Entenda como funcionam as represas do Estado de SP

Governo responde a 22 perguntas frequentes sobre esses sistemas de abastecimento de água e contenção de cheias

ter, 02/02/2010 - 17h23 | Do Portal do Governo

1. Para que serve uma represa?

As represas são construídas para armazenar água e garantir o abastecimento de milhões de pessoas, seja de água ou energia elétrica. Mas cumprem também um papel fundamental no controle das cheias, pois, no período de fortes chuvas, entre setembro e março, retêm boa parte da vazão que chega ao rio, liberando esses volumes de água aos poucos, de forma controlada, evitando ou reduzindo o impacto das inundações.

2. Como é controlado o nível de água de uma represa? Qual a diferença entre vertedouro e tulipa?

O controle do nível da água é feito por meio dos vertedouros, que funcionam como o “ladrão” das caixas d´água, deixando escapar o excesso. Essas estruturas permitem o escoamento quando o nível da represa atinge seu limite máximo; eles impedem que a água passe por cima da barragem. Os vertedouros podem ter comportas ou podem ser do tipo livre, sem comportas. Tulipa é um tipo de vertedouro livre.

3. Quais são as represas sob responsabilidade da Sabesp?

a. Sistema Cantareira

Jaguari/Jacareí –  Vargem

Cachoeira – Piracaia 

Atibainha – Nazaré Paulista 

Paiva Castro – Mairiporã-Franco da Rocha 

Águas Claras – Mairiporã/Caieiras 

b. Sistema Tietê

Taiaçupeba – Suzano 

Jundiaí – Mogi das Cruzes 

Biritiba- Biritiba Mirim 

Paraitinga – Salesópilis 

Ponte Nova – Salesópolis

c. Sistema Rio Claro

Ribeirão do Campo – Salesópolis

d. Sistema Cotia

Pedro Beicht – Cotia 

e. Sistema Rio Grande

Represa Rio Grande – São Bernardo do Campo 

4. Que entidades são responsáveis pelo acompanhamento da operação das represas?

As represas são operadas conforme normas aprovadas pela Agência Nacional de Águas, órgão federal, e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica, do Estado. São regras que determinam, por exemplo, que, quando o nível de uma represa atinge determinados valores, a água acumulada deve ser liberada. Isso é necessário para garantir a segurança das estruturas que formam essas represas, ou seja, para evitar o rompimento das barragens, que traria conseqüências evidentemente desastrosas.  

5. Como funciona o sistema de monitoramento das represas sob responsabilidade da Sabesp?

A Sabesp possui um contrato com a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica da USP. Por meio deste contrato, foram instalados equipamentos (sondas, receptores e transmissores) nos túneis e represas que emitem sinais a cada dez minutos sobre vazão, volume de chuva e nível das represas.

Os profissionais da Sabesp visualizam esses dados na rede, em tempo real, inclusive remotamente por computador. As informações que chegam permitem à Sabesp tomar decisões rápidas e fundamentais, mesmo sem estar no local, como por exemplo, a de fechar um túnel para que o nível da represa baixe em casos de chuvas intensas.

REPRESAS E ENCHENTES

6. Ao descarregar a água da represa, a Sabesp contribui para as enchentes?

A água descarregada não é  a causa da enchente. Ao contrário, a água represada nos reservatórios tem ajudado a minimizar os efeitos das chuvas em muitas cidades, evitando inundações mais severas nas regiões ribeirinhas. Isto porque o volume de água recebido pela represa é  bastante superior ao volume vazado, ajudando a reter a água. Vale lembrar que as represas não criam água, elas apenas armazenam o excesso de águas no período das chuvas para posterior uso no período das estiagens.

A descarga controlada contribui para evitar uma enchente maior. Ocorre que entre a represa e a cidade há inúmeros afluentes e córregos (a chamada bacia intermediária) que desembocam no rio, ou seja, há um volume de água muito maior, que é incontrolável, vindo dos afluentes.

