A Fundação Casa realizou ontem à tarde, no Ginásio Baby Barioni, capital, o seu 3º Campeonato Estadual de Skate. O torneio teve a participação de 39 jovens de sete unidades da instituição. Dez adolescentes receberam premiações. O primeiro colocado pertence ao Internato Franco da Rocha. O segundo e terceiro à Unidade de Internação (UI) Rio Dourado (de Lins) e ao Internato Fazenda do Carmo (capital), respectivamente.
O campeonato está vinculado ao projeto Skate na Casa, que oferece aulas dessa atividade esportiva para os internos como uma ferramenta de ressocialização. A proposta é, por meio do esporte, passar aos jovens valores de cidadania. Busca também despertar o interesse pelos estudos, relacionando situações vivenciadas na modalidade (como ângulos, executados em determinados saltos) com tópicos escolares.
“Junto com o futebol, o projeto Skate na Casa é um dos principais sucessos entre os adolescentes”, observa Berenice Giannella, presidente da Fundação Casa. “O skate é uma modalidade que tem muito a ver com o universo jovem, com o estilo de vida dos adolescentes. O diferencial do projeto é que, nele, os jovens aprendem que a disciplina e a concentração servem não apenas para superar obstáculos nas pistas, mas na vida”.
O campeonato tem o apoio da Chilli Beans que, desde 2005, fornece toda a estrutura (inclusive os prêmios) para a realização do evento. O melhor colocado no torneio receberá da marca, quando deixar a Fundação, ajuda de custo e vaga na equipe de instrutores do projeto Clube Escola da Vila Madalena – Desafio Oeste. A tarefa do adolescente será ministrar aulas de skate em praças públicas da região.
O primeiro colocado no campeonato diz que pretende batalhar, cada vez mais, para atingir um objetivo, que é andar de skate com profissionais. Para ele, esse esporte é tudo. “Quando estava nervoso, pensando em fazer coisas ruins (como traficar), ia andar de skate”, revela.
Outro jovem vencedor, da unidade de Lins, afirma que mudou seu jeito de pensar e agir, depois de iniciar a prática do esporte. “Antes, pensava em voltar para o crime e, agora, acho melhor me dedicar ao skate”.
Os skatistas profissionais Marcelo Formiguinha, Gian Nacarato e Eduardo Anjinho, integrantes da equipe de Skate BS Crew, avaliaram os adolescentes, que foram escolhidos para o torneio por terem boa conduta nas unidades.
Desafio é conseguir oportunidades para os jovens
Mais de mil jovens da Fundação Casa tiveram contato com o skate desde que começaram as aulas dessa modalidade na instituição, em 2000. O cálculo é de Sandro Soares, idealizador do projeto Skate na Casa e atual professor dessa prática na Fundação. Hoje, cerca de 150 jovens participam de suas aulas na instituição.
Soares conta que, em aula, os adolescentes são bastante disciplinados. “A maior dificuldade que percebo não está nos jovens, mas em conseguir oportunidades para eles, quando saem da instituição. Precisaria de mais parcerias”, observa. Dois ex-alunos, por exemplo, recebem ajuda da Chilli Beans, incluindo curso de informática.
Criado para mostrar que o skate pode ser mais uma ferramenta de ressocialização dos internos da Fundação, o campeonato – avalia Soares – está dando certo. “Hoje, sou procurado por muitas marcas interessadas em apoiar o projeto. Isso, porém não é suficiente. Preciso de emprego e cursos para esses garotos”, reivindica o professor.
Paulo Henrique Andrade
Da Agência Imprensa Oficial
(J.H.)
