Educação Física da PM completa um século mais próxima da sociedade

Criada em 1910, sob a direção do capitão francês Delphin Balancier, escola é pioneira no País e modelo para as demais

sex, 26/02/2010 - 12h00 | Do Portal do Governo

Há 15 anos, dona Floraneti Galvão cumpre a mesma rotina. Todos os dias vai à Escola de Educação Física da Polícia Militar (PM) do Estado de São Paulo (EEFPM) praticar natação, lian gong (ginástica chinesa) e ioga. Ela não pertence aos quadros da PM, é uma civil matriculada em cursos regulares abertos à população pela entidade. A unidade sempre esteve envolvida com programas sociais com a comunidade, incluindo pessoas com necessidades especiais e da terceira idade. “Aqui, aprendi a nadar aos 62 anos e minha qualidade de vida melhorou muito. Até meus netos admiram minha disposição. Sempre aconselho minhas amigas vir para cá”.

No próximo dia 8 de março, a instituição completa 100 anos de olho no futuro sem esquecer o passado que a transformou na primeira escola de Educação Física do País e modelo para as demais. “A EEFPM é o estabelecimento de ensino mais antigo da Polícia Militar paulista. Pelo modelo de instituição é designada como órgão de apoio de ensino responsável pela especialização de oficiais e praças, bem como desenvolvimento de estudos e pesquisas técnico-especializadas, estruturada para discutir e atualizar técnicas policiais,” explica o capitão Luiz Fernando Tavares Costacurta.

A escola também é voltada ao aprimoramento contínuo e atualmente se tornou centro de excelência na formação de oficiais instrutores e sargentos monitores em Educação Física. “O vestibular interno é muito concorrido. Os profissionais que prestam o concurso estão sempre bem preparados. Quase 80% deles treinam diariamente e estão em condições excepcionais para os testes que serão ministrados. Atualmente, 127 profissionais trabalham na unidade (professores formados em Educação Física de coronel a soldado), enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas”, informa o primeiro-tenente Celso Ricardo Souza.

Capacitação 

O segundo-sargento Carla Cristina Martins conseguiu passar pela bateria de testes e hoje é uma das monitoras da EEFPM. “Vim do Corpo de Bombeiros. Eu acompanhava o trabalho dessa escola e passei a admirá-la cada vez mais. Então, resolvi prestar os exames e agora estou trabalhando aqui”.

Na área pedagógica são realizados cursos de aprimoramento técnico-profissional, destacando-se o emprego de equipamentos e técnicas não letais de defesa pessoal, tiro defensivo, policiamento de trânsito, policiamento ambiental e segurança de autoridades. O subtenente Antenil Pereira Ramos, há 16 anos na instituição, é um dos monitores de artes marciais direcionada aos policiais militares. “Procuramos trabalhar com movimentos simples, de diversas modalidades de artes marciais, que o PM possa utilizar no seu dia a dia,” explica. Antenil é instrutor de krav magá, arte marcial desenvolvida pela polícia israelense e considerada uma das mais eficientes em termos de segurança.

O subtenente informa que os profissionais da Escola de Educação Física da PM estão sempre em constante reciclagem. “Hoje, o PM está mais preparado para enfrentar a criminalidade. Graças ao treinamento recebido aqui, um policial de Campinas conseguiu desarmar um bandido, prender outro e salvar várias vidas durante um assalto”, recorda Antenil. Por meio de treinamento volante, a instituição de ensino vai até as unidades operacionais de policiamento e capacita os militares. Até agora, 7 mil PMs de 50 unidades foram beneficiados.

Na área técnica, são realizados testes de aptidão física e exames físicos para concursos de admissão à Polícia Militar, Escolas de Esportes abertas à comunidade, avaliação da condição física, organização de competições desportivas na instituição, reabilitação físico-profissional, organização de congressos de atualização técnica, etc. A Escola de Educação Física oferece policlínica (extensão do Hospital da Polícia Militar) e setor de reabilitação aberto para policiais militares e alunos matriculados nos cursos que a unidade oferece.

Inserção social

Costacurta informa que, no atendimento à comunidade, a instituição possui inúmeros programas e eventos relacionados às diversas áreas desportivas, às crianças carentes, às pessoas com necessidades especiais, além de participar da tradicional prova de pedestre Sargento Gonzaguinha, realizada em dezembro – última seletiva para a Corrida Internacional de São Silvestre.

No caso dos programas sociais dirigidos às pessoas com necessidades especiais (PNE), participou de eventos como a instalação e funcionamento da Estação Especial da Lapa (centro destinado ao desenvolvimento e atendimento da pessoa com necessidades especiais); fomento ao esporte paraolímpico em suas instalações – futebol para cegos, basquetebol sobre cadeiras de rodas e atletismo para deficientes físicos. A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) desenvolveu com a EEFPM vários encontros, como o que aconteceu em outubro passado, que reuniu 300 jovens e adultos portadores de algum tipo de deficiência.

O Projeto Pegasus – Taekwondo Adaptado para Cadeirantes é uma iniciativa inédita no Brasil. Adaptado pelo primeiro-tenente Marcelo Vinicius, a modalidade era adequada até então para pessoas com problemas. A metodologia está sendo difundida para outros estados como Pará, Bahia e Rio de Janeiro. O objetivo é formar inicialmente os primeiros quatro participantes em São Paulo e posteriormente ampliar para mais usuários cadeirantes.

Mestres e professores de taekwondo da Venezuela, Colômbia, El Salvador, Aruba e Porto Rico entraram em contato com a Escola de Educação Física da Polícia Militar para conhecer a metodologia e introduzi-la em seus países.

O segundo objetivo é incluir os cadeirantes nas competições internacionais de taekwondo, mas nas categorias de competições de formas e não de lutas. A modalidade para-taekwondo já existe. O primeiro campeonato mundial foi realizado no Azerbaijão, no primeiro semestre do ano passado.

O primeiro exame de faixa para os cadeirantes contou com a presença de Chang Kyu Lee, presidente do Instituto Nam Ho Lee e um dos apoiadores do projeto na Coreia. A surpresa foi a introdução do kyopa (quebramento) para os cadeirantes, que mesmo sem treinar quebraram ao meio uma placa de madeira de 22 mm, a mesma usada para os exames de graduações acima do 4o GUB (faixa azul) dentro do Projeto Pegasus.

Velha Escola 

Em novembro, foi inaugurado o Espaço Memória Velha Escola. No local, os visitantes podem observar fotografias de diversos personagens e as mudanças ocorridas na instituição durante um século de atividades. “Esse espaço objetiva enriquecer a historiografia de nossa unidade e, ao mesmo tempo, servir de fonte de pesquisa para a atual e as gerações futuras sobre o resgate histórico de alguns pioneiros e desbravadores de nossa Velha Escola”, afirma o primeiro-tenente Celso Ricardo Souza. Localizado ao lado do auditório, dispõe de documentos, uniformes, publicações sobre a unidade, troféus, juramento do educador físico, além de inúmeras fotografias.

Da Agência Imprensa Oficial