São esses fatores, aliados à ocupação de áreas de várzeas, que criam a enchente, e não a descarga de água de uma represa.

É importante esclarecer que as chuvas ocorridas nos meses de dezembro e janeiro na região foram as maiores registradas em 70 anos da série histórica, sendo as máximas observadas de 418,8 mm e 450,3 mm (até 29/01), respectivamente, enquanto as máximas observadas, até então, para os mesmos meses eram de  415,3 mm (1986) e 410,4 mm (2003).

ÁREAS DE VÁRZEA

7. Em que situação a Sabesp abre as comportas?

A operação de descarregamento – mediante abertura de comportas – é uma manobra de segurança prevista no caso de a água ultrapassar os níveis operacionais. Importante salientar, como dito no item 4, que a operação das represas obedece a normas técnicas e legais da Agência Nacional de Águas e do Departamento de Águas do Estado de São Paulo.

No caso de São Paulo, o que está ocorrendo é descarregamento controlado das águas das represas que estão com o volume em seu limite máximo. Tal procedimento vem sendo realizado desde 18 de dezembro nas represas do sistema Cantareira, com amplo conhecimento das prefeituras e da Defesa Civil estadual.

8. Por que a Sabesp não deixa as comportas fechadas durante as chuvas intensas? Assim evitaria as enchentes.

A Sabesp abre as comportas para garantir a segurança do sistema e da população. Se as comportas permanecerem fechadas, a represa corre o risco de romper, permitindo que toda a água armazenada se espalhe, sem controle.

9. Não existe outra alternativa para evitar o transbordamento da represa?

Tendo em vista as fortes chuvas e o aumento do volume dos reservatórios, não há  outra operação a ser realizada que não a do descarregamento.

10. Por que a Sabesp não começou a descarregar meses atrás a água das represas já que sabia que o período de chuvas seria intenso?

Porque a função primordial a represa é o abastecimento. Quando ela está  com os níveis normais, não há  porque descarregar a água, sob pena de afetarmos o abastecimento. Somente quando as chuvas se intensificam e o nível da represa ultrapassa o volume operacional (volume armazenado na represa entre o nível mínimo operacional até o nível do dia) é que há necessidade de iniciar o procedimento de descarregamento. Durante o período de chuvas é preciso manter um nível de água suficiente para garantir o abastecimento nos meses de estiagem.

11. Existe a possibilidade de transferência de água excedente entre represas ou de outra utilização para a água?

O Sistema Canteira permite o balanceamento dos níveis entre as represas que fazem parte do sistema. A represa de Jaguari envia, por túnel, para a Cachoeira; esta manda para Atibainha e Atibainha para Paiva Castro.  

Os túneis têm capacidade média de cerca de 30 mil litros por segundo. Apenas o de Atibainha para Paiva Castro está aberto e, no momento, envia 30 mil l/s para Paiva Castro.

Parte da água armazenada nas represas está sendo aproveitada para o abastecimento público, encaminhada para a Estação de Tratamento de Água Guaraú, que abastece metade da Região Metropolitana de São Paulo.

12. Qual a diferença entre verter e transbordar?

As represas, ao atingirem seus níveis máximos de operação, passam a verter água pelas estruturas projetadas e construídas para essa finalidade, os vertedouros, que têm capacidade de escoar chuvas muito intensas, calculadas conforme as características de cada represa. Transbordar implica na passagem de água sobre a barragem, o que não é desejável pois implica num alto risco de rompimento dessa estrutura. O descarregamento das represas ocorre justamente para evitar o transbordamento.

13. Já houve, no passado, uma situação em que a água atingiu o nível do vertedouro?

Sim, em 1985 e 1999.

