Entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após a posse dos novos conselheiros do Condeca

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qua, 16/05/2001 - 20h58 | Do Portal do Governo

Pergunta: O que foi discutido em seu encontro com o vice-presidente Marco Maciel?

Alckmin: Foi uma visita protocolar. O vice-presidente veio a São Paulo e veio tomar um café aqui no Palácio. Conversamos um pouco sobre a questão energética, eu o coloquei a par sobre as medidas que São Paulo está tomando no sentido de ajudar nesta falta de energia. A primeira delas, antecipando em 60 dias o cronograma das duas turbinas de Porto Primavera, a 10ª vai ser colocada agora em junho e a 11ª em setembro, cada uma delas adiciona 100 MW ao sistema elétrico. A segunda medida é a Usina de Piratininga aqui dentro da cidade, na Zona Sul, em Pedreira. Vão ser colocadas mais duas turbinas, mas isso leva tempo, é mais para o final do ano, e a substituição de óleo combustível por gás natural que dá mais eficiência. A terceira medida, eu propus ao presidente Fernando Henrique, no domingo, que a Eletrobrás entre junto com a EMAE, que aí não precisa fazer concorrência pública, são ambas estatais, para poder tratar o esgoto do Rio Pinheiros por meio de flotação. A EMAE entraria com metade dos recursos e a Eletrobrás com a outra metade, com isso já se poderia bombear a água do Rio Pinheiros para a Billings e com produção de energia em Henry Borden, à medida, é claro, que o rio tenha a sua classificação aprovada pela Cetesb. A quarta medida nós estamos estudando com o pessoal da Secretaria dos Transportes e da Hidrovia Tietê-Paraná, é uma interrupção temporária do Canal de Pereira Barreto, que liga o Rio Paraná com o Rio Tietê, e o transbordo dos produtos transportados nesse ponto. Com isso, a água correria direto pelo Paraná gerando energia em Ilha Solteira, Jupiá, Porto Primavera e Itaipu, dando imediatamente 800 MW. A quinta medida é de economia: 20% de redução no consumo de energia dos órgãos do Governo. Enfim, essa foi a conversa. Depois conversamos um pouco sobre política e sobre o reuso da água. Eu assinei também um decreto para reduzir em 20% o consumo de água.

Pergunta: Vocês falaram sobre a cassação dos mandatos dos senadores ACM e Arruda?

Alckmin: Não, ele não tocou no assunto e eu também não mencionei.

Pergunta: Em relação à determinação da Câmara de Gestão da Crise de Energia que a partir de amanhã será reduzida em 35% a iluminação pública. São Paulo está preparada para isso? Como o senhor recebeu essa informação?

Alckmin: Olha, uma semana atrás até um prefeito já tinha dito que ele já ía começar na sua cidade uma luminária sim e uma não. Quer dizer, fazendo um esquema de contenção de energia nessa área. Eu acho que essa é uma questão técnica a ser verificada, procurando escolher locais que não ocasionem mais problemas na área de Segurança Pública. Mas são medidas que são necessárias e acho que se houver uma grande conscientização da população, e acho que a população participa, colabora, se todo mundo colaborar, as famílias, as empresas e o Governo der o bom exemplo, eu acho que os problemas advindos da falta de energia serão menores.

Pergunta: Mas São Paulo já está preparado para amanhã, por exemplo, já ter um esquema de Segurança Pública e evitar problemas com essa redução?

Alckmin: A Segurança Pública está sempre preparada. O Governo do Estado está sempre preparado para enfrentar problemas e superar essas dificuldades.

Perguntar: O senhor já tinha sido informado hoje sobre isso?

Alckmin: Não, eu passei o dia com essa questão aqui das crianças e adolescentes, me preparando para reunião, e não tinha essa informação.

Pergunta: Governador, na reunião do PED desta manhã, alguma novidade?

Alckmin: Nós vamos amanhã fazer uma coletiva com a imprensa para expor o projeto de lei que estaremos encaminhando à Assembléia Legislativa de São Paulo em relação à Nossa Caixa Nosso Banco. A gente explicita em detalhes a proposta do Governo.

Pergunta: O governador Garotinho disse que enviou alguns softwares para combater a violência aqui em São Paulo.

Alckmin: Olha, eu perguntei para o Papaterra Limongi (secretário-adjunto da Segurança Pública) se havia algum intercâmbio, que eu acho até positivo se tiver entre os Estados da Federação, mas ele me disse que não há absolutamente nada em relação ao Rio de Janeiro e São Paulo.

Pergunta: Ele foi um pouco mais além. Ele disse que estão falando muito do Fernandinho Beira-Mar, do Rio de Janeiro, mas deveriam falar do Fernandinho do Lago, de Brasília. O presidente até cancelou uma viagem para o Rio de Janeiro, amanhã, por causa dessa declaração. O que o senhor acha que está acontecendo com o Garotinho, que espetou o senhor e agora o presidente?

Alckmin: São Francisco Xavier disse o seguinte: “Quando não puder falar bem, não diga nada’.

Pergunta: O governador Garotinho também nomeou um técnico para cuidar só do apagão, ele está sendo chamado de ‘xerife do apagão’. Em São Paulo vai ter uma pessoa específica para cuidar do apagão ou o senhor será o xerife aqui de São Paulo?

