Dona Florinda tem 90 anos. Viúva desde os 74, ela foi testemunha ocular de todas as transformações do século XX. Passaram por ela o Estado Novo e a Ditadura, os hippies com seu visual largado e o surgimento da MPB. Da janela de sua casa, no jardim Tremembé, ela assistiu passeatas do movimento estudantil e comemorações pela conquista das eleições diretas. Segundo ela, viveu muitas alegrias e algumas tristezas. A pior delas? Não saber ler nem escrever.
Mas isso mudou. No início do ano, ela e mais 59 homens e mulheres com mais de 60 anos passaram a integrar o projeto de alfabetização para adultos da Secretaria de Estado da Saúde, desenvolvido no Centro de Referência do Idoso da Zona Norte.
Nesta sexta-feira, 14, Dona Florinda e mais 59 idosos vão viver outro episódio que marca para sempre suas vidas. Eles vão receber o diploma pela conclusão do curso. Em quase um século, essa é a primeira formatura da vida da dona de casa moradora da Zona Norte de São Paulo.
O projeto é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e da ONG Alfabetização Solidária.
Para chegar até aqui, eles frequentaram quatro horas diárias de aula, de segunda a quintas-feira. No segundo semestre, os idosos contaram também com aulas de informática. Parte de um projeto de inclusão digital, a ação contou com a participação da equipe do Acessa São Paulo, que mantém um posto no CRI.
Os formandos serão homenageados com a apresentação de um quarteto de cordas e com um cofee break. A cerimônia começa às 14 horas.
O Centro de Referência do Idoso fica na rua Voluntários da Pátria, 4301 – Santana.
Da Secretaria de Saúde
