Emergência da Cetesb chega aos 30 anos como referência na área

Na primeira quinzena deste mês, uma equipe da Cetesb realizou curso para 60 pessoas em Honduras

qua, 23/07/2008 - 14h23 | Do Portal do Governo

O Setor de Operações de Emergência da Cetesb completa 30 anos de atividade, período em que atuou em 7,4 mil acidentes com produto químico tóxico ou inflamável em São Paulo, outros Estados e até no Exterior. A maioria é causada por tombamento de caminhão com carga perigosa em rodovia, vazamento em curso d’água (mar ou rio) e em postos de combustível, problema em indústrias e descarte clandestino de lixo químico.

O trabalho da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) sempre é realizado em parceria com instituições públicas e privadas, como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Rodoviária, indústrias e população.

Edson Haddad, gerente da Divisão de Gerenciamento de Riscos da Cetesb, ressalta que no decorrer desses 30 anos o trabalho de sua equipe tornou-se referência na América Latina. A reputação é referendada por organismos internacionais como o Programa de Preparativos para Casos de Desastres da Organização Pan-americana de Saúde, a Opas, que congrega 22 países latino-americanos. “Nossos técnicos são convidados a participar de eventos, como palestra, feira e curso”.   

Na primeira quinzena deste mês, uma equipe da Cetesb realizou curso para 60 pessoas em Honduras, América Central, sob organização da Opas. Foram 40 horas de teoria e prática sobre métodos para se debelar acidentes com produto químico. 

Missões perigosas – Muitas missões foram perigosas. Haddad recorda com tristeza do maior acidente em que a equipe atuou até hoje: o incêndio de Vila Socó, em Cubatão, em fevereiro de 1984, por causa da infiltração de gasolina que escapou de um duto subterrâneo da Petrobras. Uma das maiores tragédias do Estado, com quase uma centena de mortos. Na época, Haddad era estagiário na companhia, mas recorda do drama dos funcionários que pouco puderam fazer para evitar a rápida propagação das chamas na imensa favela.

Outra ocorrência que marcou a equipe, lembra Haddad que já trabalhava em campo, foi o vazamento de GLP (gás de cozinha) de um gasoduto do município paulista de Barueri, próximo à Rodovia Castello Branco. “Deu muito trabalho, mas felizmente não houve vítimas”, recorda o gerente.

Foi em junho de 2001, numa sexta-feira, feriado de Corpus Chistis, quando uma obra de construção furou o cano de gás, a quatro metros abaixo do solo. “Uma nuvem branca tomou conta do lugar”, conta Haddad. A rodovia foi interditada, a Petrobras fechou as válvulas, a população foi retirada do local. “Valeu a pena tanto trabalho, pois em nenhum momento o gás pegou fogo, o que seria uma tragédia humana e ambiental”. Nada menos que 168 toneladas de GLP escaparam pelo buraco, igual ao volume de 13 mil botijões.

Apesar do perigo, houve poucos feridos na equipe nestas três décadas de combate a acidentes. O engenheiro Anderson Pioli cita apenas quatro acidentes, de média gravidade, com funcionários da Cetesb, por queima com ácidos e outros pequenos atropelos como arranhões, torções e sustos com animais peçonhentos.

Ao todo, a equipe da companhia de saneamento é composta por 23 pessoas, em tarefas internas e externas. São biólogos, químicos, engenheiros e outros de formação técnica. Quando não estão em campo, trabalham na sede da Cetesb, em Pinheiros, na capital, em funções rotineiras de análise de documentos sobre projetos de obras.

Antigo e novo – O técnico ambiental Ednaldo do Prado, o mais antigo, com 26 anos na equipe, conta que sua maior satisfação é evitar que ser humano e natureza sejam atingidos. “No passado, chegamos a ser criticados, mas hoje colhemos elogios em todo lugar. Tem gente que até se surpreende por desconhecer que a Cetesb prestava este tipo de trabalho”, observa.

A ocorrência que mais marcou Ednaldo foi o de Vila Socó. Até hoje, ele se lembra das pessoas chorando, gritando, correndo de um lado para outro, à procura de saídas daquele inferno de chamas que se formaram na favela.

O mais novo da turma é o engenheiro químico Alexandre Ferrante, há oito meses na empresa. “Fui muito bem acolhido e fiquei admirado com a estrutura técnica e profissional que encontrei”, ressalta. Alexandre atuou em quase 30 atendimentos na Cetesb, porém carrega experiência de mais de 300 na companhia onde trabalhava antes.    

Alô, perigo!

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) dispõe de dois números de telefones para recebimento de chamadas sobre acidentes (11-3133-4000 e 0800-113560). A maioria, principalmente da região metropolitana da capital, é atendida no Centro de Controle de Desastres e Emergência, na sede, onde seis pessoas se revezam 24 horas todos os dias. Uma delas é o operador Daril Aparecido Simões.

Ele conta que o mais comum é receber chamadas dos Bombeiros, Defesa Civil, polícias rodoviárias e concessionárias de estradas. A seguir vem a população. O maior problema enfrentado pelos operadores, informa Daril, é quando o assunto não envolve acidentes com produtos químicos. Uma vez, um reclamante foi até a empresa em Pinheiros para tirar satisfação com o atendente por causa de um assunto que nada tinha a ver com o setor. “São ossos do ofício”, diz.

Ladrão de carro e arroz cor-de-rosa

● Sempre que uma senhora da capital cozinhava arroz ficava cor-de-rosa. Os vizinhos achavam que era macumba. Técnicos da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) estiveram no local várias vezes até descobrirem que a causa era uma bactéria que existia na casa da mulher, por causa da falta de higiene. As paredes sujas estavam impregnadas de Serratia marcencis, que deixava daquela cor os alimentos ricos em amido, como o arroz, por exemplo.

● O engenheiro Anderson Pioli e companheiros foram chamados para verificar uma pequena explosão numa casa. Depois do trabalho, foram chamados à delegacia para explicar o acidente, mas no meio da conversa entra uma mulher reclamando de roubo de carro. Anderson interrompe a narração para o delegado ouvir a queixa da cidadã, que descreve o ladrão do seu veículo. Curiosamente, fisionomia, cor e roupa do larápio correspondiam a Anderson. Assim que o delegado olhou desconfiado para ele, o engenheiro da Cetesb justificou: “Não fui eu, doutor”. Ainda bem que o álibi dele era perfeito. No momento do roubo estava trabalhando no caso da explosão, junto com os companheiros.

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)