Dersa publica edital para o túnel Santos-Guarujá

Modelo de licitação vai incorporar tecnologia inédita à indústria nacional; obras deverão estar concluídas em quatro anos

sex, 06/01/2012 - 18h00 | Do Portal do Governo

A Dersa publicou edital de licitação nacional para as empresas interessadas em participar do projeto executivo para a construção do túnel imerso que ligará as cidades de Santos e Guarujá. O serviço a ser contratado compreende apoio à elaboração do EIA-Rima e ao licenciamento ambiental do empreendimento; consolidação da alternativa selecionada; projeto de engenharia do túnel e de todo o complexo viário; preparação dos elementos para licitação das obras (ou PPP – Parceria Público-­Privada); e detalhamento executivo das obras de engenharia. O prazo para a execução dos serviços será de 18 meses, a partir da emissão da nota de serviço, o que deve ocorrer no 1º semestre de 2013, enquanto a conclusão da obra está prevista para 2016, a um custo estimado em R$ 1,3 bilhão.

“O que difere esse edital dos demais é que ele permite a entrada de empresas que ainda não dominam a técnica do túnel imerso, pois ela é inédita no Brasil, mas permitirá que elas participem assistidas por consultores externos com comprovada experiência no método”, explica Laurence Casagrande Lourenço, diretor­-presidente da Dersa. “Como as empresas contratadas serão brasileiras, ao final do projeto elas estarão certificadas na nova técnica”, complementou.

As projetistas poderão participar em consórcios de até três empresas, com participação mínima de 30% para cada sócio. “Incluímos essa regra para que o primeiro certificado brasileiro de capacitação técnica em projeto de túnel imerso possa ser compartilhado”, acrescentou.

Incorporando tecnologia

Desde a década de 1970, a Dersa desenvolve e aplica novas tecnologias com o objetivo de propiciar o desenvolvimento da engenharia nacional. Na área de túneis, a empresa foi responsável pela introdução do método NATM (New Austrian Tunelling Method), usado pela primeira vez na Rodovia dos Imigrantes (1972-1976). Agora, com o túnel imerso, a empresa reafirma seu compromisso com a inovação, mantendo-se na vanguarda nacional da engenharia de infraestrutura de transportes.

Para participar da licitação, cada consórcio terá a obrigatoriedade de apresentar três consultores externos: um experimentado em tecnologia de concreto, um em projeto de túnel imerso e outro em navegabilidade.

O túnel imerso que ligará Santos a Guarujá será em concreto armado com profundidade mínima de 21 metros, 900 metros de extensão, com três faixas de rolagem por sentido. E com espaço exclusivo para pedestres e ciclistas. A passagem de veículos comportará automóveis, caminhões e até uma linha de VLT (veículo leve sobre trilhos). As obras serão iniciadas no primeiro semestre de 2013 e a conclusão está prevista para o primeiro semestre de 2016, devendo exigir recursos de R$ 1,3 bilhão.

Por que um túnel imerso?

A decisão de implantar um túnel imerso, ligando Santos a Guarujá, foi tomada pelo Governo do Estado de São Paulo, depois de estudo técnico da Dersa, realizado entre fevereiro e agosto de 2011. Batizado de Projeto Prestes Maia, o estudo avaliou as características das demandas locais e regionais de tráfego, bem como alternativas construtivas para a transposição e respectivas relações de custos.

Chegou-se à conclusão de que os túneis imersos constituem a melhor alternativa para a transposição seca de canais navegáveis, pois evitam as limitações de altura que surgem sempre que se opta pela construção de uma ponte. As principais vantagens dos túneis imersos sobre os túneis tradicionais (escavados) estão no custo de implantação (mais baixo) e na diminuição da extensão, profundidade e rampas de acesso. Estes túneis são semelhantes a grandes tubos apoiados sobre o fundo do canal. São compostos por várias ‘peças’ (perfis de concreto ou de aço), construídas fora da água (em uma doca seca) e que, depois de prontas, são seladas e rebocadas flutuando até seu local definitivo, onde são finalmente afundadas.

Embaixo da água, os perfis são conectados um a um e, depois, travados, de forma a garantir sua estanqueidade. Depois da ligação de todos os segmentos, o túnel é esgotado e a obra finalizada, com a liberação para o tráfego. A primeira obra desse tipo foi construída em 1910, para permitir a passagem da Ferrovia Central de Michigan (Michigan Central Railroad) sob o Rio Detroit, nos Estados Unidos. Embora ainda inéditos no Brasil, já estão catalogados mais de 150 túneis imersos atualmente em operação pelo mundo.

Da Agência Imprensa Oficial e da Dersa