Entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração das obras do Programa de Saneamen

Parte 1

ter, 22/05/2001 - 14h57 | Do Portal do Governo

Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta terça-feira, dia 22, após inauguração das obras do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga

Parte 1

Privatização da Sabesp

Pergunta – Governador, no discurso um líder comunitário chegou a dizer que é contra privatizar a Sabesp e o senhor aplaudiu. Existe algum risco de se privatizar a Sabesp?

Alckmin – Não, nós não pretendemos privatizar a Sabesp. A Sabesp vai continuar uma empresa estatal com controle estatal. O governo tem 88% das ações da empresa e não pretende privatizar. Continuará com o controle do Estado.

Pergunta – (Inaudível) … o fato de privatizar … ela pode valer mais um pouco …

Alckmin – Poder pode. Acima de 51%, teoricamente pode, mas privatização não.

Consumo de energia nos órgãos públicos

Pergunta – Governador, em relação ao consumo de energia, o senhor tem uma idéia de quanto o Estado vai precisar para conseguir reduzir o consumo?

Alckmin – Eu não tenho ainda este número. Acho que a resposta do Estado tem sido positiva. Nós temos sido vigilantes. Sábado mesmo, voltando de viagem lá de Brasília, dei outra percorrida lá no Palácio dos Bandeirantes e peguei duas salas acesas. Mas eu posso lhe dar mais…

Pergunta – O Estado vai conseguir reduzir o consumo até o dia …?

Alckmin – Acho que pode. Aliás, é interessante esta estação aqui de recalque, essa elevatória de esgoto tem gerador próprio, então ela poderá substituir a energia elétrica por óleo diesel, por geração própria de 1.150 kW/h.

Apagão

Pergunta – E as outras, governador? O bombeamento ficaria comprometido se faltasse energia, se tivesse o apagão, então?

Alckmin – Ah! Sim. As outras não têm. Não são todas as estações que têm gerador próprio. As que têm você pode até, independente de apagão, substituir com medida de economia.

Pergunta – Tem muito órgão público desperdiçando energia?

Alckmin – O aperto é permanente. Você está sempre apertando. Eu acho que o pessoal está bem consciente no sentido de fazer economia.

Pergunta – Enquanto tiver o bombeamento (inaudível) racionamento de água também?

Alckmin – Não, porque dificilmente você faria um apagão numa estação elevatória, em estação de tratamento de água. É como hospital, você tem que separar essas coisas de serviço público.

Sobre a renúncia dos senadores

Pergunta – Amanhã terá a reunião do Conselho de Ética em Brasília sobre a cassação dos dois senadores; eles teriam até hoje ou amanhã de manhã para acabarem renunciando. O senhor acha que esta é a medida mais lógica em relação aos problemas que eles estão passando e a partir daí poderem se reeleger novamente?

Alckmin – Olha, a renúncia é um ato de vontade pessoal. Não cabe comentar. Eu acho que tem que haver é punição. Porque a punição tem o sentido educativo, tem o sentido da exemplaridade. A impunidade estimula estes desvios da política. Essa coisa de que não vai acontecer nada, de que para gente poderosa não há punição. Eu acho que a punição tem o sentido pedagógico.

Pergunta – Seria uma forma de fugir dessa punição?

Alckmin – Essa é uma decisão pessoal. Há até um determinado momento do processo que a renúncia não é mais possível, que você nem permite a renúncia.

Pergunta – Como o senhor analisa a posição do PSDB de liberar o voto, ao invés de recomendar a punição?

Alckmin – Não, o PSDB recomendou a punição. A posição do PSDB é pela punição. O que ele fez foi não fazer fechamento de questão. Porque fechamento de questão você geralmente faz por questão programática. Esta não é uma questão programática, mas a decisão do partido é muito clara e é pela punição. Para todos os seus membros que participem.

Sobre a escolha do novo secretário de Ciência e Tecnologia do Estado

Pergunta – O senhor já escolheu quem deve ocupar a pasta da Ciência e Tecnologia?

Alckmin – Ainda não. O deputado José Aníbal ainda não entregou a sua carta de demissão para reassumir a sua cadeira na Câmara Federal. Tão logo ele entregue, nós vamos indicar um novo secretário.

Pergunta – Seria um técnico ou uma pessoa mais política?

Alckmin – Pode ser um técnico, um mais político. O importante é que tenha um profundo conhecimento desta área de desenvolvimento econômico, do setor produtivo, da atividade industrial, de negócios, enfim.

Pergunta – Sai quando esta definição?

Alckmin – Sai rápido, essa semana.

Rebate às críticas da prefeita Marta Suplicy

Pergunta – Governador, nas últimas semanas a prefeita Marta Suplicy criticou duramente o governo por causa do racionamento, inclusive pediu ao senhor a suspensão do leilão da Cesp. Enfim, fez uma série de críticas. De alguma maneira isto interfere naquela relação de parcerias entre os dois governos?

Alckmin – Primeiro, em relação às críticas: a prefeita é ótima para criticar, pena que não saiba ‘prefeitar’. Em relação ao relacionamento, não. Esse é um relacionamento institucional e um relacionamento institucional tem de ser mantido, independente de possíveis divergências.

Pergunta – Inclusive ela criticou o fato de o Estado decidir sozinho pela despoluição do rio Pinheiros. Como é que o senhor vê isso?

Alckmin – Eu acho que ela está interpretando mal. Ela devia agradecer. Deixar o rio Pinheiros do jeito que está hoje? Quer dizer, o rio Pinheiros totalmente poluído, aquele mar de lama, mar de lodo, na cidade, numa região extremamente populosa? É isso que ninguém quer. O que todo mundo quer? É que o rio seja tratado, que o esgoto seja tratado, que o rio seja despoluído, que você faça o projeto Pomar dos dois lados. Você pode ter um rio despoluído com água de classe dois, com água de melhor qualidade, com projeto Pomar do lado, esse é o objetivo. A geração de energia elétrica é a forma inteligente de financiar o tratamento de esgoto. Hoje você tem um ciclo vicioso: rio poluído, esgoto, represa Billings poluída e não geração de energia elétrica na Henry Borden. Essa é a situação de hoje, pior impossível. O que está se construindo? Está se construindo um modelo em que a gente passa por um círculo virtuoso. Trata o esgoto, tratado o esgoto, bombeia para a Billings, você até melhora a qualidade da represa e produz a energia elétrica em Henry Borden.

Represas Billings e Guarapiranga / Sistema Cantareira

Pergunta – Agora a capacidade da Billings poderia ser utilizada em sua totalidade para abastecimento e não só para a energia elétrica?

Alckmin – Não, a represa de abastecimento de água da cidade é Guarapiranga, que é a segunda fonte de água de São Paulo. A primeira é o sistema Cantareira. Um braço da Billings socorre um pouco a Guarapiranga, então você tem um bombeamento de até quatro metros por segundo.

Aguarde, a seguir, a segunda parte da coletiva.