Alckmin: Não. O Mauro Arce, que é o secretário de Energia, nós emprestamos ao presidente Fernando Henrique Cardoso para fazer parte do Comitê junto com o ministro Pedro Parente. Ele está cedido esses dias todos à disposição do Governo Federal, ele é um especialista, é um dos maiores experts em energia do país e São Paulo já está dando sua colaboração cedendo seu secretário de Energia. Eu estou tomando conta do Palácio. Ontem já dei aqui mais um puxão de orelha, porque anteontem eu saí 11 horas da noite com o tenente Junqueira e fomos apagando todas as luzes, começamos no segundo andar e chegamos até o subsolo, não deixando nenhuma luz acesa. Aliás, deixamos até uma senhora que estava trabalhando no escuro, ela deu um berro: “tem gente”. Mas apagamos tudo. Fora também já apagou tudo, luminária, holofote que ficava mantendo o Palácio iluminado. Quem passar aqui pela avenida Morumbi vai ver que é um breu. Só onde tem salas e alguém trabalhando. Ontem estava acesa a quadra de esportes, mas enquanto tiver problema de falta de energia a quadra não funciona também de noite. Agora, nós criamos um grupo de trabalho com a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica e de Energia e vamos monitorar todas as secretarias e órgãos de Governo, e aí não só energia elétrica, mas também água, e já aproveitamos para fazer também na telefonia para controlar todas as ligações telefônicas, utilização de celulares, quem usa, quem não usa, aproveitar também para fazer economia.

Pergunta: (inaudível)

Alckmin: A Segurança Pública está permanentemente trabalhando, permanentemente na rua. Estamos aumentando o efetivo, a Polícia melhor equipada, melhor estruturada. Enfim, nós vamos verificar, eu estou tendo esta informação agora, nós vamos verificar o que mais o Governo pode fazer neste sentido.

Repórter: Na reunião com o vice-presidente Marco Maciel, em algum momento se falou da possibilidade de aliança entre o PSDB paulista e o PFL?

Alckmin: Não, por que as eleições estão distantes ainda, estão longe. Não se sabe ainda as questões jurídicas. Mas o PFL faz parte da base do governo aqui em São Paulo. O PFL tem nos ajudado na Assembléia Legislativa, na aprovação de projetos de interesse do Estado, da nossa população, mas nada em termos eleitorais, mas sim em termos políticos, de base de sustentação do governo estadual.

Repórter: Governador, o senhor chegou a ser chamado pelo presidente Fernando Henrique para participar da reunião de governadores amanhã para tratar da questão da febre aftosa?

Alckmin: Eu cheguei, mas não vou poder ir. Até já avisei, porque nós pretendemos amanhã, às oito horas da manhã, ter uma reunião com a presidência da Assembléia Legislativa e com todos os líderes dos partidos para apresentar a eles, com o secretário da Fazenda e o presidente da Nossa Caixa, o nosso projeto de lei em relação à Nossa Caixa. Em seguida, vamos fazer uma coletiva com a imprensa. Então, eu não vou a Brasília. Eu vou só no sábado na convenção do PSDB.

Repórter: Votos abertos na CPI significa mais transparência na questão da cassação no Senado? O que o senhor achou do relatório do senador Saturnino Braga?

Alckmin: Eu, em princípio, acho que o voto deve ser sempre aberto. Por que o deputado, o senador, o vereador, ele é um representante. O poder é delegado. O poder originário é do povo. Numa democracia, o povo é que tem o poder originário, ele delega aos seus representantes. Portanto, se alguém vota em nome de alguém, deve se saber como é que se vota. Então eu acho que o voto deve ser sempre aberto. Eu acho que esta questão de voto secreto, que alguns poderiam justificar, em determinadas circunstâncias você protege o parlamentar de pressões corporativas, de constrangimentos. Na realidade, embora isso possa ter alguma justificativa, há uma justificativa muito maior, que é a representação. Alguém que elegeu alguém, que votou em alguém e que tem o seu representante e que quer saber como é que ele vota. Acho que é muito mais transparente, o voto deve ser sempre aberto. É claro que, nesse momento, não há como mudar isso agora, mas em termos de conceito, a votação deve ser sempre aberta.

Repórter: Governador, e sobre o relatório (do senador Saturnino Braga)?

Alckmin: Eu acho que o relatório fez o que tinha que fazer. Você apurou que houve uma quebra de sigilo, que houve uma violação e está propondo uma punição.

Repórter: O senhor é favorável à cassação de Arruda e ACM?

Alckmin: Eu sou favorável. As instituições precisam se autodepurar. As instituições devem ter sempre instrumentos no sentido de corrigir possíveis distorções. Até no sentido educativo, até no sentido de preservar as instituições, ainda mais instituições como o Senado, o parlamento no regime democrático.

Repórter: O senhor acha que o ACM está mais isolado hoje no PFL? O senhor que esteve hoje com um integrante do partido?

Alckmin: Nós não tocamos no assunto ACM. Até porque ele faz parte do partido do vice-presidente. Ele não tocou no assunto, não seria eu que iria falar.

Repórter: Setores do PFL chegaram a levantar a possibilidade de uma candidatura, de uma chapa do senhor e da Roseana (Sarney) para a presidência em 2002. O senhor acha que esta visita hoje, alguém tocou no assunto, de leve? Conversaram? Houve alguma aproximação neste sentido?

Alckmin: Passamos longe do Maranhão.

Repórter: Governador, hoje o Orestes Quércia comentou que o senhor seria muito bonzinho para ser governador. O senhor acha que os ataques vão se intensificar a partir de agora, por causa das eleições?

Alckmin: Triste é se eu fosse mauzinho. Um abraço.