que o candidato, nosso candidato, nós devemos escolher logo. Não para começar a campanha. Simplesmente porque eu acho que o candidato deve ser escolhido logo. Nós temos que colocar a candidatura.

Repórter – É o Tasso, na opinião do senhor?

Covas – É, estou defendendo o Tasso.

Repórter – O senhor ficou incomodado com o fato de uma ex-assessora, que coordenava o grupo de assessoria especial ter assumido uma secretaria no governo de Marta Suplicy, no caso, Stela Goldstein?

Covas – Não, não estou incomodado. Eu acho que ela foi convidada, resolveu aceitar, portanto está lá.

Repórter – Mesmo tendo pedido demissão por meio de uma carta?

Covas – Ela pediu para falar comigo, mas eu estava naquela fase (inaudível).