Em dois anos, Cratod duplicou número de atendimentos em SP

Cerca de 6 mil pessoas, viciadas em álcool, drogas e tabaco passaram pela instituição em 2007

ter, 18/12/2007 - 13h46 | Do Portal do Governo

“O acolhimento é muito bom e os tratamentos são precisos. Não existe nada aqui que não seja ótimo. Eles nos fornecem o barco e o remo. Nós aprendemos a remar e a assumir o comando desse barco”, diz Rogério T. R, de 42 anos. Paciente do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), localizado no bairro do Bom Retiro, capital, Rogério é viciado em álcool e drogas há 22 anos. Integra, com cerca de 6 mil pessoas,  a lista dos que procuraram a instituição, em 2007, em busca de tratamento para esses transtornos.

Localizada na região da cracolândia, a unidade, premiada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), chega a atender mais de 100 pessoas por dia. “Neste ano, não tivemos nenhum paciente encaminhado a um  hospital geral. Isso é motivo de orgulho para nós, principalmente se considerarmos o alto custo da internação”, comemora  Luizemir Lago, diretora do Cratod. 

Tratamento intensivo – A diretora tem motivos para comemorar. Dados recentes divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde, apontam que dobrou o número de homens submetidos a tratamento contra o alcoolismo no Estado de São Paulo, entre os anos de 2004 e 2006. Ao mesmo tempo, desapareceram os problemas causados pelo vício que levam os pacientes a serem internados em hospitais psiquiátricos e clínicas especializadas. Isso demonstra a eficiência do tratamento oferecido pela instituição.

De acordo com a pesquisa, o Cratod e os 43 Centros de Atendimento Psicossocial (Caps), espalhados pela capital e interior, atenderam cerca de 54 mil pacientes em 2004. No ano passado, o número saltou para 112 mil, ou seja, a procura pelo tratamento intensivo, oferecido por essas instituições, aumentou 107% em dois anos.

“Somos, no Brasil, o único centro de referência a dar capacitação aos profissionais do SUS que trabalham nos Caps espalhados pelo Estado. Temos parceria com universidades que nos ajudam a avaliar a qualidade de nossos serviços”, orgulha-se Luizemir.

A diretora ressalta que a maioria dos pacientes do Cratod é do sexo masculino, alcoólatras e viciados em drogas. Vivem no entorno da Sé, Lapa e Móoca e pertencem às camadas mais baixas da população. “São moradores de rua, de albergues, pessoas que residem em barracos ou em casas invadidas”, revela.

Luizemir explica que essas pessoas tiveram muitas perdas sociais e, por esse motivo, quando chegam à unidade, estão à margem da sociedade, sem trabalho e com baixa auto estima.

“Também atendemos adolescentes encaminhados pela Fundação Casa. Além disso, mantemos um programa destinado às pessoas que queiram deixar o vício do cigarro. A maioria delas tem um poder aquisitivo mais alto”, acrescenta.

Ela antecipa que, a partir do ano que vem, o Cratod passará a atender pessoas que sofrem de transtorno do jogo.

“Firmamos parceria com a Associação Nacional do Jogo Patológico e outros Transtornos de Impulso (Anjoti). Temos interesse em atender pacientes com esse tipo de compulsão. O SUS não trata o transtorno do jogo, entretanto sabemos que é grande o número de pessoas que tiveram perdas financeiras por sofrerem desse mal”, afirma. 

Caminho de volta – Para atender à população usuária de substâncias psicoativas, o Cratod mantém equipe multidisciplicinar formada por clínicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e nutricionistas – trabalhando de segunda a sexta-feira, das 7 às 18 horas.

“As pessoas nos procuram pelos mais variados motivos: para informações sobre vagas nos albergues da região; para pedir roupas e alimentos; pela perda de documentos, que ocorre com freqüência e, também, para auxiliá-las na reaproximação com os parentes”, enumera Regina Tuon, assistente de diretoria da área técnica do Cratod.

Ela conta que muitos chegam à instituição machucados: “Eles vivem caindo e isso é conseqüência do vício. Nesses casos, os encaminhamos ao setor de vacinação, onde são imunizados contra tétano e hepatite. Também fornecemos medicamentos”, informa.  

Marilia Mestriner

Da Agência Imprensa Oficial