Entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração das obras do Programa de Saneamen

Última Parte

ter, 22/05/2001 - 17h13 | Do Portal do Governo

Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta terça-feira, dia 22, após inauguração das obras do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga

Última Parte

Prefeitura e Governo do Estado

Pergunta – (inaudível) … teria falado à população quanto, durante a época da eleição, seria a união entre o Governo e a Prefeitura. Normalmente há uma série de divergências entre o senhor e a prefeita Marta Suplicy. Não é complicado isto? Afinal de contas o ideal para a população seria a união dos dois.

Alckmin – Você nunca ouviu de minha parte uma crítica à prefeitura. Certamente poderia fazer várias. Mas eu acho…

Pergunta – (inaudível)

Alckmin – Eu respondi aqui a uma indagação. Toda hora eu vejo nos jornais a prefeita criticando. Se ela critica tanto, o que eu posso concluir? Que a prefeita é ótima para criticar. Pena que não saiba prefeitar. É só andar na rua para ver como está a cidade.

Pergunta – O que o senhor quer dizer com isso?

Alckmin – Prefeitar é cuidar da cidade. Então, na realidade, o que é que acontece? Claro que nós não pensamos de maneira igual, se pensássemos igual estaríamos no mesmo partido. Claro que há visões diferentes, há divergências, mas isso não deve interferir no que depender do Estado. Não vai interferir nas coisas que digam respeito à cidade. Você vê, esse problema do rio Pinheiros, como é que pode alguém desconhecer? Com o trabalho que vem sendo feito desde o ano passado, que houve uma audiência pública há três meses com 300 pessoas, um projeto extremamente debatido. Então, por parte do Estado não há qualquer problema.

Pergunta – O senhor está magoado?

Alckmin – Não, não estou magoado não. Eu estou muito zen. Não estou criticando ninguém.

Desativação da Casa de Detenção

Pergunta – Governador, ontem o Governo do Estado conseguiu a verba para desativar o Carandiru e construir os 11 presídios. Como é que fica a operação urbana proposta pela Prefeitura, vai utilizar ou não?

Alckmin – Ontem não. Nós conseguimos isso há 60 dias. Eu havia anunciado isso em março: que em 30 dias nós apresentaríamos o projeto de desativação do Carandiru. Apresentamos um dia antes do prazo. Falei também que em mais 15 dias nós contratávamos as 11 empresas para fazer as 11 penitenciárias, nove fechadas e dois centros de progressão penitenciária. No 14º dia elas foram contratadas. Hoje, todas estão em obra, independente se o Governo Federal vai ajudar ou se a Prefeitura vai ajudar.

Pergunta – O senhor está contando com isso?

Alckmin – Não, não estou contando com ninguém, se não eu não teria anunciado. Vamos fazer isso independente de qualquer coisa, claro que eu pedi ao Governo Federal R$ 50 milhões, porque o projeto vai custar R$ 100 milhões. Há uma promessa do Governo Federal. Se cumprir, ótimo. Se não cumprir, nós vamos fazer do mesmo jeito. Em relação à operação urbana, trata-se de um processo lento. Eu já respondi dez vezes que o Estado está de acordo, podemos fazer a operação urbana. Precisa mandar a lei para a Câmara, precisa ser aprovada a lei, precisa ir atrás do setor privado. Leva três, quatro, seis, oito anos, você pode escolher. Então, se for ficar esperando operação urbana para arrumar recursos para desativar a Casa de Detenção, 2010, 2008, nós não vamos esperar. Nós já estamos fazendo o processo. A operação urbana é muito bem-vinda, porque ela pode ajudar o Governo a desativar o restante do Carandiru, que é a Penitenciária do Estado, o Centro de Observação Criminológica e o restante dos estabelecimentos penitenciários.

Rodoanel Mário Covas

Pergunta – Como é que ficou o Rodoanel? Vai ter mesmo um aditamento superior a 25% para concluir a obra?

Alckmin – É possível, porque se trata de uma obra que tem uma série de interfaces, como um lixão lá perto de Carapicuíba que teve de ser transferido. Tem reassentamento de milhares de famílias, porque a região é muito urbanizada. Mas para o Rodoanel deve chegar amanhã, quarta-feira, a primeira parte do Governo Federal, R$ 40 milhões. Chegando esses recursos poderemos acelerar um pouco mais a obra. Dentro de 60 dias será possível entregar a ligação Régis Bittencourt/Raposo Tavares. E toda a obra do Trecho Oeste até o primeiro trimestre do ano que vem.

Pergunta – Como é que fica a questão legal com o aditamento superior a 25%, que seria o máximo permitido para a obra?

Alckmin – Justifica. Há hoje inúmeros pareceres chamados “poder, dever”. Se você parar a obra, isso leva um ano e meio para retomar, então ela vai custar o dobro do preço. Fora o que se perde de terraplenagem, de obra feita. É dever do Governo concluir e entregar o mais rapidamente para a população poder utilizar.

Rodovia Fernão Dias

Pergunta – Governador, o senhor falou de conversas feitas com o Governo Federal a respeito da duplicação da rodovia Fernão Dias. O que trataram essas conversas?

Alckmin – A Fernão Dias é uma rodovia federal, uma BR, ligando São Paulo a Belo Horizonte, para a qual o Estado está colaborando com 25% das obras de duplicação no trecho paulista, embora seja uma BR. A parte do Estado já foi totalmente colocada. Nós não temos mais nenhum centavo para colocar. Os 25% foram concluídos, faltou a parte do Governo Federal, que é do Ministério dos Transportes. Chegando essa parte, essa obra pode ser retomada em 10 ou 15 dias, e com isso pode ficar pronta em cinco meses toda a duplicação da rodovia no trecho paulista.

Pergunta – Há alguma promessa para essa verba chegar?

Alckmin – Eu acredito que em questão de duas semanas – se confirmados os recursos – pode-se retomar a obra.

Pergunta – Governador, quanto tempo as obras da Fernão Dias estão paralisadas?

Alckmin – Desde a metade do ano passado.

Pergunta – Em relação ao Rodoanel, então, o senhor pretende tocar as obras, mesmo se houver uma contestação judicial?

Alckmin – Não, se a Justiça mandar parar é evidente que nós vamos cumprir.

Despoluição dos rios Tietê e Pinheiros

Pergunta – Governador, já foi definido o modelo de despoluição do Tietê e do rio Pinheiros?

Alckmin – O modelo de despoluição do rio Pinheiros é o que vai permitir termos uma água classe dois, porque aí melhora-se muito esse resultado. Pode-se fazer por flotação, por método tradicional. A flotação se faz de maneira mais rápida. Se fizermos com o setor privado, temos de licitar a obra e isso pode demorar um pouco. Nós estamos estudando uma maneira de, na primeira fase, fazer pelo próprio Governo. Emae/Sabesp ou Emae/Eletrobras ou Emae/Sabesp/Eletrobras. E a segunda fase com a iniciativa privada. Aliás, esse processo de flotação deu muito bom resultado no Lago do Ibirapuera. Há um córrego chamado Córrego do Sapateiro, que desce a Sena Madureira. Esse córrego é que enche o Lago do Ibirapuera e estava poluído. Foi feito tratamento por flotação e os resultados foram muito positivos.

Leia também:
Parte 1