Educação: Cursos do Paula Souza fazem a diferença para internos de Franco da Rocha

Aprendizado oferece aos adolescentes a oportunidade de inclusão social no mercado de trabalho

sex, 23/12/2005 - 14h43 | Do Portal do Governo

Aprendizado oferece aos adolescentes a oportunidade de inclusão social no mercado de trabalho

O dia 7 de novembro foi uma data especial no Complexo da Febem de Franco da Rocha. O clima era de ansiedade e expectativa entre funcionários, professores e internos. Nada que lembrassem rebeliões, tumultos, quebra-quebras e tentativas de fuga. A partir daquela data, a rotina de 208 jovens sofreu mudança radical. Projeto do Centro Paula Souza, instituição que administra as escolas técnicas no Estado de São Paulo em parceria com a Fundação Social do Bem-Estar do Menor (Febem), promoveu oportunidade aos adolescentes do Complexo Franco da Rocha de participarem de cursos profissionalizantes, com direito a certificados.

A Escola Técnica Estadual Vasco Antonio Venchiarutti (ETE VAV), de Jundiaí, ficou responsável pela gestão dos cursos e, também, cedeu quatro professores. São 22 turmas, que abrangem eletricidade residencial, pintura residencial, garçom, culinária de salgados e panificação. A duração é de 45 a 60 horas cada e as aulas ocorrem de segunda a sexta-feira. Cada curso é ministrado duas vezes por semana, com turmas nos períodos da manhã e da tarde. O curso finaliza no dia 31 de janeiro, data que será comemorada como a abertura de novas oportunidades para esses jovens, disse Egles Carlos de Almeida, diretor de divisão do Complexo Franco da Rocha.

O diretor da ETE VAV, professor Mauro Araújo Gut, explica que ao iniciar o trabalho a expectativa dos professores participantes era grande, “pois é uma ação diferenciada no cotidiano de cada um”. Segundo Edimílson Ricardo Brandão, engenheiro civil e professor de elétrica residencial, a criatividade foi essencial para despertar a curiosidade e canalizar a energia concentrada da garotada numa atividade produtiva. Brandão afirmou que a prática trará resultados positivos, igualmente, na vida profissional de cada um deles. “Os ensinamentos adquiridos serão levados para diversificar as suas aulas ministradas na Vasco Antonio Venchiarutti.

Participação da comunidade – Na opinião de Egles, a comunidade tem papel primordial para mudar a realidade desses adolescentes. Novos projetos que agreguem valor e oferecem subsídios à ressocialização dos internos sempre são bem-vindos. A forma mais transparente de demonstrar que “a Febem realmente funciona é mostrar as boas ações que ela desenvolve. Seja por meio dos projetos criados pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, seja através de parcerias com a iniciativa privada, que participa em atividades esportivas, como é o caso da escolinha de futebol de Pirituba, dirigida pelo ex-jogador Edu Bala,” declara Egles.

O diretor do Internato Franco da Rocha, Flávio Di Giacommo, explicou que o grande desafio de trabalhar com o jovem infrator é modificar o seu conceito de valores. Os profissionais da Febem devem ressaltar que há outra realidade além daquela que eles conhecem, longe do tráfico, da violência. “Que existem boas oportunidades e pessoas dispostas a ajudá-los a trilhar novo caminho que modifique realmente de uma vez as suas vidas”. Para Flávio, cursos como o da Paula Souza “podem realmente fazer a diferença”.Maria Lúcia Zanelli

Por dentro do Franco da Rocha

O Complexo Franco da Rocha, localizado no município da Grande São Paulo de mesmo nome, na região denominada Grande Norte, conta com quatro unidades de internação (UI-21 Jacarandá, UI-25 Rio Negro, UI-29 Tapajós, e Internato Franco da Rocha – artigo 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)). Atende jovens de ambos os sexos entre 12 e 18 anos. Em 2003, as unidades de internação UI-30 Paineiras e UI-31 Pau-Brasil foram desativadas pelo Estado.

Agência Imprensa Oficial