Docente da Unesp desenvolve habilidades para apoiar sala de aula virtual

Professor mistura ferramenta online e canal na plataforma YouTube em atividades letivas na quarentena em São Paulo

seg, 06/04/2020 - 12h35 | Do Portal do Governo
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Ernée Kozyreff Filho, professor do campus de Itapeva da Unesp

Quando a Universidade Estadual Paulista (Unesp) decidiu suspender as aulas presenciais a partir do dia 17 de março deste ano, atendendo as diretrizes das autoridades sanitárias e do Governo do Estado sobre as medidas temporárias e emergenciais de prevenção de contágio da COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) em São Paulo, Ernée Kozyreff Filho, professor no curso de Engenharia de Produção em Itapeva, já estava pronto para manter as atividades de ensino pelo mundo virtual.

Por coincidência, o docente já estava familiarizado com as tecnologias digitais de apoio ao ensino e aprendizagem. Desde o segundo semestre de 2019, ele utiliza o Google Classroom na disciplina “Simulação de Processos”, ministrada no laboratório de informática do campus. De acordo com o professor, a experiência tem sido extremamente útil para o momento.

“A plataforma é simples e intuitiva, como na maioria das ferramentas do Google. Após todos os alunos serem cadastrados numa turma dentro do Classroom, é possível enviar atividades, recebê-las, postar comentários, trocar mensagens individuais com alunos e gerais com a turma, e finalmente dar nota em cada atividade. Os estudantes podem colocar documentos de texto, planilhas e apresentações, trabalhar em todas elas em grupos e compartilhá-las com alguns cliques. Tudo fica salvo automaticamente em uma pasta virtual e pode ser consultado ao longo do semestre e mesmo após o seu término”, relata.

Conteúdos

Ernée Kozyreff Filho ainda conta com outra habilidade virtual, que também por coincidência foi adquirida recentemente, e que tem colaborado para transmitir conteúdos aos alunos: a postagem de vídeos em um canal próprio do YouTube.

“O meu canal no YouTube é novo. Os primeiros vídeos foram produzidos no fim de 2019 e colocados no canal em fevereiro de 2020, pouco antes de a pandemia da COVID-19 ter sido declarada mundialmente. A intenção era realizar sala de aula invertida (flipped classroom): os alunos deveriam assistir aos vídeos em casa antes de ir para a aula presencial, e, na classe, resolver exercícios com a ajuda do professor”, afirma o docente.

“Neste semestre, cheguei a ter apenas um encontro presencial com os alunos, pois logo em seguida as aulas [presenciais] no campus foram suspensas. O fato de ter as aulas prontas em vídeo possibilitou que a disciplina ‘Pesquisa Operacional I’ pudesse ter continuidade, usando o Google Classroom como plataforma de comunicação e troca de material. Lá, eu coloco os links para os vídeos, as listas de exercícios e a tarefa que eles devem entregar semanalmente”, diz.

Até agora, após duas semanas, de 30 alunos, apenas dois não conseguiram entregar no prazo. “Essa experiência tem mostrado que a grande maioria dos alunos está engajada em estudar durante este período de isolamento”, destaca Ernée Kozyreff Filho.

Desafio

Aluna do terceiro ano de Engenharia de Produção, Letícia Novais diz que as aulas não presenciais são desafiadoras e exigem um diálogo, mesmo que virtual, constante entre estudantes e docentes para se chegar a um modelo mais adequado a todos.

“É um momento de adaptação aos novos métodos de ensino e aprendizagem que sejam acessíveis para todos os alunos e que eles tenham a mesma oportunidade de estudo. Por cursar engenharia e as disciplinas do curso serem em sua maioria de exatas, está sendo complicado a interação somente através de um celular ou computador. Mesmo assim, percebo que os professores que tenho contato têm se empenhado para superar essa barreira e estão sempre abertos a sugestões”, pontua a aluna.

Diante da experiência, o professor apoia o discurso da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Unesp em estimular as atividades não presenciais, deixando-as como opcionais aos docentes que conseguirem se adaptar ao novo momento de ensino. Ele ainda lança uma sugestão para que sejam criadas carreiras docentes especializadas em pesquisa ou em ensino, como uma forma de estimular quem se dedica às novas metodologias aplicadas mediante as tecnologias digitais de apoio ao ensino e aprendizagem.

Se as restrições causadas pela COVID-19, temporariamente, afastaram a comunidade acadêmica do ambiente físico, as ferramentas virtuais, por enquanto, representam uma alternativa para amenizar a situação.

“O período de pandemia e isolamento social é delicado, mudou totalmente a rotina das pessoas. Por isso, acredito que manter o vínculo, mesmo que virtual, com os colegas é fundamental, tanto por questão de interação social como também para discutirmos e aprendermos sobre os conteúdos que têm sido transmitidos a nós”, conclui Letícia Novais.