Energia limpa e inovação dominam a primeira reunião do Conselho Estadual de Política Energética

Durante a reunião foi apresentada a Matriz Energética do Estado de São Paulo 2005 - 2035

dom, 03/04/2011 - 14h00 | Do Portal do Governo

O Conselho Estadual de Política Energética de São Paulo (CEPE) se reuniu pela primeira durante esta semana, numa conferência realizada no Palácio dos Bandeirantes, na capital. Além do secretário de Energia, José Aníbal, que preside o CEPE, estiveram presentes o governador Geraldo Alckmin, o vice-governador e secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Guilherme Afif Domingos, e os secretários das pastas de Meio-ambiente, Planejamento, Saneamento, Agricultura e Casa Civil.

“São Paulo tem o tamanho de um país. Temos grandes desafios. Tenho certeza de que o Conselho Estadual de Política Energética trará muitas contribuições a São Paulo e ao Brasil”, disse o governador Geraldo Alckmin, após a apresentação dos membros do CEPE.

Além dos titulares das pastas citadas, o CEPE é formado por representantes da Assembleia Legislativa (Rodrigo Del Nero), das universidades públicas (Carlos Alberto Canesin/Unesp), dos institutos de pesquisa (João Fernando Gomes de Oliveira/IPT), da FIESP (Carlos Antonio Cavalcante), da FECOMÉRCIO (Sanae Murayama Saito), da FAESP (Fábio Salles Meirelles), e por quatro membros de notório saber (professor José Goldemberg, professor José Sidney Martini, professor Sérgio Bajay e professor David Zyjlbersztajn).

Os debates inaugurais dão uma ideia da variedade de temas e de pontos de vista que o Conselho procura agregar. O professor José Goldemberg, que abriu as discussões, lembrou que o planejamento energético e as diretrizes estratégicas não podem deixar de lado a questão da sustentabilidade. “Enquanto a Inglaterra cobra 16 € por tonelada emitida de CO2, o Governo brasileiro isentou o IPI dos automóveis sem pedir nenhuma contrapartida ambiental das montadoras. É preciso agir”, disse.

Neste sentido, o secretário de Agricultura João Sampaio, lembrou aos presentes que o Estado já desenvolve óleo diesel a partir de cana-de-açúcar, bem como a Embraer, em parceria com a Azul Linhas Aéreas, já testa em vôos uma nova fórmula de querosene de aviação produzido a partir de etanol. “É preciso apoiar e aprofundar estas pesquisas. A expertise do Brasil nos biocombustíveis nos dá uma vantagem estratégica que precisa ser melhor aproveitada. Aí está o futuro”, disse.

Carlos Alberto Canesin, representante da Unesp, ressaltou o enorme potencial em energia fotovoltaica que o Brasil não aproveita. Do total de energia de origem fotovoltaica produzida no mundo, aproxidamente 50% é produzido na Alemanha. Já o Brasil, que possui um potencial incomparavelmente superior, não domina a tecnologia nem estimula adequadamente o seu uso em grande escala. “O mesmo pode ser dito da energia eólica”, completou.

Outro assunto bastante discutido foi a cogeração a partir do bagaço de cana. José Goldemberg foi enfático nesta questão. “O aproveitamento energético da biomassa é a solução do futuro”, disse. E ainda lembrou que já existem linhas de crédito do BNDES voltadas exclusivamente para a substituição das caldeiras de baixa pressão por outras mais modernas e produtivas. Aproveitando o apelo por soluções racionais, baratas e abundantes, o professor José Sidney Martini sublinhou uma outra função do CEPE: a de ser um centro indutor de inovação. Como exemplo, citou a discussão atual sobre os royalties do petróleo: “Por que não receber parte do pagamento dos royalties em gás natural?”.

Por fim, o secretário de Energia e presidente do CEPE, José Aníbal, ressaltou a importância de um fórum de discussão e de indução de políticas públicas tão qualificado e variado como o que foi instalado na manhã de hoje. “Unir personalidades de notório saber, representantes do setor produtivo, representantes do governo e dos institutos de pesquisa dá uma boa química. Uns pedem mais foco, outros mais regulamentação, outros pedem mais abertura ao Governo Federal. A demanda sobre a área energética é enorme. Isso mostra como foi oportuna a recriação da Secretaria de Energia e a instalação do Conselho”, concluiu.

Matriz Energética 2035 também foi lançada

Também foi apresentada, durante a reunião de instalação do CEPE, a Matriz Energética do Estado de São Paulo 2005 – 2035. A Matriz é uma ampla e detalhada pesquisa de projeção de cenários energéticos e sócio-econômicos, cujo objetivo é orientar as futuras ações de governo e as políticas públicas tendo em vista o equilíbrio entre o ritmo do crescimento econômico, a eficiência energética e a redução de custos econômicos e ambientais.

Elaborado a partir da análise de dados consolidados e de simulações de desempenho em diversas atividades, o estudo toma por parâmetro para a construção de cenários futuros uma projeção de crescimento médio do PIB do estado da ordem de 3,5% ao ano. A partir deste índice, torna-se viável calcular aproximadamente as necessidades energéticas do estado em números absolutos, bem como por setor econômico e por fonte energética, possibilitando ao poder público uma maior acuidade no planejamento e nos investimentos requeridos.

Na análise global da composição da demanda energética do estado de São Paulo prevista pela Matriz 2035, a demanda de energia, em termos totais, sairá de 51 milhões tOE (2005) para 130 milhões tOE ao final da simulação (2035). A demanda de eletricidade crescerá em média 1,8% ao ano, enquanto a oferta média aumentará 1,3%. Isto significa que, caso sejam mantidas as perspectivas de crescimento em 3,5% ao ano, São Paulo terá que importar energia elétrica, mesmo com o aumento da oferta geral de energéticos.

Ainda segundo o estudo, o crescimento do setor de transporte na demanda geral por energia (de 33% em 2005, para 36% em 2035) deverá pressionar a participação do diesel na matriz energética (de 14,9% para 16,3%). Por outro lado, crescerá também a participação de fontes limpas, como o bagaço de cana (de 18,9% para 23,5%), o etanol (4,1% para 7%) e o gás natural (de 6,9% para 10,3%), reduzindo participação da eletricidade na matriz (de 19,9% para 13,9%). O consumo industrial deverá atingir quase a metade de todo o consumo de energéticos (48%). Já o residencial deverá cair pela metade (de 8% para 4%).

Da Secretaria de Energia