Entomólogo controla infestação do carrapato-estrela no câmpus da Esalq

Inseto é transmissor da bactéria causadora da febre maculosa, que provoca aparecimento repentino de febre elevada e dores musculares intensas

ter, 19/02/2008 - 14h23 | Do Portal do Governo

O carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da febre maculosa, está praticamente controlado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), câmpus de Piracicaba. Há cinco anos, foram confirmados casos da doença na cidade e, há mais de uma década, registros de picadas no câmpus da Esalq. Os estudos e controle do carrapato-estrela ficaram sob o comando do entomólogo Carlos Alberto Perez, que descreveu essa experiência em sua tese de doutorado Bioecologia e manejo do carrapato-estrela, Amblyomma cajennense (Fabricius) (Acari: Ixodidae), vetor da Febre Maculosa Brasileira, apresentada na Esalq em dezembro do ano passado.

Cerca de 80% dos pacientes em estado avançado da doença morrem, por isso essa zoonose estava afungentando funcionários e estudantes das pesquisas e trabalhos de campo. “Alunos eram picados dentro da sala de aula. Houve um caso de óbito em 2003”, lembra o pesquisador. Hoje, conseguiu-se um controle superior a 90% dos carrapatos no local. No câmpus, o carrapato-estrela tem como hospedeiros, especialmente, as capivaras (70% dos casos) e os gambás (29,5%); mas os urubus, que se alimentam dos restos de parição de capivaras e, eventualmente, caçam seus filhotes, também estavam bastante infestados. 

CombateForam testados três tipos de produtos contra o ácaro: botânicos, biológicos e químicos, todos conhecidos no mercado. O botânico teve eficiência zero. Os biológicos apresentaram resultados positivos em 50% a 60% dos testes, utilizando-se um fungo que mata insetos e carrapatos, e foram usados em áreas ao redor de lagos, sem correr o risco de matar peixes e anfibios. Já os produtos químicos foram altamente eficientes no combate ao carrapato transmissor da febre maculosa. 

Para o uso dos produtos no câmpus da Esalq, houve necessidade de pedir a autorização dos ministérios da Agricultura, Meio Ambiente e Saúde: “Eles foram muito ágeis. Após a demonstração de eficiência no campo, conseguimos as licenças em dois meses, processo geralmente muito mais demorado”, descreve Perez. A fabricante de um dos produtos registrados para uso no câmpus, o Demand, já conseguiu registrá-lo em todo o território nacional. A utilização dos produtos começou em dezembro de 2005; atualmente são feitos monitoramentos semanais, de modo a evitar a recolonização de carrapatos nos quase 900 hectares da Esalq. “Agora controlamos de acordo com o resultado dos monitoramentos, chave da eficiência e economia, com risco baixo de contaminação do ambiente”, explica o entomólogo. 

Sintomas da doença

Os sintomas da febre maculosa se caracterizam pelo aparecimento repentino de febre elevada, dores musculares intensas e prostração, e são semelhantes aos de outras doenças. Caso diagnosticada a tempo, o uso de um antibiótico surte rápida melhora. No entanto, antes mesmo de saírem os resultados dos exames diagnósticos, a bactéria pode matar o paciente. No Estado de São Paulo, há 235 registros confirmados da doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii entre 1985 e outubro de 2007, com aproximadamente 37% de letalidade. 

SERVIÇO

Mais informações, com Carlos Alberto Perez

E-mail caperez@esalq.usp.br

 

Da Agência USP de Notícias

(I.P.)