A ordem é inovar todo dia

Feira de Inovação e Empreendedorismo realizada na USP Leste mostra como a universidade pode atuar ao lado da cadeia produtiva

ter, 04/09/2012 - 10h23 | Do Portal do Governo

Expor as inovações da pesquisa da USP para a sociedade, propiciar a troca de ideias, facilitar o contato entre as empresas e a universidade. São vários os motivos que levaram à realização da primeira Feira USP de Inovação e Empreendedorismo – USPiTec, no mês de agosto. “A USP está determinada a fazer com que a inovação seja uma atividade do dia a dia. O objetivo é envolver toda a cabeça pensante da universidade na inovação tecnológica”, anunciou Vanderlei Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação, promotora da Feira, que teve espaço na Escola de Ciências, Artes e Humanidades (Each), a USP Leste.

Segundo o Pró-Reitor de Pesquisa da USP, Marco Antônio Zago, o local foi estrategicamente escolhido, já que a unidade é a mais nova da universidade e o evento, uma oportunidade de valorizá-la. “A Feira é importante para prestar contas e expor para a sociedade o que é realizado na USP, que é de seu interesse”, afirmou. O pró-reitor destacou também que, além da formação de qualidade em nível superior, a USP tem como missão o desenvolvimento de ciência e tecnologia altamente qualificadas.

“Queremos que os espaços criados pelo crescimento do País, que têm sido muitas vezes ocupados por estrangeiros, sejam nossos”, concluiu. Para o diretor técnico do Sebrae-SP, Ricardo Tortorello, nunca se produziu tanto conhecimento especializado nas nossas universidades como agora, e, por outro lado, nunca se precisou tanto desse conhecimento. “Estamos num mundo globalizado e competitivo, precisamos inovar”.

Vitrine de conhecimento

Dirigida a estudantes, empresários e novos empreendedores, a Feira contou com 140 estandes, de todas as unidades da USP, nos quais era possível tomar conhecimento sobre pesquisas científicas feitas por alunos e professores. Além das exposições, a programação teve workshops e conferências, ministrados por especialistas do Brasil e do exterior.

Um dos destaques foi o workshop Tecendo a inovação, que discutiu temas ligados à inovação no setor têxtil e vestuário. A iniciativa foi complementada por um curso sobre nanotecnologia têxtil, ministrado por professores da Cornell University, de Nova York, e palestras de representantes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, de empresários do setor e de professores do curso de Têxtil e Moda da Each.

Prata da casa

Sede da Feira, a Each apresentou a sua incubadora social e tecnológica, a primeira do Sistema Paulista de Incubadoras do Estado com caráter social. Inaugurada neste ano, dá suporte a novas empresas de inovação, para que se desenvolvam até sobreviver sozinhas no mercado. A USP Leste também aproveitou o evento para expor seu potencial inovador e tecnológico. Em seus cursos de graduação e pós-graduação, são desenvolvidas variadas pesquisas na área, como a destinada à descoberta e ao planejamento de candidatos a novos fármacos para tratamento do câncer.

O projeto da professora Kathia Honório, iniciado em 2010, inova na área da química medicinal ao aplicar métodos computacionais para simular experiências de laboratório. “O uso desse recurso, que faz com que só seja levado de fato ao laboratório o que tem maior probabilidade de dar certo, é comum lá fora, mas inédito no Brasil”, explica.

Chamado “Inibição da Sinalização TGFBeta: planejamento de substâncias bioativas com potenciais aplicações para o tratamento de fibrose, arteriosclerose e câncer”, o estudo é direcionado à seleção de moléculas que possam inibir o mecanismo biológico do câncer e de outras doenças. Uma ideia, cujo valor foi reconhecido publicamente, com o recebimento do Prêmio para Mulheres na Ciência – L’Oréal, Unesco e Academia Brasileira de Ciências.

“Agora, a oportunidade de mostrá-la aqui pode nos render a parceria de alguma empresa”, torce a química, que atua também como orientadora de doutorado, mestrado e iniciação científica na pesquisa. Para o doutorando Vinícius Gonçalves, de 26 anos, a experiência virtual de desenvolvimento de fármacos é um caminho de futuro. “Hoje em dia a ciência é muito física, ainda. Mas considero que a tendência é essa”, avalia.

Kathia Honório também expôs na Feira a sua proposta para a área educacional, desenvolvida em parceria com a professora Míriam Sannomiya, do curso de licenciatura em ciências da natureza. Trata-se de um aplicativo web para o estudo e ensino da nanotecnologia, com jogos, vídeos e atividades que proporcionam conhecimento sobre o tema com uma linguagem acessível e lúdica. Míriam conta que a pesquisa teve origem na constatação de uma lacuna. “Percebemos que não havia nenhum tipo de ferramenta desse tipo no País”, revela. A iniciativa pretende facilitar o trabalho de professores do ensino médio.

O material produzido consumiu quatro anos de esforços e é fruto, inclusive, do empenho de alunos do curso de sistemas de informação. Entre eles estão Marco Antonio Ciraulo, de 21 anos, 2º ano da graduação, e Fábio Delgado, da mesma idade, que está no 4º ano e acompanha o processo desde o início. “Ingressei na iniciação científica na primeira semana de faculdade, o que me ajudou muito, pois ao longo do curso pude aplicar o conhecimento que adquiri”, diz.

Para Ciraulo, o trabalho de pesquisa também é considerado fundamental. “Ele me garante a experiência necessária para continuar na área e traz uma vivência multidisciplinar”, ressalta. A supersegmentação do lazer e do turismo, por meio do desenvolvimento de opções específicas para minorias, é o foco de pesquisa do professor Luiz Trigo, que já rendeu um capítulo específico sobre turismo no Brasil em um importante livro estrangeiro. “A editora Routledge é uma das mais importantes do mundo. E a publicação do nosso trabalho faz com que especialistas de outros países saibam o que se produz de conhecimento aqui”, comemora Trigo, coordenador do curso de Lazer e Turismo da Each. Oportunidades de divulgação, na sua opinião, encurtam o caminho para a inovação. “A Feira é um espaço para as pessoas conversarem diretamente com os pesquisadores e ter acesso às suas ideias”.

Da Agência Imprensa Oficial