14. Com estas chuvas, as barragens podem romper?

Não correm risco de estourar exatamente porque estão sendo descarregadas. Mas, em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que não há  represa transbordando, até porque elas são projetadas para isso não ocorrer. Há dispositivos de controle e operação de segurança para liberar água em excesso.

REPRESAS E ABASTECIMENTO

15. O abastecimento nas cidades será prejudicado?

Neste momento não há  problemas de desabastecimento em nenhuma região do Estado.

16. A qualidade da água continua a mesma?

O tratamento da água é feito nas Estações de Tratamento, que são outra parte do sistema, e não há risco de alterar a qualidade da água

17. A abertura das comportas prejudicará o abastecimento da Grande São Paulo?

De forma alguma. Mesmo com o aumento da vazão o sistema tem condições de abastecer plenamente a Grande São Paulo.

GOVERNO DO ESTADO, SABESP E PREFEITURAS

18. De que forma a Sabesp alertou as prefeituras sobre a possível necessidade de abrir as comportas de algumas represas?

A Sabesp, de forma preventiva, e antevendo o período de chuvas, tomou a iniciativa de realizar, em setembro de 2009, exercícios de simulação do descarregamento de represas em quatro sistemas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo: Cantareira, Guarapiranga, Alto Tietê  e Rio Grande.

Os objetivos foram: avaliar a operação dos equipamentos de controle de cheias e testar o fluxo de comunicação entre os órgãos envolvidos no caso de descarregamento. Participaram da simulação a Defesa Civil do Estado e dos municípios envolvidos, as prefeituras envolvidas e a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A.), esta última apenas no Sistema Guarapiranga.

19. E sobre os níveis das represas, com que freqüência as prefeituras são informadas?

Todos os dias, na parte da manhã, a Sabesp emite um boletim com a situação de cada uma das represas à Defesa Civil do Estado que envia a informação às defesas civis dos municípios. Caso haja mudança na vazão ao longo do dia, a Sabesp libera novo boletim, atualizando a situação, quantas vezes forem necessárias.

O alerta é praticamente em tempo real; assim que a Sabesp verifica a necessidade de aumento de vazão, é disparado o alerta por meio de novo boletim.

Cabe à Defesa Civil de cada município, com a coordenação da Defesa Civil Estadual, o atendimento da população e a tomada de medidas. Além disso, o Governo de São Paulo já  mobilizou diversos órgãos: Codasp (abertura de estradas e pontes), DER (desobstrução de estradas), Polícia Militar e Bombeiros (apoio às vítimas).

20. No caso de Atibaia, a represa provocou a enchente? Isso não poderia ter sido evitado se o governo (Sabesp) não liberasse (descarregasse) a água da represa?

Não há  relação entre as enchentes de Atibaia e a represa da Sabesp. Tanto não existe que quando ocorreu o primeiro alagamento, no dia 13 de dezembro, a represa estava operando normalmente, sem verter água, e mesmo assim houve enchente.

21. O governo do estado enviará recursos para os municípios atingidos pelas enchentes?

O Governo do Estado está  mobilizado para o problema das enchentes, disponibilizando todos os seus recursos para atender as cidades atingidas. Por meio da Defesa Civil Estadual, o Estado disponibilizou R$ 10 milhões para medidas emergenciais de desobstrução de estradas, barragens e pontes em cidades que sofrerem com as enchentes. Além disso, outros órgãos estão preparados para atendimentos emergenciais assim que acionados pela Defesa Civil. 

22. A Sabesp omitiu fatos ou mentiu sobre as represas?

Em nenhum momento. Toda a operação é feita com máxima transparência, seguindo a orientação da Agência Nacional de Águas e do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo). Além do mais, os níveis das represas são publicados no site dos Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí  e Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba e Jaguari.

Nas reuniões com a Defesa Civil, que vêm ocorrendo desde outubro, foi estabelecido um novo fluxo de comunicação com informes diários dos níveis, aberturas e manobras das comportas. A ação está  100% prevista no plano de operação das represas.