Empresários apostam em novos modelos de negócios

Encontro promovido pela Fiesp e entidades reúne gestores e empresários de 27 Estados

ter, 30/10/2007 - 10h59 | Do Portal do Governo

Micros e pequenos empresários do País

apostam num novo jeito de fazer negócio

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Micros e pequenas empresas de pelo menos 27 Estados brasileiros sobrevivem de maneira saudável, graças aos Arranjos Produtivos Locais (APLs), conceito caracterizado pela existência da aglomeração de um número significativo de empresas em torno de uma atividade. Resultados de trabalhos desenvolvidos em dez APLs do Estado de São Paulo foram apresentados segunda-feira, 22, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) durante o 2º Encontro de Arranjos Produtivos Locais, do qual participaram gestores, empresários, representantes do Sebrae-SP e nacional, Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Gerenciadas pela Fiesp, em parceria com o Sebrae e demais entidades, as APLs contemplam vários setores produtivos – aeroespacial, confecções de enxovais, bordados de cama, mesa e banho, móveis, cerâmica, calçados e indústria têxtil. A atuação da Fiesp nos Arranjos Produtivos  vem aumentando e hoje atende cerca de 212 empresas que geram 4,5 mil empregos. Esses números significam que a atividade pode atingir, indiretamente, 1,2 mil empresas e gerar 24 mil empregos.

No Encontro foi anunciado mais investimento em inovação, por meio de convênio firmado com o MDIC, segundo o qual 20 milhões de dólares serão aplicados no desenvolvimento das APLs. Desses, 10 milhões de dólares serão a contrapartida do Sebrae, e os outros 10 milhões estão sendo pleiteados pelo governo do Estado de São Paulo ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A Fiesp, por sua vez, dará apoio técnico e metodologia de trabalho, sob a responsabilidade do Departamento de Competitividade e Tecnologia.

Na abertura do evento, o vice-presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, lembrou aos empresários participantes das APLs que essa é uma excepcional oportunidade de se tornarem competitivos e de melhorar seus negócios com inovação tecnológica. “Este é o maior desafio dos empresários e peço a todos que o aceitem”. Segundo ele, o programa ampliou em 40% a competitividade e em 23% o faturamento das empresas.    

Experiências de sucesso –  Já o representante do governo estadual, Carlos Américo Pacheco, secretário-adjunto de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, disse que o termo Arranjo Produtivo é uma expressão inventada no Brasil para designar os aglomerados de empresas, mundialmente chamados de clusters. “E o melhor jeito de aprender é aprender com o outro”. Pacheco enfatizou a parceria do governo paulista no programa e colocou à disposição as escolas técnicas e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para colaborar no andamento do projeto.

Além do protocolo de cooperação técnica para o desenvolvimento de APLs no Estado, o evento contou com programação intensa, apresentando diversas palestras no correr do dia. Destaque para os balcões de financiamento para micros, pequenas e médias empresas da Finep, InMetro; serviços tecnológicos do Senai-SP; programas de financiamento do BNDES; programas de apoio às micros e pequenas empresas do Sebrae-SP, do Bradesco e da Caixa Econômica Federal. Os palestrantes discutiram temas como acesso a mercados e promoção comercial, capacitação em gestão, inovação e tecnologia.

O diretor-superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, aposta no sucesso do Arranjo Produtivo Local e nos frutos que o novo conceito pode gerar. Segundo ele, países europeus já trabalham com modelos parecidos há mais de 50 anos. “No Brasil, estamos na fase de adequação desse modelo de desenvolvimento, com experiências de sucesso. O fato concreto é que temos sociedades já organizadas no nosso Estado”. Tortorella conta que é nítida a diferença a favor daqueles que estão se organizando em arranjo produtivo. “Mirassol, Jaú, Americana e São José dos Campos são pólos bem-sucedidos”.  

Franco desenvolvimento – O empresário da indústria têxtil, Sérgio Menin, de Americana, acredita que o pólo vai dar um formato do que já existia historicamente em sua cidade. “Americana abriga 650 tecelagens, fiações e beneficiadoras de tecido, num total de 3 mil confecções. Apesar de ser um número pequeno em relação ao que havia, produz muito mais do que no passado, tudo porque temos conseguido capacitar, gerir e negociar melhor.

São 144 micros e pequenas empresas participando da APL, com um total de 8 mil pessoas. Dessas, 1,8 mil foram treinadas, obedecendo aos padrões do Sebrae. A tendência é multiplicar as ações”. Outra curiosidade, segundo Tortorella, é Birigüi, com a indústria de calçados. A cidade está em franco desenvolvimento, exportando a todo vapor, com o mesmo câmbio, a mesma taxa de juros. O pólo de Franca, por exemplo, ali pertinho, apresenta grande dificuldade. “Em Birigüi, o pólo funciona bem. Em Franca, os empresários agem individualmente e poderiam estar trabalhando de forma colegiada, como em Birigüi”. 

Da água para o vinho – Diferenças que a empresária Marisa Colnago, de Tietê, sentiu na pele e no bolso. Há 17 anos como proprietária da Essência Viva, de confecção infantil, viu sua empresa sofrer uma reviravolta depois que passou a integrar o Arranjo Produtivo. “Antes caminhávamos sozinhas, só pensando na concorrência. A primeira barreira vencida foi quando passamos de concorrentes a parceiros. Mudamos da água para o vinho. Nossa confecção melhorou, deixamos de ser ‘os caipiras do interior’, da fabricação dos vestidinhos de cabide’”.

Desde que passou a integrar o projeto, a Essência Viva tem participado de cursos de modelagem, de costura industrial, recursos humanos, de workshops e de feiras. “É uma troca enriquecedora, que tem nos permitido negociar bons espaços nas feiras, apresentar nosso produto fora do Brasil. Agora temos até um catálogo particular, coisa que nem sequer imaginávamos antes”. Marisa conta que Tietê e Cerquilho são cidades próximas, ambas do ramo de confecção. “São 267 confecções, dessas, 44 fazem parte do pólo. O objetivo é trazer todas as empresas para o pólo, incrementar os negócios, fazer compras conjuntas e rodadas de negócio”. 

Da Agência Imprensa Oficial

Maria das Graças Leocadio