Os muros da USP, em muitos casos, impressionam. Se a Universidade é indubitavelmente a maior do Brasil e uma das melhores do mundo, carrega também a pecha de “elitista”, “restritiva”, como sendo uma instituição fechada para o mundo externo e que não dá o devido retorno à sociedade.
A Universidade nega esse rótulo com suas atividades de extensão – em seus vários campi, são inúmeros serviços, como cursos gratuitos, atendimentos médicos, prática de esportes, entre outros, que são destinados à comunidade. Mas às vezes falta uma ação direta, uma aproximação mais efetiva da USP com as instituições externas.
E é isso que os diretores das unidades da USP em Bauru têm feito. Desde o início do ano, representantes da Prefeitura do Campus Administrativo de Bauru (PCAB) e da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) têm agendado visitas em instituições da cidade a fim de divulgar mais o nome USP e aproximar as relações entre a Universidade e outros centros. Agora, a iniciativa ganha corpo com a criação de um fórum permanente das instituições de ensino superior da cidade, que deve começar a funcionar no segundo semestre.
Além de afirmar a postura de extensão da USP, o fórum terá como meta reunir propostas para debater alternativas para o desenvolvimento econômico da região de Bauru.
Instituição aberta
“Precisamos deixar claro que a USP é uma instituição aberta”, diz o prefeito do campus de Bauru, José Roberto de Magalhães Bastos. Ele acredita que a comunidade do município tem noção da importância da USP e conhece os serviços da Universidade, mas ainda assim é necessário um trabalho maior de aprofundamento nesse sentido. Para o prefeito, ampliar a visibilidade da USP em Bauru é uma das principais metas de sua gestão.
E uma das vias adotadas pela PCAB para fortalecer o nome USP foi a visita de quadros da Universidade às empresas de comunicação do local – jornais, revistas e emissoras de televisão. “Procuramos conversar com a mídia para dizer que a USP está aqui, está aberta e disposta para colaborar com o possível”, aponta o prefeito. Há também contatos com instâncias do poder público, em que é reafirmada a intenção da Universidade de aprimorar sua relação com a comunidade como um todo.
“Não queremos dinheiro”
Bauru é uma cidade com um grande contingente universitário. Lá estão sediados campi da Unesp e de outras seis instituições particulares. A presença dessas instituições abre portas para conversações e intercâmbios da USP com essas universidades, e a detecção de problemas comuns é uma das metas dos encontros promovidos pela USP. Por isso as universidades são também um dos principais “alvos” das visitas uspianas.
“A primeira coisa que fazemos nesses encontros é dizer: ‘não queremos dinheiro’”, brinca o diretor da FOB, Luiz Fernando Pegoraro. Ele ressalta ser fundamental que os responsáveis pela USP em Bauru estejam em sintonia com os dirigentes das universidades locais. O prefeito Bastos concorda: “precisamos dizer que somos iguais, que temos necessidades em comum. O trabalho forte com as universidades co-irmãs é imprescindível”, aponta. Bastos afirma ainda que a presença da USP nas outras universidades “tem sido muito bem-vinda”.
Uma das formas mais tangíveis da relação da USP e das outras instituições locais se dá por meio de estágios. No geral, os cursos oferecidos pelas universidades não coincidem – por exemplo, os cursos da graduação da FOB, fonoaudiologia e odontologia, não estão na grade da Unesp de Bauru, e vice-versa.
Há a necessidade, em muitos casos, de estagiários de cursos não oferecidos pela FOB. “Nós não temos aqui cursos de computação e jornalismo, por exemplo, e essas especialidades são fundamentais para o funcionamento da unidade”, diz Luiz Fernando Pegoraro.
Olavo Soares / USP Online