Diversidade no ambiente de trabalho é tema de evento em Piracicaba

Encontro reuniu especialistas e ocorreu na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo

seg, 20/08/2018 - 16h38 | Do Portal do Governo

Realizado na última quinta-feira (16) na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, o 2º Encontro Sobre Diversidade e Inclusão nas Organizações debateu diversos temas ligados ao ambiente de trabalho.

A palestras contaram com a audiência de estudantes, docentes, servidores técnicos e representantes da comunidade. “Desde o ano passado, aumentou a procura de alunos e empresas querendo participar enquanto apoiadores, indício de que essa temática é pertinente”, ressalta a professora e coordenadora do evento e do Grupo de Estudos de Carreira, Organizações e Pessoas (Gecop) da Esalq, Heliani Berlatto.

“Minha sala fica aqui no andar de cima deste pavilhão. Estou em todos os eventos do nosso departamento, mas em poucas oportunidades encontrei esse auditório tão lotado”, revela a chefe do departamento de Economia, Administração e Sociologia, professora Miriam Rumenos Piedade Bacchi.

“A cultura da inclusão é uma jornada de longo prazo na qual precisamos investir bastante em oportunidades para repensar nossos padrões e desenvolver compaixão para que possamos entender o outro sem julgá-lo e entendendo que há valor na diversidade”, avalia a gerente de diversidade e inclusão no United Health Group, Esabela Cruz. “Ainda vivemos em um mundo baseado em padrões e normas e o desafio é fazer as pessoas a repensarem os seus modelos”, acrescenta.

Conhecimento

Vale destacar que Esabela Cruz mediou uma das rodas de conversas que contou com a presença de representantes de empresas que praticam inclusão. Uma das participantes foi Michelle Effren, cadeirante que atua no banco JPMorgan. “O tema diversidade ainda é pouco falado e, se tivermos oportunidade de falar, temos chance de aprender a lidar com esse tema, pois ainda há pouco conhecimento. Falar para esse público possibilita que as pessoas me olhem enquanto cidadã, que trabalha e tem a possibilidade de ter suas escolhas, seu carro, sua casa, sua profissão”, enfatiza.

De acordo com a coordenadora do encontro, o comportamento adequado no trabalho deve começar na universidade, pois não há muitas ações nesse sentido dentro das disciplinas, por exemplo. “Os profissionais que estamos formando para o mercado de trabalho precisam saber que encontrarão a diversidade e que a inclusão integra o processo. É preciso respeitar as diferenças e sensibilizar as pessoas para esse olhar humano”, afirma a professora Heliani Berlatto.

Proprietária da cafeteria Bellatucci, Jéssica Pereira da Silva tem síndrome de Down e diz que escolheu atuar em um ramo com o qual se identifica. A empreendedora teve a ideia do negócio a partir de um curso que fez de gastronomia. “É um sonho ter um lugar para trabalhar. Devo muito à minha família e sou muito feliz em ter as pessoas do meu lado”. Vale destacar que Jessica foi eleita a melhor empreendedora com deficiência pelo Governo do Estado.

Uma das palestrantes do evento foi Laura Vizioli, jovem autista que começará a trabalhar em uma grande instituição financeira. Ela participou de vários processos seletivos, mas que não ofereceram condições de igualdade para os candidatos. Foi aí que a piracicabana descobriu a Specialisterne, empresa social que dá valor às características especiais das pessoas com autismo. “Cada pessoa com deficiência precisa ser tratada como única. Para falar com os autistas, por exemplo, é preciso ser direto, sem rodeios. E na Specialisterne isso é possível”, explica Laura Vizioli.

Formação

Durante o evento, Rute Rodrigues, tutora de formação da empresa sediada na Dinamarca, falou sobre o processo de inclusão de autistas a partir da formação recebida na Specialisterne. “Essas pessoas apresentam muitos talentos que até então ficavam escondidos. Precisamos valorizá-los e a nossa formação contempla habilidades sociais, além de conhecimento técnico em áreas de tecnologias da informação”, diz.

É importante frisar, ainda, que a organização das atividades contou com o envolvimento de estudantes que integram o Gecop. “É uma satisfação ver um tema como esse atrair tantas pessoas, que assumiram a proposta de refletir e olhar com atenção e cuidado o outro e entender que esse outro tem o seu espaço. O apoio das empresas legitima essa atitude. O que vivemos aqui foi um momento de coesão entre a prática e a teoria fazendo sentido, um dos propósitos da universidade”, finaliza a professora Heliani Berlatto.