Descubra a origem da sua família no Memorial do Imigrante

Foram microfilmados documentos de passageiros de mais de 70 nacionalidades, que desembarcaram no Brasil entre os séculos 19 e 20

qui, 06/05/2010 - 19h00 | Do Portal do Governo

Maurício Palazzuoli está feliz. Finalmente viu a pesquisa sobre sua origem italiana avançar e ganhar fôlego, graças às frequentes idas ao Memorial do Imigrante. Principalmente agora que a instituição realizou a microfilmagem das Listas de Desembarque de passageiros de mais de 70 nacionalidades que chegaram ao Brasil entre os séculos 19 e 20, período que mais o interessa. Esses documentos eram preenchidos no Porto de Santos ou produzidos pelas companhias de navegação, durante o desembarque e levados à antiga sede da Hospedaria. A documentação já pode ser consultada no local.

Maurício comemora porque no momento tem mais pistas a seguir. Aos 40 anos, pesquisa a história da família desde a adolescência. Começou na Igreja dos Mórmons, que abriga grande acervo de microfilmes do mundo todo, entre eles alguns registros da Hospedaria, nome antigo do Memorial. “Infelizmente não encontrei meus antepassados nesses registros e parei a pesquisa por vários anos, devido à falta de informações a respeito da família do meu avô paterno”. Ele explica que desconhecia a data de chegada do avô/bisavô, com exceção do avô que provavelmente tenha nascido em 1909, na Itália. Iniciou a busca nos registros de desembarque a partir do final de 1911 e descobriu que o bisavô desembarcou, em 25 de outubro de 1912, com 30 anos de idade, casado, mas chegou sozinho. “No momento estou procurando a esposa dele e meu avô, que desconfio terem chegado em 1913, pois já esgotei a pesquisa de 1912 e 1914, faltam apenas alguns meses de 1912 e o ano de 1913, que ainda não foram microfilmados. O estado de conservação da documentação não permite o manuseio”.

Acervo

O Memorial do Imigrante tem cerca de 120 mil unidades documentais de listas de passageiros, e desse total 80% em microfilme. Segundo a historiadora responsável pelo arquivo, Débora Cristina dos Santos, as listas correspondem aos anos de 1888 a 1978. A última etapa da ação que contemplou a microfilmagem de 41 mil documentos começou em junho de 2009 e foi realizada nas dependências do Memorial. “Firmamos convênio com uma empresa responsável pelo trabalho e disponibilizamos espaço apropriado”.

Débora explica que faltam microfilmar algumas listas que estão em estado de conservação insatisfatório. São as referentes aos anos de 1913, 1925, 1926 e 1927, que serão restauradas. Documentos de 1913, os quais Maurício se refere, podem ser solicitados ao técnico responsável pelo arquivo, informa a diretora.

Para dar continuidade ao trabalho, o Memorial assinou recentemente termo de cooperação com o Centro Internazionale Di Studi Sull Emigrazione Italiana (Cisei), com sede em Piazza Della, na Itália. A ação objetiva criar banco de dados por meio da digitalização dos microfilmes existentes no acervo do Memorial. Caberá ao Centro buscar as informações em listas de desembarques de passageiros italianos que partiram do Porto de Gênova para o Brasil entre 1888 e 1912.

Além de importantes acervos históricos como os Livros de Registros, premiado com o Diploma do Registro Nacional, do Programa Memória do Mundo da Unesco, que contemplam documentos ou acervos de relevância para a memória coletiva, vale destacar o acervo. Dispõe de 150 livros microfilmados de 1882 a 1962, compostos por informações como a data de chegada, nome do imigrante, sobrenome, país de origem, parentesco e nome do navio aportado no Brasil. Alguns possuem também o nome da fazenda de destino. As informações estão disponíveis ao público nos terminais multimídia e no site do Memorial do Imigrante.

Conservação e restauro

No espaço destinado ao restauro dos documentos, a história passa pelas mãos de especialistas todos os dias, comenta a restauradora Patrícia Pamplona. As listas chegam amassadas, amareladas, danificadas com fitas adesivas, grampos, ponteiras. Mãos à obra, como numa intervenção cirúrgica, os três técnicos se revezam na remoção do pó, retirado dos pequenos objetos, remoção da ferrugem e na higienização. “Cada documento permite um tipo de trabalho diferente, dependendo do estado do papel”, diz Patrícia que, a exemplo de Maurício já fez consulta ao passado de sua família. “Trata-se de um trabalho contagiante”. No ano passado, segundo ela, “isso aqui virou uma academia de ginástica, quando vieram estagiários de História para conhecer nosso trabalho e acabaram ficando por dois meses nos ajudando na tarefa de recuperar a história”. Outra funcionária, da Catalogação, Joane Camargo Olivare, em dia com a pesquisa sobre a origem do sobrenome, explica que a documentação, depois de restaurada, passa para o microfilme. “Não só protegemos o papel como também oferecemos outra forma de pesquisa”.

Maurício, mais uma vez, comemora. Além de pesquisador incansável, o acaso o ajudou a encontrar até o que não estava procurando: o registro de desembarque da bisavó materna, que chegou ao País sozinha, solteira, com 22 anos de idade. O próximo passo é requerer a cidadania italiana, após conseguir todos os documentos necessários, pois o processo é complicado e demorado. “Para mim, significa muito poder viajar e conhecer os locais de origem de minha família, no caso, a região de Luca”.

 Serviço

Listas de Desembarque para consultas: Das 10 às 16h30, sala de arquivos
Agendamento pelo telefone 2692-1866
Imigrante ou descendente poderá solicitar a emissão da Certidão de Desembarque. O serviço de utilidade pública expede documento oficial no valor de R$ 20, aceito nos países europeus e no Japão, para a concessão de dupla cidadania, sucessões hereditárias e diversas demandas judiciais
Memorial do Imigrante – Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 – Mooca (perto do Metrô Bresser)

 Da Agência Imprensa Oficial