Entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de novos trens alemães adquiridos pela CP

Parte II

sex, 10/11/2000 - 17h16 | Do Portal do Governo

Entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de novos trens alemães adquiridos pela CPTM

Parte II

Repórter: Não, mas foi dada uma liminar que impede a circulação dos trens.

Covas: Quer dizer, a sua opinião como jornalista é que a gente deve deixar de dar transporte para 800 mil pessoas mesmo atendendo o que a juíza mandou?

Repórter: É uma decisão judicial.

Covas: Bom, mas é uma decisão judicial que foi cumprida. Qual é a decisão judicial?

Repórter: Existe uma liminar…

Covas: Que decisão judicial? Não, não impede a circulação. Determina que antes da circulação tem que ter os calços. Como tem os calços, não tem que deixar de circular.

Repórter: E quando foram providenciados os calços?

Covas: Há muito tempo já que tem os calços. Desde que acontece o acidente que tem os calços. Não tem só os calços, tem inclusive as instruções de como deve funcionar com relação a isso, tem treinamento para o pessoal, etc. E cada trem dispõe de calço. O que o advogado reclamou é que queria que provasse a existência de calço. E a juíza disse que não tendo os calços, não pode funcionar. Acontece que têm os calços e portanto pode funcionar.

Repórter: Naquele acidente parece que não tinha, né?

Covas: Não, não tinha. Naquele trem não tinha.

Repórter: Aconteceram mais uns dois ou três acidentes na linha depois daquele.

Covas: Não, acidente não teve.

Repórter: Governador, eu queria voltar. Esse um bilhão de investimentos é em que, no metrô e nos trens, ou não? Eu não entendi.

Covas: Um bilhão e duzentos milhões é o investimento para fazer essa linha lilás, que sai daqui (Vila Madalena) e vai até Capão Redondo.

Repórter: Quantas pessoas vão poder circular … (inaudível)?

Covas: Não sei, eu sei que hoje o metrô transporta 2 milhões e 600 mil passageiros por dia. Hoje. Na medida que você vai expandindo a linha ou na medida que você vai fazendo ligação. Vocês (referindo-se aos repórteres) acabaram de fazer uma viagem. Da estação de Vila Madalena até a estação aqui (estação Largo 13), e não é aqui que a perua vem, ela vai naquela outra estação onde nós passamos em primeiro lugar, na Cidade Universitária. A perua leva dez minutos, hoje ela teve que pegar a Faria Lima e demorou, mas ela leva dez minutos.

Repórter: Esse um bilhão e duzentos…

Covas: Quatrocentos milhões é do BID (Bando Interamericano de Desenvolvimento) e o restante é do Tesouro.

Repórter: As universidades paulistas estaduais fizeram um pedido de quarenta milhões de verba suplementar que ainda precisa ser aprovado logicamente pela Comissão de Finanças e votado no plenário, mas o que o senhor acha disso? O senhor estaria disposto a dar essa verba?

Covas: Não. As universidades ganhavam no começo do ano, recebiam pela arrecadação, porque elas recebem pela arrecadação, elas recebem 9,57% de tudo que se arrecada, de forma que quando aumenta a arrecadação, aumenta o que elas recebem, como aumentou esse ano.

Repórter: Elas dizem que não seria suficiente.

Covas: Está bem, então as universidades devem acompanhar ao pedido o seguinte: o senhor tire da Segurança 40 milhões e passe para as universidades, ou então o senhor tire da Educação, ou o senhor tire da Saúde e passe para as universidades.

Repórter: Eles sugerem, a emenda que foi proposta sugere que seja retirado da CPTM.

Covas: Ah, não. De jeito nenhum. De jeito nenhum.

Repórter: Não daria para dar nada mesmo?

Covas: Nós damos 190 milhões por mês.

Repórter: Mas suplementar nada?

Covas: Mas isso aí é muito mais do que se pagava no começo do ano.

Repórter: O dinheiro da privatização do Banespa não pode ser usado para investimento…

Covas: O dinheiro da privatização do Banespa não vem para o Estado. O dinheiro da privatização do Banespa vai para a União, que é a dona do banco.

Repórter: Como o senhor está vendo toda essa discussão em relação ao plebiscito em relação à privatização do Banespa?

Covas: Plebiscito?

Repórter: Os funcionários querem um plebiscito para a população…

Covas: Não sei, não é coisa que nos toque. Eu não vejo como uma decisão da Assembléia Legislativa de São Paulo para que se faça um plebiscito pode obrigar o Estado a obedecer, porque o Estado não é mais dono do Banespa. Quem é dono do Banespa é a União.

Repórter: O senhor acha que o Banespa foi subavaliado, que está com a avaliação baixa?

Covas: Na nossa avaliação não foi. Na avaliação que nos serviu não foi subavaliado.

Repórter: O senhor acha que o valor que está estipulado é o correto?

Covas: Não sei o que eles fizeram. No instante que isso ficou por conta do Banco Central, não é mais meu assunto. Eu sinto muito que nós não pudéssemos ter assistido, por obra e graça daquela ínclita figura do Everardo Maciel, que deu uma multa no Banespa durante um período que a União estava tomando conta do Banespa de dois bilhões e oitocentos e acabou atrasando a privatização. Bom, nós tínhamos 20% para pagar para a União e portanto nós acabamos fazendo o acordo com a União e passamos em definitivo o banco para a União. Recebemos e recebemos o que nos pareceu bastante adequado. Agora eu vejo alguém lá da universidade, da Unicamp, mais um partido a dizer que foi mal feito, etc. Até mesmo um promotor, que aliás tem falado algumas coisas fora de propósito. Se é pouco ou se é muito, não é meu problema mais.