Entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de novos trens alemães adquiridos pela CP

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sex, 10/11/2000 - 19h06 | Do Portal do Governo

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Repórter – Segundo o Sindicato, um índice alto dos funcionários da Febem apresentam problemas psicológicos. Dizem que não há condições para se trabalhar lá. O que o senhor acha disso?

Covas – Se funcionário acha que não têm condições de trabalhar lá, então quem tem condições? Quem faz ter condição ou não são os funcionários que trabalham lá.

Repórter – Mas eles têm condições para um trabalho adequado?

Covas – Qual a condição que falta? Segurança? Mas lá você não pode entrar armado, nem mesmo com um cassetete..

Repórter – E quanto ao funcionário que morreu semana passada e outro com arma branca dentro da Febem…

Covas – É verdade. E cada vez que você entra com a Polícia para desarmar, vocês e algumas instituições põem a boca no mundo, que os meninos estão sendo maltratados.

Repórter – O senhor acha que a Polícia deve entrar lá dentro para desarmar?

Covas –Em certas circunstâncias só a Polícia que resolve mesmo.

Repórter – Com tropa de choque?

Covas – Lógico que com tropa de choque. Você já viu até agora alguns jovens, alguns adolescentes serem mortos. Todos eles foram mortos por outros adolescentes. Agora, quando você vê um funcionário ser morto, ele foi morto por um adolescente. Em certas circunstâncias não há outra alternativa se não Polícia mesmo. Porque ninguém segura. Agora, ao mesmo tempo em que você pergunta: os funcionários não têm segurança, manifesta estranheza que em certas circunstâncias a Polícia tenha que entrar? Como é faz quando os meninos sobem lá no telhado, jogam um lá de cima, cortam o pescoço do outro… Como é que faz?

Repórter – Mas e a reformulação que o senhor havia prometido…

Covas – Ela está sendo feita, nós temos 13 novas unidades feitas, mais 12 em construção, e são unidades pequenas. Mas isso não se constrói do dia para a noite. É demorado mesmo.

Repórter – Como o senhor viu a apresentação da bancada tucana de 1% para taxa de remanejamento apesar do senhor ter dito algumas vezes, mas não veementemente, que defendia alíquota de 8% ou 10%. O senhor falou que seria uma alíquota …

Covas – Não falei que alíquota é e nem me cabe falar. A mim só interessa falar alíquota no que se refere àquilo que fizerem com relação ao orçamento do Estado. Isso é assunto lá para o …

Repórter – Mas como o senhor viu …

Covas – Bem, eu acho 1% muito exíguo. Acho que deixa muito sem margem de manobra a quem governa, tem apenas a possibilidade de modificar 1%. Vou exemplificar porque isso. Ano passado, por exemplo, teve uma enchente no Vale do Paraíba. Todo mundo correu atrás do Governo para construir casas, fazer uma porção de coisas. Mas você não tem verba no Orçamento para aquilo. O único jeito é transferir de um lado para outro.

Repórter – Justamente para critério emergencial, não é?

Covas – Sim, mas vamos admitir que você tenha uma enchente como já se teve no Vale do Ribeira, no Vale do Paraíba, como tivemos em Campos do Jordão, enfim, onde a necessidade seja grande. O único jeito que se tem de atender essas coisas imediatamente é pegar a verba de outro lugar e transferir para onde se pode fazer isso. Então, se tem uma certa margem de manobra razoável.

Repórter – O senhor chegou a ser consultado pela bancada?

Covas – Não, nem a bancada tem de me consultar. Eu não sou, não sou patrono.

Repórter – Sim, mas para isso o senhor é o mentor do PSDB em São Paulo. O senhor não vai dar nenhuma orientação à bancada?

Covas – Não. A bancada não precisa de mim para orientação. A bancada tem autonomia e é que nem a universidade, tem autonomia.
Com licença agora eu vou ver o Poupatempo aqui de Santo Amaro. Quem de vocês já viu? … Ninguém viu, é uma vergonha isso.

Repórter – Eu já utilizei.

Covas – Você utilizou para quê?

Repórter – Para tirar cópias de um documento do carro. Levei 10 minutos.

Repórter – O número de Poupatempos em São Paulo é pouco, muito …?

Covas – Bem, nós já atendemos 16 milhões de pessoas somadas as unidades existentes.