Entrevista coletiva do governador após visita do primeiro-ministro da Irlanda

Parte final

qui, 19/07/2001 - 20h15 | Do Portal do Governo

Parte final

Pergunta – Governador, qual a postura do Governo com relação ao Canal de Pereira Barreto?

Governador – São Paulo, neste momento, é contrário a hipótese de fechamento do Canal de Pereira Barreto. Nós já transmitimos ao Governo Federal e ao órgão gestor nossa posição. Estão defendendo o fechamento do canal para a hidrovia Tietê/Paraná ter uma sequência reta no Rio Paraná, gerando mais energia na hidrelétrica subsequente. Só que isso implica em párar a hidrovia. Ainda que, por um período transitório, isso é muito ruim porque foi uma luta de décadas para construir essa hidrovia, que com a eclusa de Jupiá, chegou a 2.400 quilômetros de extensão. Nós estamos em pleno escoamento da safra agrícola de grãos do Centro-Oeste brasileiro e hoje a colheita de grãos dessa região vem pela hidrovia até Pederneiras, passa para o trem, vai até Bauru e num sistema ferroviário integrado vai até o Porto de Santos sem um caminhão. Isso foi um grande avanço.
Então fechar o Canal de Pereira Barreto significa interromper a hidrovia na sua ligação dos rios Paraná e Tietê num momento de colheita de safra. Nós achamos que isso não vai ser necessário. Até tenho dito que, ‘teria que ser um Plano de C’, ou seja, depois de um Plano B não ter dado certo entraria esse plano como última hipótese de um caso gravíssimo, o que nós temos convicção e confiança que não vai acontecer.
A posição de São Paulo é muito clara, já transmiti isso ao presidente da República. O secretário de Energia de São Paulo já recebeu a determinação de também transmitir ao órgão gestor e, amanhã, vamos inclusive reforçar ao presidente que essa hipótese deve estar, por enquanto, descartada. Nós temos que fazer um grande esforço para manter essa conquista, que não é só de São Paulo, não. É uma conquista do País ter um hidrovia com 2.400 quilômetros ligando os rios Tietê e Paraná.

Pergunta – Governador, na necessidade extrema de ser adotado esse Plano C, quais seriam os prejuízos?

Governador – Os prejuízos seriam enormes porque, embora seja de caráter transitório, será preciso fazer investimentos para construir barragens, também teria de se párar a hidrovia, o que pode dar margem a indenizações. Além disso, pode-se colocar em questionamento a credibilidade do transporte hidroviário. Nós temos que fazer um esforço de melhorar os outros modais de transporte, que é muito ‘rodoviarista’.
O caminho é o transporte sobre trilhos – isso estamos fazendo no caso de passageiros da Região Metropolitana de São Paulo. Há um grande esforço para estender as novas linhas do Metrô, melhorar a CPTM, recuperar o transporte sobre trilhos. E a hidrovia, no caso do transporte de grãos. O Tietê corta, praticamente, todo o Estado de São Paulo e a maioria das nossas hidrelétricas tem eclusas, exatamente para proporcionar a navegação.