Discurso do governador Cláudio Lembo durante anúncio da redução da gravidez na adolescência em SP

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ter, 08/08/2006 - 16h20 | Do Portal do Governo

Veja o discurso do governador Cláudio Lembo durante o anúncio da redução do número de gravidez na adolescência no Estado de São Paulo, em solenidade realizada nesta terça-feira, dia 8, no Hospital Maternidade Interlagos, na Capital:

“Minhas senhoras e meus senhores, é extremamente importante o que estamos falando nesta manhã, uma demonstração simples daquilo que se conquistou até agora, 30%  a menos de partos em adolescentes. A problemática da vida, da concepção da vida, é  extremamente amarga para o ser humano, pois desde o episódio de Adão e Eva sabemos que é um episódio bíblico e que já registra em expulsão do paraíso.

Essa expulsão nos custa um ônus muito grande. Porém, nós, seres humanos, sempre  vencemos a natureza. Vencemos a natureza cientificando rios, alterando montanhas, fazendo com que houvesse a possibilidade de se criar cidades e plantações e assim vamos sempre vencendo a natureza. Porém, o ser humano demorou muito para vencer sua própria natureza, seu próprio corpo. E isso temos de aprender aqui no Brasil. Ter a idéia de que o corpo não pode ser objeto de limitações, pode ser objeto de auto-definição por nós. E é isso que o Estado de São Paulo está fazendo. Se o projeto da Albertina Duarte Takiuti começou com os adolescentes e se nem sempre nós, adultos, temos essa visão positiva da possibilidade de vencer a natureza individual de cada um de nos é o que está aqui sendo examinado. 

Uma vitória, os 30%, ainda é pouco, mas vamos atingir números maiores. Vamos romper tabus, preconceitos, que foram muito profundos nas raízes culturais do Brasil. Esses preconceitos foram ingênuos, temos efetivamente que fazer da concepção objeto das limitações naturais do corpo humano. Não é justo, não é legítimo para a mulher ter 10, 12 filhos, como acontecia no passado e, às vezes, em certos segmentos, ainda hoje. Não é legítimo, a mulher não pode ser simplesmente objeto sexual, um objeto de consumo. E nós, homens, temos de parar de pensar que somos os bons. Temos de entender que temos, sim, responsabilidade. Uma grande responsabilidade. A responsabilidade de uma paternidade. Coisa nem sempre comum até há pouco, mas creio que aos poucos o Brasil vai se alterando, os costumes mudam, os valores vão se alterando. Nós temos sim que preservar a dignidade do corpo humano, a dignidade de cada um. E, com trabalhos como o da Albertina, atingiremos isso. Estou muito feliz, no momento em que todos nós sofremos dores aqui e ali, em função dos problemas sociais, a Albertina nos mostra que nós estamos vencendo aquilo que é fundamental para se vencer os grandes problemas, vencer o próprio corpo. Quando nós vencemos o próprio corpo, as próprias emoções, somos superiores, somos efetivamente racionais e não meros primatas. Aqui, está se aprendendo a ser racional, digno, corajoso, enfrentando preconceitos e enfrentando, acima de tudo, a nós mesmos, a cada um de nós, portanto, Albertina Duarte, Sandra Regina Zorzeto, parabéns.

E uma palavra final de agradecimento, também, a quem não está entre nós, eles me diziam com grande amor sobre a figura do Arrelia. O Arrelia que fez com que nós, os velhos, tivéssemos tardes de domingo puras, simpáticas, como já não existe mais nos meios de comunicação eletrônicos hoje no Brasil. Naquele tempo sorria-se da brincadeira de palhaço de circo. O bom palhaço que criava momentos de emoção. Vamos pensar em um documento que registre o nome desse homem (Arrelia), que construiu esse hospital, que, como espírita, construiu essa edificação e, portanto, como ser humano emotivo, cheio de alegria, fez alegria e permitiu que se implantasse um trabalho tão bonito como esse, que a Albertina e a Sandra agora continuam. E a Sandra, com essa pujança e vontade incrível, fez. Muito obrigado a vocês que nos dão exemplo de dignidade, que bom poder estar aqui nesta manhã ao lado de vocês, olhando o rosto de vocês, percebendo que aqui só existe gente que quer bem ao outro, e que, portanto, quer construir. Muito obrigado meus amigos”.