Entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, após visita ao Programa Bem-Me-Quer, do Hospital

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qui, 08/03/2001 - 20h10 | Do Portal do Governo

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Pergunta: O senhor pretende convidar Dona Lila Covas para permanecer no Fundo Social de Solidariedade?

Alckmin: A Dona Lila é um exemplo de trabalho. Ela fez um trabalho belíssimo na área social, tem uma larga experiência. Inclusive um trabalho interessante: a Dona Lila, quase todo o trabalho, senão todo o trabalho dela no Fundo Social de Solidariedade, nunca onerou o Governo. Nunca gastou dinheiro público, o trabalho sempre foi feito em parceria com empresas cidadãs, com a sociedade civil organizada e com trabalho voluntário. E é isso que deve continuar.

Pergunta: Qual vai ser a marca dos seus dezoito meses de governo? Como é que a gente pode ver o governo Geraldo Alckmin?

Alckmin: O governo vai continuar se chamando Mário Covas. E os princípios vão continuar da austeridade. Aliás, uma observação: o ajuste fiscal nunca é uma obra acabada, sempre é possível você fazer um ajuste ainda maior. Buscar um custo-benefício melhor com o dinheiro público, reduzindo gastos na atividade-meio, colocando mais recursos para atividade-fim, reduzindo custos, melhorando a qualidade do serviço público. Este é um trabalho permanente. Ajuste fiscal não é obra acabada, é obra permanente. É claro que 90% dele já foi feito, mas nós vamos fazer mais ainda nesta linha. E investir na área social. Nós estamos aqui no Hospital Pérola Byington para conhecer o serviço público, que é para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Esse é o objetivo do Governo, e mostrar que o serviço público pode ter qualidade. Então, a austeridade, transparência, dizer a verdade, trabalhar perto da população, investir na área social e melhorar a qualidade do serviço público para a população.

Pergunta: Governador, qual a diferença do seu estilo e do Covas?

Alckmin: O meu estilo e do Covas? (Inaudível) dizia, ‘o homem é o estilo ou a mulher é o estilo’, mas não há nenhuma diferença, nos valores, nos princípios que devem nortear um Governo. O estilo é diferente, claro, até fisicamente. Uma vez eu vim aqui ao Hospital Pérola Byington, e o Governador Mário Covas havia se afastado para ser candidato a governador, e eu respondia pelo Governo. E ao sair deste hospital, eu passando o pessoal dizia: Governador, é por aqui, governador é por ali… e aí uma mulher falou: “Engraçado, o Mário Covas , pessoalmente, é mais magro”. (Risos.)

Pergunta: O senhor vai para a rua ou vai governar do gabinete?

Alckmin: Na rua, é claro.

Pergunta: O senhor reconhece a tortura na Febem?

Alckmin: Não há tortura na Febem, se houver um caso de tortura, pode denunciar.

Pergunta: O Presidente da Febem admitiu que tem tortura. Qual é a dificuldade com relação à Febem?

Alckmin: Primeiro, demos um grande avanço na Febem. A Febem tinha duas grandes unidades, Imigrantes e Tatuapé. Imigrantes não existe mais, já foi desativada, não tem mais um menor na Imigrantes. Tatuapé, que tinha dois mil menores, hoje tem menos de mil. O governo está construindo unidades menores. São José do Rio Preto está funcionando, Ribeirão Preto está funcionando, Campinas está funcionando, Sorocaba, Guarujá, São Vicente, unidades menores. Todas as regiões administrativas do Estado vão estar funcionando com uma agenda educativa. Menor perto da família, sociedade civil participando, parceria com organizações da sociedade civil com experiência e veja que os problemas estão diminuindo.

Pergunta: Os garotos em Franco da Rocha estão todos espancados.

Alckmin: Olha, não houve uma denúncia de tortura este ano, não houve uma denúncia de tortura no ano passado.

Pergunta: Então o presidente foi precipitado?

Alckmin: Não, ele disse o seguinte: houve denúncias de maus tratos, o governo abriu o procedimento administrativo e isso foi encaminhado ao Ministério Público. Foi isso que ele disse. O Governo não aceita tortura. Tortura é inadmissível, se houver um caso deve ser denunciado e o governo vai tomar as providências.

Pergunta: É Serra ou é Tasso para a presidência?

Alckmin: Não é hora de discutir. É bom que o partido tenha bons nomes, é bom que o PSDB tem bons quadros, grande governador, grande ministro, mas não é hora de discutir. Agora eu defendo trabalho, dedicação e governar.

Pergunta: O Tribunal vai decidir sobre uma eventual candidatura do senhor, isso quer dizer que o senhor já está decidido a concorrer?

Alckmin: Não. Estou dizendo que sobre a dúvida jurídica que você levantou, o PFL fez uma consulta que eu não sei o resultado, o PSDB não fez nenhuma consulta.

Pergunta: O senhor pretende fazer?

Alckmin: Não pretendo fazer, não vou fazer, não é minha preocupação.

Pergunta: Gostaria de retomar essa questão das organizações criminosas nos presídios. O fato do PCC ter feito uma homenagem ao governador Covas não é uma prova de que elas não foram desarticuladas com essa política de transferências do Governo?

Alckmin: Primeiro, a homenagem ao governador Covas é uma homenagem de todos. Ontem eu ouvi do Bispo Emérito de Santos, Dom David Picão, que uma consagração como o governador recebeu vai levar duzentos anos para haver outra, uma coisa tão espontânea, tão forte, com tanto carinho. Então, é de todos. Com relação a organizações criminosas, o Governo vai agir, aliás já está agindo, já desarticulou, transferiu dez, se precisar transfere mais.

Pergunta: Qual é o próximo passo?

Alckmin: Eu não vou antecipar passos de coisas que envolvem a segurança pública, mas o Governo vai ser firme, essa deve ser a maneira de agir de um governo sério.