O que fazer quando uma criança, ou mesmo adulto, ingere acidentalmente material de limpeza, remédios ou produtos como pilha e planta venenosa? A resposta está no Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox), pelo telefone 08000 148 110. Ali são prestadas todas as informações sobre os procedimentos para socorro imediato. O serviço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP recebe ligações de todo o Brasil 24 horas (todos os dias da semana).
“Em novembro, dezembro e janeiro, época de férias escolares, é o período do ano em que mais recebemos ligações. Acredito que nesses meses as pessoas manifestam mais depressão e abusam de substâncias tóxicas”, informa o toxicologista Anthony Wong, diretor do Ceatox.
Ele diz que tentativas de suicídios representam a segunda maior causa de ligações. Geralmente é o próprio médico do hospital que procura o serviço para saber como reverter o problema. A primeira causa de chamadas é ocasionada por acidentes, devido à ingestão de remédios, plantas, mistura de produtos de limpeza e outras situações. Em média, são 1,5 mil ligações por mês.
Laboratório
O Ceatox, ligado ao Instituto da Criança do HC, foi criado em 1991 para formar novos médicos em toxicologia clínica e prestar esclarecimentos à população. O centro dispõe de equipe especializada (estagiários concursados das áreas de medicina e farmácia com supervisão de profissional formado) que se baseia em banco de dados com o procedimento para os principais casos de atendimento. É afiliado a centros de pesquisa da Europa e dos Estados Unidos para troca de experiências e de conhecimentos.
Se a queixa do paciente não for solucionada, o profissional do Ceatox solicita coleta de urina para exame especializado no laboratório da própria instituição. “Esse procedimento é usado quando o socorrido não consegue se comunicar, não se lembra ou não quer falar o que consumiu acidentalmente”, informa o médico.
Sintomas adversos ocasionados pelo consumo de medicamentos são queixas frequentes de quem chama o Ceatox. Wong conta caso recente de ligação para ajudar criança de dois anos que apresentava convulsão sem febre e enrijecimento do corpo. “Os médicos do pronto-socorro achavam que o diagnóstico era meningite ou encefalite. Solicitamos exames de urina e detectamos no laboratório que a criança havia tomado remédio para esquizofrenia. Para solucionar o problema, recomendamos ingerir um antídoto para curar crise de Parkinson”, relembra.
Riscos à saúde
Outro caso diz respeito a uma mãe que tentou envenenar a filha, que ficou cega, perdeu apetite e os movimentos para andar. “Depois de mais de dois meses de tratamento no hospital, sem sucesso, o médico nos contatou e descobrimos pelo exame de urina que esses sintomas são efeitos adversos de um antiviral”, conta o médico Wong. A criança foi internada na UTI para vigilância com sequelas tão graves que não houve reversão do quadro. No entanto, Wong lembra que a ação do Ceatox foi importante, pois evitou a morte pela intoxicação ou piora dos sintomas.
Esses são alguns exemplos do perigo de tomar remédio sem orientação médica. “Quem se automedica inadequadamente com substâncias químicas, agrotóxicos ou mistura materiais de limpeza não sabe os riscos à saúde que podem provocar”, frisa o médico. Por exemplo: a mistura de produtos à base de amônia e de cloro leva à explosão, cegueira, queimaduras e até a morte.
Para evitar surpresas desagradáveis, o toxicologista recomenda guardar produtos de limpeza longe do alcance das crianças, usar remédios somente com absoluta necessidade e com orientação médica e não misturar produtos de limpeza.
SERVIÇO
Ao procurar o serviço do Ceatox, é imprescindível informar a idade do paciente, produto consumido ou usado, tempo de exposição e sintomas apresentados
Tel. 08000 148 110
Da Agência Imprensa Oficial
