Engenheiro usa bambu, areia e pedra em tratamento de esgoto

Método testado na Unicamp é indicado para as pequenas comunidades

qua, 14/05/2008 - 10h01 | Do Portal do Governo

Novo método para tratamento de esgotos, destinado a pequenas comunidades, foi pesquisado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O sistema utiliza filtro anaeróbio preenchido com anéis de bambu, combinado com filtro de areia e reator de desnitrificação, o que possibilita a obtenção de água para reúso.

A pesquisa foi feita pelo engenheiro químico Adriano Luiz Tonetti, a qual originou tese de doutorado apresentada ao Departamento de Saneamento e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp. Tonetti foi orientado pelos professores Bruno Coraucci Filho e Roberto Feijó de Figueiredo.

A importância do trabalho pode ser avaliada quando se sabe que metade dos municípios brasileiros não dispõe de saneamento básico. Mesmo nos maiores centros urbanos, as distâncias impossibilitam a canalização e o tratamento dos esgotos urbanos e industriais em núcleos demográficos mais afastados. A dispersão das moradias na zona rural, onde vivem mais de 30 milhões de habitantes, dificulta também a instalação de métodos convencionais de tratamento de esgotos.

Embora os serviços de saneamento básico tenham sido ampliados para cidades com mais de 300 mil habitantes, nos agrupamentos urbanos menores é crônica a deficiência sanitária. Na maioria dos casos, os dejetos são lançados in natura no ribeirão mais próximo ou escorrem pelo arruamento, comprometendo corpos hídricos e a saúde dos moradores.

Com base nessas constatações, Tonetti considera importante desenvolver sistemas de tratamento baratos e acessíveis às comunidades carentes. O pesquisador lembra que, desde 1996, a Unicamp realiza estudo sobre o tema.Três estágios – O sistema desenvolvido na pesquisa, baseado em estudos de trabalhos anteriores, é composto por três estágios. No primeiro, há um filtro anaeróbio com recheio de bambu; os microorganismos que se desenvolvem na superfície do bambu alimentam-se dos compostos orgânicos e nutrientes contidos no esgoto. No segundo estágio, contaminantes orgânicos e nitrogenados são depurados, dando origem a gás carbônico, água e nitratos. Finalmente, o reator que contém pedra brita é responsável por transformar parte significativa dos nitratos em gás nitrogênio, pouco solúvel em água e liberado para a atmosfera em que constitui 78% do ar respirável.

O efluente que resulta do tratamento pode ser utilizado na descarga sanitária, lavagem de calçadas, jardinagem, irrigação ou descartado nos cursos d’água, após simples desinfecção.

Da Unicamp